Pela oportunidade

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Tomamos um café super saudável. Repleto de frutas, iogurte e cereais. David não me deixou cozinhar, e eu queria ter feito ovos mexidos para ele. Sabia que estava acostumado pela sua estadia na Inglaterra, mas ele não deixou. Por isso as frutas e coisas rápidas. Que não precisavam ser cozinhadas, apenas cortadas.
David: -Que tal um mergulho na piscina? -ele disse enquanto lavava a louça. Nem isso tinha me deixado fazer. Respirei fundo e dei de ombros de leve. O chão ao lado de David estava repleto de água, nem eu conseguia entender como ele havia feito isso, e estava pensando apenas em quem limparia aquela bagunça.
Marcela: -Acho que pode ser. -eu me balançava no banco igual criança. David espirrou água em mim com as mãos, e deu uma risada. Me fingi de brava, mas logo ri com ele.
Ele terminou de lavar as coisas e deixou no escorredor. Veio até mim, me abraçando por trás. Eu fechei os meus olhos, tentando me concentrar apenas na respiração dele. Mas algo me impediu: meu celular. Corri para pegar ele, enquanto David reclamava.
Marcela: -Oi. Pronto! Alô?
Bruna: -Caralho, cadê você? O hospital ligou, parece que sua mãe deu entrada com a Clara lá... -Bruna estava sussurrando. Quando ouvi aquelas palavras desliguei na hora. Joguei o celular e comecei a correr atrás das minhas coisas. Achei meu vestido e fui em direção ao quarto, com David me seguindo. Eu entrei e ele ficou para fora.
David: -O que está acontecendo? Quem era? -ele perguntou três vezes até eu sair já com o vestido do quarto. Fui para sala atrás dos saltos.
Marcela: -Era a Bruna. Minha irmã está no hospital. Ela tem hipoglicemia, minha mãe deve ter dormido demais, era pra mim estar lá David!
Eu comecei a chorar. A Clara era a pessoa mais importante da minha vida. David me abraçou e disse que iria comigo, não ia me deixar sair daquele estado. Não estava em condição de opinar, então só esperei ele se trocar e saímos.
(...)
Entrei correndo no hospital, indo direto na recepcionista
Marcela: -Clara! O nome é Clara Beatrice de Oliveira! - eu quase gritei esperando ela me dizer o número do quarto.
Xxx: -Não há registro em nome dessa pessoa, desculpa senhora. -Eu só queria voar nela. Respirei fundo, sabia que meu olhar para David era de desespero, e talvez por isso ele tentou se aproximar, mas o afastei.
Marcela: -Lorena Antonia Becker! Tem alguém com esse nome aqui?
A recepcionista me deu o número do quarto e eu fui em direção à ele, com o David. Ele segurava minha mão, e eu abraçava seu braço com força. Foi David quem abriu a porta, e eu entrei atrás dele.
Minha mãe estava deitada na cama e Clara ao lado dela. Pareciam dormir, mas foi eu fechar a porta e Clara sentou na cama. Eu sorri e comecei a chorar. Fui até ela, a abraçando com força.
Marcela: -Oi amorzinho, você ta bem? - Clara tinha dez anos, mas continuava sendo minha criancinha.
Clara: -É a mamãe. -ela sorriu olhando pro David. Colocou a mão na boca e com a outra acenou pra ele - Oi amigo bonito da Mah! -Eu a soltei do abraço, é Clara desceu no chão, indo até David. Os dois se abraçaram e foram se sentar, lado-a-lado no sofá. Eu poderia rir daquela cena, se minha mãe não estivesse naquela cama. David sorriu de lado e apontou para fora, eu assenti e ele saiu com Clara.
Marcela: -O que você fez? Sabe que tem que cuidar dela! Não pode ficar sonhando, pensando que ele vai voltar. Ela precisa de você! -esqueci de contar. Quando entrei em coma meus pais se separaram. Clara é fruto de um caso de uma noite da minha mãe com um cara qualquer. E minha mãe sonha até hoje em ver meu pai, Rodrigo, voltar.
Lorena: -Desculpa filha, desculpa... - ela estava com o pulso enfaichado, eu não suportava aquilo. Desde a separação eu parecia ser mãe dela e ela uma adolescente em crise. Já não era a primeira tentativa de suicídio.
(...)
Conversamos por um tempo até que ela dormiu por causa da medicação. Sai do quarto e abracei David, que estava com Clara adormecida no colo.
David: -Ela gosta de mim. -eu sorri e começamos a andar em direção à saída. Tinha um certo tumulto, por isso saímos pelos fundos. Entramos no carro e quando percebi já tinha entregado todo o jogo.
Marcela: -Eu te amo David. Eu te amo, e isso é uma droga. Mas te amo...
Ele me encarou e eu abaixei a cabeça.
David: -Eu não sei o que dizer Marcela. Eu... Desculpa! -ele sussurrou aquelas palavras e no meio da tempestade o mundo pareceu aos poucos desabar. Okay eu o conhecia a poucos dias, mas era inevitável dizer aquilo. Apenas sorri e encarei Clara no banco traseiro.
Marcela: -Não precisa me dizer nada. Só... Me leva embora?
Eu queria puxar ele pra mim. Queria o beijar. Queria pertencer para aquele homem como nunca pertencia à ninguém. Mas a única coisa que eu fiz foi colocar o cinto de segurança. Ele respirou fundo e fez o mesmo, arrancando com o carro.

You make me glowOnde histórias criam vida. Descubra agora