O Sexto Sentido

CAPÍTULO 7: O Sexto Sentido.

- Bom turma, todos nós sabemos que o meio interno e o externo proporcionam uma grande variedade de sensações, que são percebidas graças ao nosso sistema nervoso e aos nossos órgãos dos sentidos. Esses órgãos captam informações do meio para que elas sejam levadas até o sistema nervoso central, onde ocorrerá a produção de respostas, que poderão ser voluntárias ou involuntárias.

Tento conter o nervosismo em minha fala. Coloco as mãos para trás, não quero que alguém veja que estão tremendo. Respiro fundo enquanto passo a imagem. Vamos lá Lia, você consegue, você estudou.

- Então, cada órgão do sentido está adaptado para responder a um determinado estímulo e possui receptores sensoriais capazes de transformar esses estímulos em impulsos nervosos. Vocês já conhecem de có cada um deles. Mas agora deixe-me apresentar para vocês um dado científico de 1970, data da primeira vez que a ciência falou sobre um Sexto Sentido. Algo que a priori, era impossível ao ser humano.

Thomas está me olhando, com os olhos arregalados por baixo do óculos, a sala inteira está surpresa. O professor engole seco.

- O cérebro humano, meus caros, é muito mais que um comandante, muito mais que uma máquina. O cérebro é a chave para toda e qualquer conexão humana existente.

- Tudo começou com uma simples pesquisa da professora de biologia Marta Youti, que lecionava na escola primária onde passou a notar um comportamento estranho com um dos alunos. Vários exames foram feitos, nada aparecia. Eles não tinham leitores cerebrais como hoje. O que eles não sabiam era que aquele garotinho de 10 anos chamado Jacob tinha um dos 5 sentidos dominantes.

- Ele conseguia enxergar em distâncias impossíveis para crianças e até adultos. Por anos, Jacob foi uma incógnita.
Até a segunda peça do quebra cabeça aparecer : Elizabeth.

- Ela morava a 50km de Jacob e apresentava outra coisa muito bem desenvolvida : a audição. Elizabeth ouvia ruídos, sons, vozes, incapazes de serem ouvidos por seres humanos comuns. Um tempo depois os pesquisadores do caso Jacob descobriram ela e levaram-na para fazerem o mesmo experimento que fizeram com ele. Eles foram torturados com ondas elétricas, com injeções por anos. Aí, a ciência resolve dar um passo ainda maior. A professora Marta foi promovida como pesquisadora chefe do caso das " crianças sentido", era assim que os chamavam. Depois que as crianças cresceram eles obrigaram eles a cruzarem para avaliar se o descendente nasceria com a mesma capacidade sensitiva de um deles. Não obtiveram sucesso de primeira, os dois filhos de Elizabeth e Jacob nasceram normais, ao que tudo indica. Mas nos netos, o padrão se manifestou, nos bisnetos ficou mais forte, e o tataraneto foi o primeiro diagnosticado como o caso único, raro, uma aberração ou uma estrela? O último homem dessa geração tinha o Sexto Sentido.

A sala toda esta chocada, as imagens, as palavras, os dados, as reportagens no jornal.

- A pesquisadora e bióloga tentou abafar o caso pra não chamar muita atenção para o que eles haviam feito, mas acabou que a informação vazou, todos ficaram sabendo que havia alguém no mundo, talvez o único, que possuía o Sexto Sentido. Eles precisaram se pronunciar, disseram que não tinham certeza do que era, mas que era algo incomum, jamais visto. Um tempo depois esse homem morreu, de úlcera. Nunca mais ninguém falou sobre isso, foi esquecido, apagado da memória das pessoas por outras descobertas científicas. A ciência está mentindo para nós!
- Já chega é demais pra mim - Bewris levanta interrompendo a apresentação.
- Eu ainda não acabei professor!- Reclamo.
- Seu tempo acabou, pare com isso imediatamente!
- O senhor disse que o tema era livre.
- Eu avisei que era para falar sobre algo relevante não sobre baboseira científica, não vou tolerar mais que você apresente esse conteúdo irrelevante que fere a moral de alguns alunos na minha aula! Sai daqui agora !

Estou chocada. Arrumo minhas coisas e saio da sala.