Capítulo 18 - Proteger

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Levi's pov [ON]

É raro uma pessoa como eu ganhar presentes ou mesmo um olhar descontraído e palavras doces.
Uma das poucas pessoas que me trata assim é Hange. Ela às vezes até exagera e acaba me irritando.
Outras pessoas sempre me olham temerosos sobre como se aproximar e acabam colocando uma barreira entre nós. De forma que só é possível se comunicar com palavras, pois qualquer gesto ou olhar não seria visto.

Eu estou acostumado com isso.

Ser tratado apenas como um capitão ou como o soldado mais forte da humanidade.
Alguém que não busca amigos ou conversa fiada.

Então me surpreendi quando Elena me ofereceu caramelos.
De primeira, eu não sabia como reagir.
Senti meu coração se aquecer com um simples gesto.

Isso me fez sentir um desconforto.

Não estou acostumado a sentir coisas assim.

Meu coração e sentimentos sempre estiveram como estão.
Bem guardados e escondidos no fundo do meu peito.
Ninguém nunca alcançou esse lugar antes. Então esse calor é desconhecido.

Aceitei ainda sem jeito e encarei suas costas mesmo depois de ela já ter se virado para descer as escadas.

Como uma pessoa pode ser assim? Ela não me vê como as outras pessoas?

Mesmo ficando tímida e corada, ela é a única que tem coragem de se aproximar.

Sem que eu percebesse, a barreira não funcionou com ela. Foi ultrapassada facilmente me assustando e desestabilizando minhas emoções.

Ela assim como esses caramelos foram o primeiro presente que eu recebi de alguém.

Proteger.

Esse foi meu primeiro pensamento.

Não importa o que haja. Isso não deve ser destruído.

Alguém tão delicada apareceu diante de mim e de repente me peguei cuidando dela com todas as minhas forças. Mesmo assim, ainda a deixei escapar por um curto momento.

Ainda não sou bom nisso.

Adentrei o quarto e pus os caramelos em cima da mesa. Peguei apenas um e abri a embalagem.

O doce retangular parecia como qualquer outro, exceto que este foi um presente.

Coloquei-o na boca e logo pude sentir o sabor inigualável invadir meu paladar. Era suave e doce na medida certa.
Talvez fosse porque Elena me deu pessoalmente, mas parecia a coisa mais saborosa do mundo.

Segundos se passaram e eu não queria perder essa sensação. Engoli o doce contra minha própria vontade, mas o sabor perdurou por alguns minutos.
Quando menos percebi, uma gota caiu em minha mão, que estava apoiada na mesa enquanto eu a encarava.

Olhei para cima, para ver se havia alguma goteira no teto, mas nem sequer havia chovido hoje.
De repente percebi que não só minha mão estava molhada, mas meu rosto também.

Isso são lágrimas?

Eu chorei?

Caos | Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora