Levi's pov [ON]
Eu a observava há alguns minutos.
Depois de limpa e vestida ela quase estava como se nunca tivesse saído daqui. Exceto pelos machucados em seu corpo que não haviam se curado como esperávamos.
Talvez a habilidade de cura não tenha dado certo.
Talvez ela só seja uma pessoa comum.
Com um corpo comum.Talvez se eu tivesse chegado um pouco mais cedo...
Sacudi a cabeça para me livrar desses pensamentos.
O importante é que ela está aqui agora.
O médico veio e a examinou, mas não encontrou quaisquer anomalias em seu corpo. Ela estava desacordada ainda devido ao tamanho estresse que seu corpo e mente sofreram.
Foi submetido a muita tortura.
Cerrei os punhos e apertei os olhos ao imaginar a cena de ela sendo machucada e espancada por aqueles vermes.
Como ousam tocá-la?
- Que merda!
Eu estava muito irritado. Minha cabeça estava a mil.
Levantei a cabeça e olhei-a mais uma vez na cama.
Sua respiração estava calma. O rosto, porém, levemente franzido, como se estivesse vendo algo nada agradável em seu sonho.
Não sei exatamente por quanto tempo fiquei ali, mas só saí quando alguém bateu na porta me despertando do transe.
Levantei-me para ver quem era e avistei Nick.
Ele parecia muito preocupado e nervoso.- Olá, capitão. Eu só... Só queria vê-la um pouco. - ele falou desajeitado e ansioso. Coçou a cabeça. - Eu posso?
Ele parecia realmente preocupado com Elena. Pelo que eu soube, eles são melhores amigos desde a infância. E ele foi o único que sobreviveu junto com ela ao ocorrido em Shiganshina. Sua única família.
- Entre. - falei e dei espaço para que ele entrasse. Fiquei ao lado da porta observando-os um pouco de longe.
Ele se sentou na cadeira ao lado da cama e passou a mão pelos cabelos dela.
Ao ver essa cena, algo dentro de mim me fez sentir desconforto, mas tentei ignorar.Ele a olhava realmente triste. Angustiado. Parecia que estava em tremenda agonia por dentro.
Após algum tempo em silêncio, apenas olhando-a, pude ouvir um sussurro sair de seus lábios.
- Elena, eu... - parou por um momento, sem muita coragem para falar - ...sinto muito. Não pude proteger você. Eu... Fui um inútil mais uma vez...
Talvez fosse impressão minha, mas pensei ter visto uma lágrima escorrer por seu rosto.
Apenas uma vela iluminava o quarto, deixando apenas metade de seu rosto visível.- Eu... Nós prometemos que cuidariamos um do outro... Realmente... Realmente me desculpe. - ele parou por um momento. A voz estava carregada de dolorosa culpa e choro. Não me atrevi a dizer qualquer coisa.
Por um momento pensei que era melhor eu não estar ali.
Pensei em sair. Até coloquei a mão na maçaneta para abrir a porta, mas me contive.Quero ouvir o que ele tem a dizer a ela.
Diferente de Nick, que cresceu com ela, eu era apenas seu capitão. Conheci-a há pouco mais de uma semana. Não conheço seu passado ou seu coração por completo.
Mas de alguma forma senti como se eu o entendesse.Não falamos sobre isso, mas eu já tinha prometido em meu coração cuidar dela e não deixar nada ou ninguém machucá-la.
Mas falhei.
O desconforto dentro do meu peito só aumentou, mas eu não me movi um único centímetro do lugar. Os ouvidos atentos às palavras do garoto mais à frente.
Movi os olhos para olhar o rosto pálido e ferido de Elena.
Tão delicada como uma flor. Uma beleza que não foi feita para este mundo terrível e cruel. Pensar em vê-la enfrentando monstros arriscando a vida é algo que me deixa apreensivo. Fora de mim. Temendo por sua vida.Ela é muito forte.
Claramente não é o tipo de pessoa que nasceu para esse ambiente, contudo se esforçou imensamente para cumprir sua promessa com seu amigo.
Proteger.
Para proteger quem ama ela sacrifica sua própria vida. Escolhe um caminho árduo e doloroso. Faz-se forte, mesmo sentindo-se fraca por dentro.
Pessoas como você, não merecem esse mundo.
O garoto não disse mais nada. Apenas ficou de cabeça baixa pensativo e depois de alguns minutos se retirou.
Voltamos a ficar a sós.
Eu ainda de pé na porta, ela deitada na cama.
Cabelos espalhados pelo travesseiro. Mãos descansando ao lado de seu corpo.
Os lábios estavam secos e feridos. Como se ela tivesse mordido-os com toda a força para abafar um grito.Uma lágrima escapou de seus olhos.
Aproximei-me dela e enxuguei-a com a ponta dos dedos.
Eu preciso protegê-la.
Passei a mão pelos seus cabelos como o outro havia feito.
Tão linda.
Meu peito ardia fortemente. Mas não como antes, de raiva. Mas com um sentimento desconhecido. Sufocante e prazeroso.
Fazendo-me afogar em pensamentos e promessas. Desejos...Olhei carinhosamente cada parte de seu rosto, a fim de gravá-lo em minha memória.
Uma pinta na pontinha do nariz. Outra próxima ao olho direito.
Outra ainda em sua orelha.Cada parte dessa me fez sorrir de alguma forma.
Ela era como um mapa que eu queria muito desvendar.
Um tesouro que eu nem sabia que precisava encontrar. Um presente divino.Quando finalmente cheguei ao limite do cansaço, voltei para a cadeira e acabei cochilando por ali mesmo.
Essa noite, diferentemente de todas as outras em que eu quase não descansava, dormi tranquilamente. Meu peito estava preenchido com um sentimento dócil de paz e mais alguma coisa. Como se finalmente estivesse completo. Não sonhei com nada. Há muito tempo eu não tenho sonhos.
Só disfrutei dessa rara sensação que preenchia o ambiente, acalmando meu coração e me fazendo finalmente relaxar.
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Caos | Levi Ackerman
FanfictionA humanidade vivia em paz dentro das muralhas. Até que um dia, um misterioso titã aparece e destrói tudo em um piscar de olhos. As criaturas, que, para muitos, não passavam de lendas ou histórias de terror contadas a crianças, invadiram o lugar que...