Capítulo 11 - Tortura pt.2

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Após tanto tempo sentindo imensa dor, em algum momento ela finalmente diminuiu.

O médico que me examinou mais cedo e o chefe da Polícia ficaram me monitorando até o momento em que eu demonstrei "melhorar".

- Acha que já podemos passar para a próxima fase? - perguntou ele.

- É provável que esteja um pouco cedo ainda. Não sabemos até que ponto o corpo dela aguenta neste momento. - respondeu o médico - É melhor que o senhor tente um meio-termo.

- Humm. Meio termo. - o homem loiro à minha frente parecia pensativo. - Ainda não testamos a resistência a queimaduras. Podemos ver isso agora. - respondeu animado dando um soquinho na palma de sua mão.

- Os tecidos epiteliais parecem se curar bem por agora. Cortes não tão profundos certamente se curarão. Contudo, sobre a regeneração de membros decepados ainda é uma incógnita. É bom que não demore tanto entre os testes, ela está evoluindo bem rápido.

Senti um arrepio na espinha só de ouvir.

Tudo bem que eu consegui me curar daqueles machucados, mas isso não muda o fato de realmente doer pra cacete. E "membros decepados"?

- Isso é realmente necessário? - perguntei conseguindo me pôr de joelhos.

- É claro que sim. A humanidade têm perdido tanto para os titãs. Seria um desperdício se não aproveitássemos o que temos aqui em nossas mãos. Está na hora de a Polícia Militar ter uns créditos. A Tropa de Exploração não pode estar às nossa frente ou acima de nós. Afinal, nós servimos diretamente a Sua Majestade. - ele caminhou até mim e passou a mão pelo meu rosto. - Relaxe. Você está sendo uma boa garota. Assim que terminarmos os testes e você estiver pronta será a nossa melhor arma. Ninguém mais precisará morrer.

Ninguém mais morrerá?

Isso é o que eu queria. Não é?

É o que todos querem. A paz.

Então esse é o único caminho?

Eu deveria permitir isso?

Alguns instantes depois eles saíram da sala e o chefe deu a ordem aos homens para que começassem a fase "meio-termo" dos testes.

Eles trouxeram um fogareiro e muitas barras de ferro. Algumas como aquelas usadas para marcar animais.
Uma delas tinha o brasão da Polícia Militar.
Era realmente uma visão horrível.
Não importa como você olhe, aquilo era uma sessão de tortura pura.
Não parecia bem algo que se faz pensando no "bem da humanidade".

Senti minha boca tremer.

- Vou colocar isso aqui por precaução. - disse um dos homens, o mesmo que me esfaqueou mais cedo, se aproximando de mim com algo para prender minha boca.

Eu não podia me mexer e agora muito menos gritar.
Até agora não tive um momento sequer de paz ou descanso para pensar direito em qualquer coisa. Minha mente estava totalmente preenchida com dúvidas e dor.

Eles acenderam o fogo e começaram a esquentar o ferro.

À medida em que o metal ia ganhando uma coloração vermelha meu coração acelerava mais. Eu me remexi o quanto pude. Mas era inevitável.

Assim que o objeto adquiriu a temperatura ideal, o homem o aproximou do meu rosto.

Que droga. Ele adora o meu rosto, é isso?

O ferro ainda nem tinha encostado na minha pele, mas eu já pude sentir o calor que ele emanava.

Não demorou muito e minha pele logo recebeu o toque nada agradável da barra de ferro quente.
Soltei um grito abafado por causa da coisa que tampava minha boca.

Pude ouvir o barulho da minha pele fritando e derretendo ao toque do metal. O cheiro de carne queimada só me deixava mais tonta e enjoada. Fazia tudo parecer mil vezes pior.
O barulho das correntes que me prendiam podiam ser ouvidos claramente. Era impossível não se mexer de agonia.

Assim que ele afastou o instrumento do meu rosto, pude ver que parte da minha pele tinha ficado presa nele.

- Agora está mais parecida com um monstro, não é?

- Hahaha! Com certeza! Mas acho que os olhos ainda estão muito bonitos, não acha? A marca de um bom monstro é o olhar aterrorizante. - disse o outro e se aproximou com outra barra de ferro quente na mão. Essa com um símbolo que eu não conhecia.

Assim que chegou perto de mim ele a pôs sobre o meu olho direito.

Apertei as correntes que me prendiam o quanto pude. Senti sangue escorrer dos meus pulsos.
Meu rosto estava em carne viva. Eu podia sentir. Lágrimas escorreram pelos meus olhos sem parar e fizeram o machucado doer mais.

Como da última vez, eles continuaram essa sessão por todo o meu corpo durante muito tempo.
Eu torcia para desmaiar em algum momento para não ter que aguentar mais aquilo, mas não aconteceu.
Eu estive consciente até o último minuto.
Até a última queimadura.
Meu corpo estava em um estado deplorável. Pior do que antes.
Não havia quase pele saudável. Minha cabeça girava e latejava.
Meu maxilar já estava dolorido de tanto segurar os gritos.

Isso parece o inferno.




Caos | Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora