Capítulo 25 - O Assunto da Humanidade

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Nota da autora: Quem é vivo sempre aparece, né? 👉🏻👈🏻 Tô até com vergonha de aparecer depois de um século kkkkkkkk mas espero que aproveitem o capítulo. Prometo que vou terminar a fic...

...um dia.

Levi's pov [ON]

A reunião teve início com a fala de Erwin sobre os últimos acontecimentos da nossa missão fora dos limites seguros da muralha Rose e a leitura dos relatórios do esquadrão de Eld que foi atacado de forma repentina e incomum.

Todos os titãs se voltaram para aquele local específico o que não é nada normal de se acontecer, por algum motivo, e a aparição da Titã Fêmea posteriormente só confirmou a possibilidade de que os titãs comuns podem ser controlados.

- Então podemos dizer que a Titã Fêmea foi a responsável por isso, creio eu - disse Mikael ao meu lado.

- Não acho que podemos tirar conclusões tão precipitadas. Primeiro, precisamos de provas. Uma explicação.

- Nós vimos a titã fêmea usar aquele grito para atrair os titãs e sumir em meio à bagunça toda. - disse alguém exaltado.

- Ela pode ter controlado aqueles titãs também. - disse outra pessoa. Todos começando já a a concluir que a titã fêmea era a causadora de tudo.

Os olhos de Erwin pousaram em mim em um instante e eu sabia que era hora de me pronunciar.

Todos sempre confiaram muito em minhas deduções, planejamentos e estratégias. Eu era uma das únicas pessoas que era capaz de tomar decisões importantes racionalmente em situações complicadas e de risco.

Arrumei o lenço em meu pescoço e limpei a garganta. Ajeitei a postura ainda na cadeira. Não seria necessário ficar de pé. Todos já me encaravam à espera de uma resposta.

Encarei os olhos de Erwin na outra ponta da mesa. Ele também me olhava e, assim que acenou com a cabeça, eu comecei a falar.

- Ainda não temos informações suficientes sobre quase nada. A Titã Fêmea apareceu muito de repente e deixou muitas lacunas em nossas teorias, então não podemos afirmar nada com certeza no momento - fiz uma pequena pausa para pegar um dos relatórios mais detalhados que eu havia encontrado e analisado - Pelo que sabemos até agora, a Titã Fêmea tem a capacidade de atrair outros titãs com aquele grito. Não necessariamente controlá-los. Então, para que possamos saber mais sobre sua capacidade total, seria necessário antes capturá-la. E viva.

- Ao que tudo indica, a Titã Fêmea pode muito bem ser um de nossos soldados, não é? - questionou Mikael com as mãos cruzadas sobre a mesa. Com uma postura um tanto arrogante e intrigada. Encarei-o por um momento antes de responder.

- Sim. A Titã Fêmea pode muito bem ser um de nossos soldados. Alguns relataram tê-la visto usando o equipamento de manobras para escapar e também o uniforme. A não ser que alguém tenha conspirado com ela e a tivesse ensinado como usá-lo e emprestar o equipamento e uniforme, não há como negar que ela tem relação conosco. - após isso muitos ficaram apreensivos. E com razão. Qualquer um de nós ou de nossos subordinados pode ser um inimigo.

- O que podemos fazer para descobrir sua identidade? - perguntou alguém após o breve silêncio.

- Primeiramente...

***

Após algumas horas de discussão e de tentar criar um plano para descobrir a identidade da Titã Fêmea e capturá-la, finalmente conseguimos chegar a um consenso temporário.
Saí do prédio sozinho, pois acabei ficando um pouco mais que os outros para discutir mais algumas coisas com Erwin e Hange.

O céu estava já escuro e limpo de nuvens. Por estar na cidade, não era tão fácil enxergar as estrelas, mas era possível ver que estava cheio delas. A lua estava alta, e uma brisa gelada passeava pelas ruas e vielas.

Fui até o local onde estava meu cavalo e me dirigi calmamente para casa.

Casa.

Se é que eu posso chamar aquele lugar assim. Nunca tive um lugar fixo para chamar de meu. Ou pessoas fixas. Muitos sempre vêm e vão. Tem sido assim por muito tempo, desde que nasci.

Criar laços... É algo muito difícil pra mim. Algo que eu prefiro evitar na maioria das vezes.

Mas... Ainda aquela parte de mim, bem lá no fundo, ainda quer muito isso. Ter um lar.

Vou passando pelas ruas um pouco movimentadas com pessoas entrando e saindo de restaurantes, crianças segurando a mão de adultos e pedindo maçãs carameladas. Alguns senhores tomando chá em uma mesa pequena enquanto também fumam cachimbo. O ar estava repleto de aromas doces e calmaria. Um contraste enorme com o caos de fora da muralha. Com o que passamos mais cedo.

Paro em um restaurante antes de voltar para o Castelo e peço duas porções de comida para a viagem. Meu prato favorito daqui. O lugar estava um pouco cheio então sentei-me em uma mesa mais afastada para aguardar o pedido ficar pronto.

Ao redor há famílias reunidas comendo. Amigos bebendo e rindo alto. Ao fundo o som de alguma criança pequena chorando. O cheiro de alho e cebola fritos pairando no ar junto com outros temperos.
Quase esqueço tudo de ruim que têm preenchido meus pensamentos ultimamente e acho que desde muito tempo.

Lembro de quando Hange me arrastou para cá pela primeira vez e me fez provar um monte de pratos até eu escolher um como favorito. Lembro de como fiquei irritado com ela por me tirar do escritório de repente, mas também lembro de como fiquei feliz no fim da noite ao vê-la sorrindo como se nada no mundo pudesse abalá-la. Gostaria de ser tão forte assim.

Alguns minutos se passaram e a moça veio trazer o meu pedido. Agradeci, peguei, paguei e voltei para casa.

O caminho todo tentando deixar os pensamentos fluírem um pouco para um lado mais otimista e feliz. Esquecendo por alguns instantes de todos os problemas e infelicidades desta vida.

O assunto da humanidade pode aguardar alguns minutos, não é?

Na estrada, o luar iluminava tudo. E agora já longe da cidade, o céu estrelado estava muito mais visível. O vento mais gelado soprou me fazendo quase estremecer. Mas por incrível que pareça. Meu coração estava aquecido.

Ao observar as estrelas tão brilhantes e distantes, lembrei-me de Elena. Seu olhar tão iluminado quanto qualquer outra estrela dessas que brilham tão alto no céu. Mas ainda sim, sinto que ela também é tão distante quanto elas.

Tento me convencer de que eu não a mereço. Ela está muito acima de mim. É tão corajosa e boa. Radiante e terna. Seu sorriso contagia a minha alma e a faz sorrir por dentro. Como se eu sentisse cócegas. É meio estranho.

Talvez isso seja... amor?

Não tenho nenhuma experiência para comparar. Talvez não seja isso. Mas o que seria?

Qual o motivo?

Talvez o universo apenas escolha isso sem nenhum critério. Uma pessoa para amar. Não interessa como ela seja, você vai amá-la cedo ou tarde.

Às vezes penso que foi cedo demais.

Eu a conheci há pouco tempo.

Mas quando paro para pensar em quanto tempo talvez nos resta. A humanidade está em constante perigo. Há qualquer momento um de nós pode morrer. E quando penso nisso, eu queria que tivéssemos mais tempo ainda. Queria tê-la conhecido mais cedo ainda. Para não ser tarde demais.

Assim que avisto as luzes do castelo tento parar de pensar nisso e vou para casa com a mente em silêncio. Mas com o peito formigando.



Caos | Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora