Capítulo 1

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S/n estava no seu quarto, de frente à sua penteadeira escovando seus cabelos. Ela e a família iria sair para ir ao shopping. S/n escuta três batidas na porta de madeira do quarto, escutando-a ser aberta e o rosto da mãe ser revelado em sequência.

── Está pronta, filha? ── perguntou Mary. S/n assentiu com a cabeça e sorriu levemente, deixando a escova em qualquer lugar.

S/n acompanhou Mary até o andar debaixo, onde Finn se encontrava conversando no seu grupo de amigos por mensagens. Mary o chamou e os três foram até a garagem. Em meia hora, estavam no shopping. Foram direto para a papelaria em que todos os anos compravam os materiais escolares de Finn e S/n, mas a única diferença é que nesse ano, os materiais seriam apenas para S/n.

── Olha essa mochila, filha ── a mais velha pega nas mãos uma mochila azul-claro com detalhes brilhantes. ── É da sua cor favorita!

── É sim bonita, mãe. Mas não acha chamativa de mais? ── questionou, fitando a mochila à sua frente. Odiava ser o centro das atenções, ainda mais na escola, um local onde as pessoas não iam com sua cara. ── E outra, sabe que eu não tenho cor favorita. Todas são bonitas, não consigo me decidir pra ter uma preferida...

── E essa? ── foi lhe mostrada outra mochila, totalmente diferente da anterior. Era preta, com vários zíper. ── Talvez seja meio sem gracinha mesmo, mas quando chegarmos em casa você pode colocar algum adesivo ou broche que goste.

── Eu gostei. ── sorriu. Mary coloca a mochila dentro do carrinho e voltam a caminhar calmamente pela loja. ── Mãe, olha esse livro! ── ela segurava um dos vários livros que havia naquela área. ── Eu já tinha visto ele na internet uma vez, me interessei. Parece ser legal!

── Eu sabia que tínhamos que ter virado no outro corredor, e não nesse... ── sussurra a mãe, para si mesma. S/n deu risada por ter conseguido ouvir tal comentário.

── Ei, maninha, olha esses cadernos. Achei sua cara! ── Finn aparece por trás delas, segurando três cadernos que dividiam mais de uma matéria. O cacheado amava sair com a mãe e a irmã. S/n analisou os cadernos e decidiu ficar com dois deles. ── Mãe, combinamos do pessoal se encontrar lá na praça de alimentação agora mesmo ── avisa, intercalando os olhos nas meninas e na tela de seu celular. Enquanto S/n olhava os inúmeros cadernos empilhados nas plateleiras, pensava em como o irmão mais velho tinha tantos amigos e ela era tão fechada para si mesma ── Estou indo, beleza?

── Tudo bem, Finn. Depois vai direto pra casa, ok? Vou ficar aqui com a S/n, terminando de comprar os materiais ── ambas sorriram para o garoto, que afirmou que faria as ordens da mãe e saiu pelo shopping, não sem antes dar um beijo na bochecha das duas.

Demorou um pouco, mas conseguiram comprar tudo o que precisavam. S/n saiu mais que feliz, visto que convenceu a mãe de comprar mais dois novos livros para ela ler.

── O que acha de tomar sorvete agora? ── Mary perguntou, vendo que passavam em frente à uma sorveteria. S/n concordou. Seria uma boa ideia tomar algo refrescante no dia quente que estava.

Entraram na sorveteria, que não era tão grande, mas também não era tão pequena. Havia algumas pessoas saindo, e outras entrando. Fizeram os pedidos: um milkshake de morango para S/n, e um sorvete de casquinha sabor chocolate. Se sentaram em uma das mesas e começaram a jogar assunto fora.

── Está animada pra segunda-feira? ── perguntou. Em seguida, levou um pouco de sorvete à boca por meio de uma colherzinha colorida. S/n negou com a cabeça, tomando um gole do milkshake. ── Por que não está animada? É seu último ano na escola, deveria estar feliz e animada.

── Você sabe o porquê eu não estou animada, mãe ── resmungou. Escola tinha dois lados: o bom e o ruim. O lado bom era que S/n gostava de aprender coisas novas, gostava dos professores de suas matérias favoritas, gostava da satisfação de ter vários dez no boletim ao fim dos bimestres; já o lado ruim eram os alunos, que tiravam sarro da cara dela por seu jeito de ser. ── Ninguém dali gosta ou quer ser meu amigo, e os outros têm medo de se aproximarem de mim e serem zoados também. Tudo culpa da Mya e de seu irmão!

── Sim, filha. Eu sei muito bem o que acontece ── disse Mary. ── Já tentamos conversar com eles, se lembra? ── S/n afirmou, se lembrando do dia em que a diretora da escola reuniu Victor, Mya e seus pais para tentarem resolver o assunto, mas não adiantou. Se sentiu totalmente inútil por não conseguir resolver nem seus próprios problemas sozinha, além de ser chamada de vários apelidos pelos alunos. ── Mas não adiantou. Sabe o que pode fazer? Deixar a zombação de lado e não dar bola.

── Falar é fácil... ── revirou os olhos e bebeu mais um gole, sentindo o líquido doce e gelado descer pela sua garganta.

── Seja positiva, filha! Pode ser que esse ano tudo mude. Quem sabe o Victor e a Mya foram transferidos para outra escola...? ── levantou os ombros.

── Mãe, ninguém muda de escola no último ano ── encarou-a com obviedade. Mary a fitou com uma pequena feição cínica, então S/n percebeu que foi negativa, ao contrário do que a mãe falou.

── Para de negatividade!

── Eu não estou sendo negativa, estou sendo realista. São duas coisas totalmente diferentes uma da outra!

── Quem sabe você arruma um amigo ou uma amiga nova? ── Mary transmitia um sinal de esperança na voz e no olhar. S/n achava impossível isso acontecer. ── Eu sei que acha difícil, mas não é impossível. Pensa nisso.

── Como?! Como consegue ser tão... positiva e otimista desta forma? ── S/n era totalmente diferente de Mary em personalidade. Mary sempre foi muito extrovertida e gosta de coisas novas e de pensar no melhor em tudo. Já S/n, é reservada.

── Se não formos assim, fica difícil encarar o mundo ── bateu seu indicador na ponta do nariz de S/n. As duas sorriram. ── Sabe quem você lembra, e muito?

── Quem?

── Seu pai ── respondeu. S/n sorriu triste. Ela e Finn não chegaram a conhecer o pai, ao ponto de se lembrarem dele. Enquanto estava em outro país resolvendo coisas de trabalho, um terremoto abalou a cidade e ele morreu nos escombros. A notícia foi um baque e tanto. ── Ele era igualzinho a você quando adolescente.

── Puxei algo dele, pelo menos.

The New Boy // Louis Partridge [Reescrevendo]Onde histórias criam vida. Descubra agora