XVI - Capítulo dezeseis

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O capítulo está sem revisão, mas espero que aproveitem. Beijão e boa leitura 😘

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Kamila

Eu não conseguia dormir.

Não dava.

Depois de tudo o que escutei... eu não conseguia.

Me virei lentamente no colchão, para não acordar as outras, e mirei o telhado da casa onde me encontrar.

Estava acordada demais para adormecer. Toda aquela conversa despertou os meu sentidos, estava alerta, e não conseguia parar de pensar.

Pensar na história que ouvi. Nas coisas que descobri. Tentava imaginar um Roberto mais jovem e perdido por aí, sem ninguém. O difícil é que eu não conseguia desassociar a imagem dele à crueldade e frieza, era difícil idealizar uma visão dele que não fosse assim.

Eu me perguntava se eu poderia estar errada sobre ele, mas o lado racional não me deixava admitir. Pensava que, apesar de tudo, ele escolheu essa vida. Poderia ter se tornado outra coisa, quando teve a chance. Será que eu poderia julga-lo desse jeito?

Cansei de encarrar o telhado escuro e virei o meu corpo para a direita no colchão bem lentamente. A minha visão foi imediatamente para as meninas dormindo do meu lado. Mas ela não estava dormindo, estava acordada, me encarando de volta.

- Hey - eu sibilei.

Iza continua muito séria e seus olhos tinha uma expressão sofrida. Ela tirou as duas mãos de baixo do travesseiro e puxou os lençóis que a cobria, depois levantou silenciosamente sem tirar o olhar de mim.

Ela ficou de pé a minha frente e estendeu a mão para que eu me levantasse. Eu não questionei, só aceitei a mão e me levantei, seguindo ela para porta da escada, que ela abriu lentamente, não pude deixar de observar a facilidade com que abria a porta sem fazer barulho nenhum.

Ela se sentou no último degrau e eu a acompanhei.

Pensei que ela tinha me trazido porque precisávamos conversar, mas Iza não disse nada. Cruzou os braços ao redor das pernas dobradas e ficou calada, nem se quer me olhou.

Eu sentia a urgência do momento, não sabia porque, mas eu precisava dizer alguma coisa. Falei:

- Sabe, eu não pedi desculpas ainda.

- O quê? - ela parecia aérea

- Eu não me desculpei por gritar com você...

- Ah isso? Eu sei que você sente muito, nunca te vi tão cabisbaixa nem quando descobriu que aqui não tem festa junina.

Sorri.

- Isso, é injusto! - retruquei - De verdade Iza, não sabe como eu me arrependo.

- Tudo bem, não me arrependo. Se tivesse ouvido sobre mim o que eu ouvi ela dizer de você, também não se arrependeria... Eu arranquei metade daquele mega da cabeça dela - ela simulou uma puxada de cabelo e eu ri mesmo sem querer.

- Iza! Não, não diz isso! Nós somos mulheres, não podemos brigar entre si, temos que guardar a anergia pra derrubar o patriarcado oxente!

Agora ela era quem ria inevitavelmente, só então percebi porque não ficamos na sala.

- Tá vendo Kah! Olha só pra você, você é boa demais. Boa demais até com alguém sem escrúpulos como a Rebeca - ela estava sorrindo, mas nesse instante parou - as coisas que ela disse sobre você... Kah se fossem com qualquer outra pessoa... Eu, sabia a verdade, não podia ficar parada vendo ela te difamar. Quer dizer... - ela olhou pra mim como se eu fosse uma criança- você nunca nem transou ainda, eram mentiras descaradas.

O Dono do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora