*este capítulo não está revisado*
Kamila
Que merda eu fiz?
O céu escureceu tão rapidamente quanto nasceu o meu desespero.
Eu caminhei por várias vielas até me distânciar o máximo possível da minha casa.
No momento pareceu a melhor ideia do mundo, me distânciar.
Enquanto eu andava pelas ruas emprençadas e os comércios abundantes, o prazer de ir embora tomava conta de mim. Eu realmente tirei muita coragem de dentro de mim para seguir caminho, e enquanto andava a única vontade que tinha era de ir cada vez mais longe, fugir daquilo tudo me parecia muito melhor do que continuar suportando.
Fugir.
Fugir era ótimo, era fantástico naquele momento, e eu senti que iria muito longe.
Mas logo começou a escurecer, e uma mulher sozinha na rua chorando não podia parecer mais indefesa. Eu era uma presa fácil pra qualquer um.
Foi nesse momento que a adrenalina passou e eu senti medo. Medo de estar na rua sozinha.
Foi nesse momento que eu pensei em voltar, e foi no momento seguinte que eu comparei mentalmente o se o meu medo era tão grande quanto a minha covardia de encarar a realidade.
Não, acho que não.
Talvez eu pudesse ficar na casa da minha tia Marta, é eu podia.
Eu tinha resolvido, eu ficaria lá até as coisas melhorarem na minha casa, aí eu voltaria.
Estava resolvido, agora era só chegar à casa dela. Virei pra trás para voltar o caminho que tinha percorrido.
Merda.
Se existir uma situação mais verossímil para o significado de DESESPERO eu desconhecia.
No momento em que eu percebi que não reconhecia a rua, que não sabia onde virei, o momento em que eu percebi que estava perdida, foi a concepção mais acertada de desespero.
Meu coração acelerou de uma vez, e se não fosse pela tênue esperança que se nutre nesses momentos, a esperança de que virando essa esquina ou na próxima você encontrará sua casa, essa fraca ideia que enche efetivamente o coração de uma pessoa perdida, se não fosse por ela, eu teria deitado e chorado, tamanho era o meu desespero.
Eu tomei inconscientemente a decisão de seguir o caminho contrário ao que fazia, voltando em linha reta por não ter nenhuma lembrança de ter dado curvas, o que me fazia as vezes entrar em becos sem saída, e as vezes ir parar em ruas com milhares de casas conjugadas, com pichações e tijolos aparentes, o que é praticamente TODA rua da comunidade.
Eu estava fodidamente perdida.
Literalmente.
Quando se chega a essa segunda fase do desespero, a opção por não falar com estranhos é desconsiderada. Nesse momento você procura a pessoa aparentemente menos suspeita pra pedir informação.
E a prova de que eu estava longe de casa, era o fato de só conseguir ouvir o barulho do funk muito distante, ao passo que da minha casa, é possível ouvir o baile até debaixo da terra.
A prova de que eu estava realmente longe de casa era o fato de a rua estar praticamente deserta, a não ser por crianças brincando, e nos prédios mais altos, algumas mulheres, provavelmente prostitutas, nas janelas. Ao passo em que na minha rua, é praticamente impossível virar a esquina uma hora dessas, tamanha a multidão de gente.
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O Dono do Morro
Teen FictionBETO: Você está saindo com alguém, Kamila? KAMILA: Não - falei quase inaudivelmente com o coração disparado - Por quê? BETO: Porque eu quero comer você Kamila, e preciso saber se tem alguém atrapalhando meus planos. _________________________________...