Me perdoem qualquer erro ortográfico, esse capítulo está sem revisão. Boa leitura!( ˘ ³˘)♥
Kamila
Uma hora.
Uma fodida hora foi o tempo que ficamos agachados na cozinha, se escondendo das balas lá fora.
Uma hora... Pareceram duas, quatro.
Eu estava tão aterrorizada que a vertigem na minha coluna espinal continuou lá por dias. A sensação de medo e o arrepio constante ficaram comigo tanto tempo que meu estado de alerta, eu tenho certeza, era o mesmo que de alguém que estava na guerra.
Eu abracei forte a minha família toda. Eles estavam menos assustados que eu, mas ainda assim, não acho que alguém consiga se acostumar a isso.
Não sei como vou se capaz de viver sabendo que isso vai acontecer de novo.
Porque sim, vai acontecer de novo, nós estamos no Complexo do Alemão.
Nos próximos cinco dias, realmente aconteceu, mais duas vezes.
Nos últimos cinco dias, foi tudo péssimo. Talvez pelo meu constante persimismo, talvez porque estava tudo realmente fadado a dar errado.
Qualquer que tenha sido o motivo, não importa. Eu nunca tive uma semana tão cabalística.
*
No dia seguinte ao tiroteio eu acordei cedo com sempre para ir à escola. Minha mãe já tinha saído em busca de trabalho. Semana que vem começariam as aulas de Miguel na escolinha e nós teríamos que nos desdobrar pra ir deixá-lo.
Eu procurei não pensar muito nos problemas futuros, o meu presente já tinha muitos deles que reclamavam minha atenção, como por exemplo o meu trabalho.
Essa coisa de tráfico de drogas, bom... Achei que seria fácil, sabe, pesquisar alguns TCCs sobre o assunto, usar nos trabalho escrito, juntas com alguns gráficos explicativos e complementar com o depoimento de algum morador da comunidade. Bom, eis a parte difícil. Eu não conhecia muito nenhum deles e não achei sinceramente que fossem me ajudar a denegrir a imagem de algo que, pelo sim pelo não, os mantém vivos. Mas isso não me fez pensar nem um momento em desistir. Não de jeito nenhum, eu sou persistente e apesar de no começo ter sido só birra, acabei percebendo que era de fato um bom trabalho, e se eu fizesse direito poderia me dar até algum reconhecimento.
Sentada com minha primas embaixo da famosa árvore no pátio da escola que nós já tínhamos reivindicado, durante o recreio eu disse:
- Vocês podiam me ajudar no trabalho de História sabia?
- Você ainda vai fazer? - perguntou Iza com a maior cara de tédio.
- Ajudar em que Kah? - perguntou Beatriz curiosa.
- Aliás, você ainda não nos disse sobre o que é - Constatou Izadora.
- Gente é assim: Vai ser sobre Os Malefícios do Tráfico de Drogas no Complexo do Alemão. Eu vou fazer uma coisa bem legal e bem trabalhada, já tenho e esqueleto e tudo, mas vou precisar de depoimentos sabe, do pessoal da própria comunidade, pra ficar com mais cara de pesquisa séria, e nisso vocês podiam me ajudar. Vou apresentar com vários gráficos e tabelas, ah tenho que comprar cartolina. O meu objetivo será destrinchar as engrenagens dessa máquina do tráfico sabe? Pra que o pessoal fique mais conhecedor e rigoroso desses trabalhos. O que vocês acham?
Silêncio.
Ninguém disse nada por uns cinco segundos.
Todas me olharam incrédulas.
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O Dono do Morro
Teen FictionBETO: Você está saindo com alguém, Kamila? KAMILA: Não - falei quase inaudivelmente com o coração disparado - Por quê? BETO: Porque eu quero comer você Kamila, e preciso saber se tem alguém atrapalhando meus planos. _________________________________...