Me perdoem os erros
Kamila
- Eu quero te ver. Hoje.
- Ham? - sibilei quando parei a contragosto o beijo pra respirar.
- Quero você lá no baile Kamila, pra ter um motivo pra me aproximar de você.
- Você tá louco? - porque eu estava prestes a ficar - tá louco, eu não piso os meus pés naquele lugar nunca mais!
- Por quê?
Ele perguntou com uma falsa inocência que se não fosse tão sexy, me irritaria profundamente.
- "Porquê"? Não se faz de rogado! Dá última vez que eu fui num baile tu me disse que ia me comer! Dizer, dizer não; você me avisou! Como se eu fosse responder amém.
Ele já estava rindo de mim na metade, e eu já estava amaldiçoado minha língua comprida no final.
- Comer você? É por isso que tá tão receosa? - sorriu com escárneo - Não meu amor, nós vamos ter uma conversinha sobre você não conseguir segurar essa linguinha gostosa - segurou meu rosto - e ainda por cima permitir que alguém grave isso e coloque na internet, pra me deteriorar. Você esqueceu que tem uma dívida comigo?
- Esqueci mas já lembrei.
Ele fez menção de sorrir mas de repente retomou sua postura altiva e impessoal, olhou nos meus olhos, o calor nos seus já tinha sumido - eu odiava essas abruptas mudanças de humor - me disse:
- Vamos lá, você precisa voltar a trabalhar e eu preciso sair daqui antes que alguém me veja. - colocou, ou tentou colocar meu cabelo no lugar onde estava antes de ele bagunçar completamente - Você tem alguma noção de quem fez isso com você? Te gravou? Me diz hoje a noite, no meu camarote, tudo bem?
Não tive tempo de anuir, mas ele já tinha sua confirmação dentro de si.
Exibido.
Só quando o vi se afastar é que notei que ele estava meio sujo, as roupas com poeira e os ombros tensos, a musculatura rija saltando sem querer sobre as roupas, de um jeito que só fazia alguém querer ver mais, o exposto era pouco.
Ele virou pra mim e me pegou encarando sua bunda. Sorriu satisfeito e saiu pelos fundos.
Exibido, mil vezes exibido.
De súbito então, um flash de suas palavras passou pela minha cabeça. "Me diz hoje a noite, no meu camarote" Hoje a noite? Mas já estava de noite. Senti raiva pelo seu autoritarismo, eu ainda teria de trabalhar.
E eu não iria, é óbvio. Saio tarde do trabalho, eu não vou me arriscar indo naquele lugar tão tarde da noite. Seja lá o que esse homem tem na cabeça, só não é juízo.
- Kamila! Morreu aí dentro garota?
Meu patrão gritou me tirando do transe.
- Já vooou!
Tinha até esquecido o que vim pegar.
Durante todo o resto da noite eu fiquei pensando no vídeo, e em quem teria me gravado. Eu realmente não sabia, e isso me assustava, pois agora que todos tinham acesso a ele, eu só conseguia imaginar que seria sequestrada e morta por qualquer bandido desse lugar que se sentisse ofendido, ou linchada em praça pública pelos próprios moradores. Eu estava fodida.
Com esse vídeo, eu fiz exatamente o que minhas primas temiam, tornei público os meus ideais polêmicos. Me senti arrependida por não ter escutado seus conselhos, Iza ia me matar, e ainda era provável que eu deliberadamente tenha colocado minha família em risco. Eu estava fodida.
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O Dono do Morro
Teen FictionBETO: Você está saindo com alguém, Kamila? KAMILA: Não - falei quase inaudivelmente com o coração disparado - Por quê? BETO: Porque eu quero comer você Kamila, e preciso saber se tem alguém atrapalhando meus planos. _________________________________...