XVII - Capítulo dezessete

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Perdão pelos erros, e boa leitura (◍•ᴗ•◍)❤

Kamila

- Foi com certeza um vestido vermelho!

Eu reafirmei pela putalhésima vez. Ele só negou com a cabeça, seu sorriso de satisfação nunca sumia.

- Eu não vou discutir isso com você, porque eu estou certa. Eu sei que era vermelho, fui eu que vesti!

Ele deu de ombros como se tivesse se dado por vencido.

Nós estávamos discutindo qual era a cor do meu vestido naquele dia do baile, em que o encontrei no camarote. Ele falou que eu estava usando um vestido preto mas na verdade era vermelho. Sim, eu tenho certeza!

- Eu sei... - ele começou, subitamente mudando e assunto, - que você precisa ir embora meu anjo. - falou com pesar, em seguida acariciou meu rosto com o polegar, num espécie de consolo.

Quando eu me toquei que estava tarde e já deveria ter chegado em casa emiti, sem querer, um gemido de frustração.

Ele me deu um sorriso amarelo, um daqueles que era novo pra mim.

E foi aí que eu me toquei: quando eu fosse embora, o que seria de nós dois? Nós já tínhamos ficado antes, mas nada como isso aqui, nada tão íntimo e cheio de saudades. Não foi de repente, não foi sem querer. Foi um ato nosso, uma coisa com a qual nós teríamos de lidar.

Mas eu não sabia se existia um "nós" pra começo de conversa. Como é que eu ia fazer? Ficar com ele em segredo? E se minha família descobrisse, o que eles diriam? Ele era errado, não dava pra negar. Eu sabia disso, e pelo seu olhar, ele também sabia.

Toda a razão dentro de mim me alertava para isso, e de repente a minha consciência voltou como um baque. Eu, Kamila, que preza tanto a paz de espírito, logo eu, estou me envolvendo com um homem perigoso.

- Não me olhe assim - eu saí dos devaneios em que estava para olhar diretamente o seu rosto.

Fiquei em silêncio, imaginando se ele poderia saber o que eu estava pensando. E eu não queira que ele soubesse.

- Não me olhe como se tivesse medo de mim.

- Eu tenho medo dessa situação. - respondi com pesar. Eu não queria mentir.

Ele evitou olhar pra mim quando disse:

- Então é melhor você ir.

- Roberto - seu nome soou pela primeira vez na minha boca, e foi como um eu sinto muito.

- Kamila - ele direcionou o seu olhar pra mim de novo, e o que eu vi me fez murchar. Era aquele olhar de novo, aquele que o mundo inteiro via, aquele que não deixa transparecer nada. Fosco, sem nenhuma emoção. Ele colocou essa máscara para dizer - tu precisa ir pra casa, já tá tarde e é perigoso. Vou mandar o Felipe levar vocês.

Ele colocou as mãos nos bolsos e se dirigiu à porta pela qual Letícia e Felipe tinham saído. E eu não segurei seu braço, não tentei impedi-lo.

Não, eu sou racional demais pra fazer essas coisas por impulso.

Eu deixei ele ir. E enquanto ele caminhava em direção à porta, o tempo passou mais devagar, como se me dando uma chance, uma oportunidade, de fazer algo a respeito. Mas eu só conseguia pensar no que era certo. E o certo era deixá-lo.

Antes que ele erguesse a mão, a porta se abriu num estrondo. De repente o tempo parecia muito veloz.

Felipe apareceu, e ele estava sem fôlego. Ele disse algumas palavras pra Roberto. Por mais que tentasse, eu não conseguia escutar o que era, mas eu no momento seguinte, eu entendi que não era boa notícia.

O Dono do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora