54. Mas que inf...🤷🏾‍♀️🤷🏾

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Ariela não saiu de casa por dias. Disse a todos que andava doente pra justificar seu afastamento das obras do centro de recriação, mas, a Moira, alguma coisa no seu estado não convencia. O abalo dela era profundo demais, não parecia dor de corpo, mas um mal estar de espírito, como se sua vida tivesse parado tão de repente e não tivesse mais beira.

Colin andava igualmente de quebrar o coração, principalmente depois que procurou por Monique na noite em que Ariela ia se entregar aos árabes. Não lhe havia sido difícil localiza-la. Apesar do esforço que fez para não ser detectada naquela cidade, a francesa era uma mulher de hábitos pouco flexíveis e ele já conhecia o hotel em que sempre se hospedava quando estivesse por lá.

A sua conversa foi tudo, menos calma. Trocaram acusações e insultos. Exaltaram-se, e quando perceberam que não iam a lado nenhum com os ânimos elevados, deram-se as costas e tomaram instantes para respirar. Viraram ao mesmo tempo para impor sua posição, mas ambos hesitaram ao dar de cara com a crista elevada do outro, mas Colin recobrou-se rapidamente e se impôs.

— Eu só vim avisa-la que fique longe da Ariela, Monique. Não se meta nas nossas vidas, não dou essa liberdade.

— Você me conhece o suficiente para saber que não vou ficar de braços cruzados a ver-vos arruinar tudo por causa da porra do vosso amor. Não é justo comigo, nem com todos que serão lesados. A Ariela percebeu isso por isso ia fazer a coisa certa até você frustra-la. Você sempre estraga tudo por conta do seu egoísmo. É suposto lutarmos juntos para recuperar o domínio das nossas empresas, mas está a deixar-me na mão outra vez. É culpa sua que minha família esteja nas mãos dos árabes, Colin. Tem que reparar seu erro e esta é a chance. Eu mereço sua consideração. Como pode estar a fazer isto comigo?

— Sinto muito, Monique. De verdade. Sinto por ti e por todos que serão impactados pela minha decisão, mas não posso deixar Ariela nas mãos dos árabes. Eles farão o pior com ela e eu não suportaria isso. Isto não é uma decisão passional, sabe bem que não sou assim. Então volte para a França, procure outros parceiros, porque está claro que nossas lutas são diferentes agora.

— Não pode fazer isso, Colin. Não comigo, por favor. Meu pai está a morrer, e eu... eu não consigo vencer esta luta sozinha. Preciso de si. Em nome da nossa história, eu te peço.

Colin sentiu seu coração apertar. Era evidente o desespero de Monique para estar a fazer aquilo. Desde o momento em que procurou Ariela até aquele instante, ela suplicando sua ajuda, era seu desespero a guia-la. O que tornava tudo pior era saber que ela tinha razão, era culpa sua que estivesse naquela situação. Mas o que podia fazer?

— Eu faria qualquer coisa para resolver isto e reparar meu erro, se isso não exigisse ser desleal á mulher que amo. Não posso fazer isso outra vez. Lamento.

Estava firme na sua decisão, mas a consciência de tudo que iria abaixo caso perdesse o controlo sobre a empresa lhe devastava. Se entregasse Ariela aos árabes não perderia seu patrimônio, ela seguia como herdeira de Assuh. Se houvesse uma terceira geração, apenas perdia a parte correspondente ao herdeiro entregue á peonagem. Agora sem objecto humano nas negociações, era provável que perdesse quase toda a empresa porque Omar não estava a ser razoável nas exigências.

Ele podia viver com isso, mas e os outros que dependiam de si? Era frequente lhe encontrar sentado a encarar o vazio com ar de derrota e esperança abaixo. O conto de fadas de Ariela e Colin parecia estar na fase negra, com altos muros de gelo a separar o rei da rainha. Mal se tocavam.

Moira tentou falar com Rupert, e como sempre que não quisesse falar de algo, o irmão passou a mão na cabeça dela como se fosse uma criança e concordou que era "mesmo uma febre muito estranha a da cunhada". Seria de admirar se tivesse sido diferente, Sanderson sempre foi protegeu Colin e não diria nada que eles não fossem dizer. Era cúmplice na mentira.

Um sonho Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora