What he didn't tell me • jikook

[20] redemption

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//JUNGKOOK

9 semanas depois

O tilintar fino do vidro das taças chocando-se umas nas outras encheu meu ouvido como uma melodia que há muito não escutava. Eu não era um homem de muitas tradições, por isso, posicionei meu copo abaixo das bebidas dos meus funcionários, como óbvia intenção de demonstrar que se estávamos comemorando era graças ao trabalho duro de todos eles.

Gritos de festejo se seguiram, assim como sorrisos e respingos de bebida alcóolica pela mesa. Estive presente observando a euforia, me permitindo reconhecer e aceitar aquele momento feliz junto às pessoas com as quais convivi intensamente nas últimas semanas.

A JT Entertainment havia acabado de se consolidar com mais força no mercado depois de ser agraciada com o troféu de melhor curta metragem animado em uma premiação de produtoras independentes. Brindávamos pela vitória, mas também pela sensação de dever cumprido, de trabalho em equipe.

— Ao melhor time com o qual tenho o prazer de trabalhar. — Jackson bradou, tentando soar mais alto que a música agitada que tocava no ambiente. — Às noites de trabalho extra, e também por toda as refeições bancadas pelo melhor chefe do planeta.

O olhei com censura, mas gradativamente cedi a um sorriso suave e acenei sutilmente em agradecimento. Jackson era sempre um alívio a rigidez que por muitas vezes eu me impunha, mas naquele momento, tudo de que precisávamos era a leveza da vitória.

No entanto, a escolha do local em que iriamos comemorar ficou por conta de Lee. Ela parecia já saber que naquele dia iríamos celebrar uma conquista, — como sempre, a mais otimista e empenhada no trabalho — e por isso, reservou algumas mesas em um bar cheio de cores, com música alta, e no bairro mais agitado da cidade.

Voltamos a nos sentar e mais conversas empolgadas se seguiram. Em certo ponto, drinks mais elaborados começaram a chegar, de diversos tamanhos, cores e sabores. Sempre com Jackson soltando sua frase: "Essa é por conta da casa". Sabíamos muito bem que a conta da casa seria o cartão da empresa, mas eu não conseguia me importar. A aura era especial e eu estava sorrindo mais do que a minha cota diária.

Quando meu celular vibrou uma única vez, soube que era trabalho, mas não pude me impedir de checar. Um e-mail da Yoko Animation Content, uma das empresas que contatei para mandar as gravações de Jimin. O conteúdo baseava-se em elogiar o trabalho recebido e em aceitar a carta de recomendação. Também pediam uma entrevista com Park Jimin o mais breve possível.

Abaixei habilmente a tela do celular, sentindo a gratificação prazerosa da mensagem me dominar. Não era nenhuma novidade que tivessem gostado tanto dele, nada poderia soar mais esperado. A decisão de encaminhar a gravação de repente pareceu muito correta e inteligente, talvez uma das únicas decisões corretas que eu tivesse tomado enquanto estávamos juntos.

Reconheci de imediato seu potencial. Se Jimin se dedicasse aos estudos, procurasse uma formação e se empenhasse naquilo como ele se empenhava com tudo, eu já podia deslumbrar uma carreira na dublagem em seu futuro.

Animei-me com a ideia e não quis mais esperar. Por isso, encaminhei o e-mail para o endereço de Jimin, com todas as informações necessárias. Entretanto, quanto mais tempo eu passava encarando o "mensagem encaminhada" na tela do celular, mais inquieto ficava, como se quem sabe estivesse infligindo algum limite ao entrar em contato.

Inúmeras vezes tentei não refletir muito sobre Jimin, no afã de achar sentido em como seriamos daqui pra frente. Depois do nosso encontro na praia, mesmo consumido pela sensação de término, não consegui segurar meu impulso de resolver as coisas. Naquela mesma noite, tive uma conversa com Jisoo, conversa essa que poderia ser responsável por mudar muita coisa no quadro geral das nossas vidas.