What he didn't tell me • jikook

[17] i know it's over

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//JIMIN

Uma vez eu li em algum lugar que bastava um pequeno espaço, uma minúscula fresta de escuridão que se abria em meio a luz, para as coisas se encaminharem em outra direção. E era exatamente dessa forma que eu me sentia naquele momento, como se existisse um cano entupido de palavras não ditas prestes a estourar sem aviso prévio, vazando por todos os lados.

De fato, era isso o que estava acontecendo, palavras vazando. Várias conversas importantes aconteciam por trás das paredes daquele duplex e soava até cômico imaginar o quanto eu não daria para ouvir cada uma delas, porque todas pareciam importantes e decisivas demais.

Na sala, Seokjin conversava com Jisoo e Namjoon, detalhando as minúcias de nossa recente aventura inspirada na família Holms e com certeza chocando o casal com as alegações descobertas agora há pouco. Se eu apenas fechasse meus olhos, conseguiria visualizar o semblante incrédulo e devastado da minha ex cunhada ao descobrir a real face do irmão.

Taehyung não era só um simples guia turístico. Ele mexia com drogas.

No quarto principal, entre portas fechadas com exasperação, Yoongi conduzia a conversa do século com seu rolo mais enrolado, Hoseok. O tema, obviamente, pautado nas revelações sobre seu treinador e o percurso da sua carreira até ali. Com toda a certeza não deveria estar sendo fácil. Mas eu imaginava a que passo andava o diálogo dos dois, visto que Yoon não lhe deu nem chances de raciocinar enquanto despejava um rio de informações.

E ali, em um dos quartos de hóspedes, onde podíamos nos permitir agir normalmente enquanto juntos, eu tinha a minha própria conversa particular com Jungkook.

Contudo, "conversa" era um baita eufemismo.

Talvez aquela seria a primeira briga para valer que estávamos tendo desde que demos início a todo nosso lance. Devo confessar, começamos bem. Ele me fez perguntas com toda a paciência que pôde reunir, mesmo que sua face demonstrasse que sua vontade mesmo era arrancar todas as informações com um alicate, uma a uma.

E eu respondi com sinceridade. Todas as variantes e variáveis que nos levaram à fria e suja barbearia naquele subúrbio desconhecido, com caras mal encarados que viriam a ser conhecidos de Taehyung.

Não sei exatamente quando nossa comunicação começou a despencar junto com uma avalanche de acusações, mas naquele ponto nós estávamos pouco preocupados se alguém nos ouviria e as deduções que fariam por estarmos sozinhos no quarto.

Eu estava começando a ficar irritado, ele já não escondia seu descontentamento.

— Você o que? — Sua entonação quase me assustou. Quase.

Eu havia acabado de confessar que sabia que ele me escondia algo. Fiz tudo sair do meu peito de uma vez só: que logo no começo grudei nele para descobrir as omissões de Taehyung e que escutei sua conversa com Hyung-sik por trás da porta. 

Respirei pela primeira vez no que pareceu meses. E sim, peguei toda a responsabilidade pelas minhas mentiras, sem envolver Yoongi e Seokjin no meio. Fui eu quem começou com tudo aquilo, então sofreria as consequências sozinho.

— A mensagem que ele mandou no seu celular, no dia da boate... — Peguei fôlego e confessei outra omissão que saiu quase como um engasgo. — Eu li.

Ele podia fazer o que quisesse com as minhas revelações. Sinceramente, eu estava cansado de tantas mentiras acumuladas. Cansado de fingir que não estava me matando querer saber de tudo o que ele escondia.