CAPÍTULO IV

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DENIAL

Tem dias que acordar é algo extremamente doloroso e cruel.

Naquela noite Draco Malfoy preferia não ter acordado. Sentia gosto de sangue na boca e via em borrões, não conseguia respirar e seu tórax parecia estar lutando contra ele mesmo, em cada parte de si, respirava dor. Queria gritar, mas sua voz não saía, as pétalas azuis viam uma após a outra, o garoto mal conseguia se recuperar. Seu rosto já encharcado de lágrimas, seu lençol e suas roupas manchados de sangue. Quase não acreditou quando avistou a Madame Pomfrey e Srta. Stark entrarem na ala hospitalar, naquele horário a maioria dos moradores do castelo estavam dormindo, mas agradecia a qualquer que fosse o motivo pelo qual às duas resolveram ir ali naquela hora da noite. Talvez sua miséria já fosse escutada por todo o castelo.

Não conseguia prestar atenção em qualquer coisa que as mulheres diziam, pareciam discutir algo, lançou-lhes um olhar desesperado em meio as tosses e elas prontamente se apressaram em encerrar a discussão e avançar em direção ao loiro.

A última coisa que Malfoy viu naquela noite foi a escuridão dos olhos da Srta. Stark antes que finalmente perdesse a consciência.

Harry Potter acordara com um nó na garganta, fazia tempos desde que tinha um pesadelo. Não se lembrava sobre o que foi, mas não se sentia bem sobre aquilo.

Era segunda-feira e combinara com seus amigos de visitar Hagrid ao fim do dia. O sol do fim da tarde já entrava pela janela do quarto, mas Harry se sentia tão cansado pelos acontecimentos de sábado que aquilo nem o incomodou quando resolveu tirar um cochilo depois do fim das aulas. Tomou coragem e se levantou da cama, colocou seus óculos que estavam na cabeceira ao lado e ainda sonolento caminhou em direção ao banheiro tentando não fazer muito barulho.

Enquanto escovava os dentes Harry tinha pequenos 'flashes' do seu pesadelo, estava em um jardim enorme, tão enorme que fazia Harry parecer uma formiga e uma formiga parecer um nada, ele estava procurando por algo, mas não conseguia se lembrar o que era.

Quando terminou o que estava fazendo no banheiro se olhou no espelho, concluindo mais uma vez que a única coisa que realmente gostava em si, eram seus olhos, mas somente porque os lembravam da sua mãe mesmo que eles já não carregassem o mesmo brilho, seus cabelos sempre estavam bagunçados não importa quantas vezes ele tentasse os consertar e por muitos anos aquilo o irritou, mas agora ele só os deixava ser livres.

Se apressou em se vestir e sair do dormitório e logo depois do castelo em si, decidiu que esperaria os amigos do lado de fora, mesmo no fim do dia ele ainda parecia parecia bonito e Harry sentia que precisava colocar a cabeça no lugar. Os acontecimentos na ala hospitalar ainda rondavam sua cabeça e ele simplesmente não sabia o que pensar. Caminhou o suficiente para encontrar uma árvore onde pudesse ver os amigos quando saíssem do castelo e que não ficasse tão longe da cabana de Hagrid, sentou-se encostando no tronco da mesma respirando fundo e sentindo aquele lugar, o lugar que um dia chamou casa. Quem olhasse para Hogwarts naquele momento não imaginaria o campo de batalha que ela um dia foi, mas as coisas são assim, só vemos o que está ao nosso alcance.

O dia estava realmente bonito, as cores do crepúsculo já podiam ser vistas, e estaria ainda mais bonito se não fosse pelo subi consciente de Harry que insistia em fazê-lo pensar no maldito príncipe da sonserina. O azul que restava naquele céu só o fazia lembrar do azul nos olhos do loiro e em como eles pareciam estar sofrendo, a última vez que viu aqueles olhos naquele estado foi naquela noite fatídica onde quase matou seu rival, Harry afastou o pensamento, não gostava de lembrar daquilo.

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