CAPÍTULO X

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IRIS

— E se fôssemos lá fora?

Harry perguntou a um Draco Malfoy concentradíssimo em pergaminhos que era basicamente tudo em que eles se concentravam nos últimos três dias que o moreno esteve ali.

Já era sexta-feira e Harry simplesmente não aguentava mais ouvir sobre catoptromancia ou feitiços não verbais, então nesse momento passava a Malfoy uma lista de coisas que eles poderiam fazer e era prontamente refutado ou ignorado.

— Espero que esteja brincando ou realmente vou começar a acreditar que tem algum tipo de atraso intelectual. — Draco respondeu sem direcionar os olhos ao moreno, o sonserino achava particularmente mais fácil ser hostil quando não encarava aquela imensidão esverdeada.

— Qual é o problema agora? — Malfoy já rejeitara xadrez bruxo, gringoly (um jogo bruxo que em que propriedades eram vendidas e compradas onde alguns jogadores ficavam ricos e outros iam à falência) e até pensou em o desafiar a uma partida no medidor para poderem declarar quem lançava o bombarda mais poderoso, mas julgou que aquilo provavelmente levaria os dois a uma discussão sobre quem era o melhor bruxo e Harry estava tentando fielmente não brigar com o sonserino, coisa que Malfoy não facilitava nem um pouco.

O ponto é que Malfoy havia rejeitado todas as suas sugestões com uns argumentos tão podres que pareciam piadas, mas Harry não iria desistir simplesmente porque não sabia se aguentaria mais um dia de todo aquele conhecimento sendo forçado para dentro do seu cérebro. Harry não queria ser inteligente agora, queria se divertir.

— Não posso sair desse quarto, Potter.

— Por quê?

Draco levantou os olhos a Harry e ele jurou que se estivesse perto o suficiente aquele olhar poderia lhe deixar cicatrizes.

— Estou em observação, se esqueceu? — Foi tudo que se limitou a dizer.

— Só estamos nós dois. — Draco achou irritavelmente adorável o jeito como Harry olhou de um lado para o outro antes de dizer aquilo, como se quisesse ter certeza de que realmente não havia ninguém além deles, no quarto.

— Ainda assim.

Draco não queria admitir ter medo de sair do castelo, porque da última vez que havia fugido de algum lugar havia acabado em corredor em lágrimas encarando os olhos esmeraldas de Potter e o amaldiçoando por não compartilhar do mesmo sentimento que ele tinha. E se acontecesse de novo? E se quem o encontrasse agora não fosse Potter? Sentia repulsa só de imaginar outra pessoa o vendo em estado tão patético.

— Vamos lá! Vai ser bom para você também! Pegar um pouco de sol, sabe? Sentir o ar puro... Vai me dizer que também não se sente entediado?

"É impossível ficar entediado com você", Draco teve vontade de dizer, o que era verdade porque quando Harry estava ali o loiro encontrava coisas para com que se distrair como o modo em que orelhas de Potter ficavam vermelhas quando ele ficava com raiva, ou como a janela saliente parecia ser seu lugar favorito do quarto e até mesmo em como seus olhos esmeralda pareciam ficar ainda mais brilhantes quando ele falava das coisas que gostava, ou como ele coçava a nuca quando estava tímido, suspirava demais quando estava entediado, bagunçava ainda mais seu cabelo (se é que aquilo era possível) quando frustrado e balançava freneticamente a perna direita quando estava nervoso. Não que ele já não tivesse reparado em algumas daquelas coisas naqueles oito anos, mas Draco ainda poderia passar horas observando repetitivamente cada detalhe de Harry Potter e nunca ficar entediado. Mas é claro que nunca poderia lhe dizer isso.

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