CAPÍTULO XIII

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WE'VE GOT TONIGHT

Harry era leal.

Leal ao extremo, não era um lufano, mas gostava de pensar que lealdade também era uma forma de bravura. Ser leal significava se atrair ao mínimo e se entregar ao máximo sem esperar nada em troca, por isso Harry gostava da ideia de ser leal e odiava o que quer que fosse que ele estivesse fazendo agora.

Harry não gostava de segredos, algo que não deve ser dito, provavelmente não deve ser feito e era por isso que estava se sentindo um pedaço de lixo naquela semana. Ele não gostava de segredos, então naturalmente ele era horrível em mantê-los e atualmente ele estava lutando para guardar um dos grandes. Hermione e Ron pareciam ter finalmente se desfocado dos sumiços noturnos do moreno ou talvez só tenham se acostumado com o fato de que Harry não confiava mais neles. Harry tinha o instinto de que se tratava da segunda opção. Ron já não mais ficava esperando Harry chegar tarde da noite no dormitório, Hermione já não insistia nas perguntas e se eles estavam tentando fazer Harry se sentir menos culpado por esconder coisas deles, estava sendo um fracasso total porque ele ainda podia sentir que aquilo os incomodava. Como? As coisas simplesmente pareciam diferentes, com o passar do tempo em que o casal grifinório esperara uma explicação de Harry a qual nunca chegou, o moreno percebia um certo desconforto entre eles.

Como na última semana, quando no café da manhã Harry acordava mais uma vez atrasado por ficar até tarde da noite no quarto de Draco discutindo a nova temporada de quadribol (Harry se surpreendeu ao descobrir que Malfoy não realmente se importava com quadribol tanto quanto ele pensava). Ele chegou a mesa as pressas perguntando a Ron porquê ele não havia o acordado, ao que recebeu como resposta somente um "Achei que não queria ser incomodado" mal direcionado antes do mesmo voltar a discutir algo com Neville que Harry estava chocado demais para prestar a atenção no que era. Perdeu a fome naquele dia. Outra vez Harry pegou Ron, Hermione, Neville e Ginny aos cochichos e risos no salão comunal e quando chegou para perguntar aos amigos o que estavam conversando, Ron interrompeu Ginny prontamente dizendo:

— É segredo. Isso está se tornando um hábito por aqui, não é mesmo?

Ninguém o repreendeu.

Hermione conseguia ser mais discreta, no máximo havia se recusado a emprestar suas anotações a Harry, o que significava que agora era ele mesmo que escrevia os pergaminhos que entregava a Draco toda semana, o que não deixou o loiro nem um pouco contente. Aquilo já estava beirando a tortura para Harry, sentia que se não se abrisse para ninguém explodiria e por mais surpreso que estivesse recorreu a última pessoa no mundo bruxo a quem cogitaria pedir ajuda, mas que por alguma ironia do destino era a única que podia ouvi-lo naquele momento:

— É só que... eles estão sendo tão infantis! Sete anos! Aguentei sete anos daquele romance em negação que eles tiveram e nunca reclamei nem um segundo por ter que aturar o redemoinho de drama que eles inventavam toda semana! — Harry andava de um lado para outro pelo quarto, gesticulando aleatoriamente tentando expressar a sua indignação enquanto um sonserino ria deitado em sua cama de sedosos lençóis azuis, se perguntando como Potter podia ficar tão fofo quando estava com raiva. — E agora sumo por algumas noites e eles se acham no direito de ficarem irritados com isso! Quer dizer, eu não tenho direito a privacidade?

— Claro que tem, Potter! — Malfoy não gostava dos amigos de Harry, então estava se divertindo muito com a performance do moreno.

— Estão sendo dois bebês é isso que são! Esse é o melhor jeito que eles conseguiram lidar com isso? Será que eles não veem que eu me sinto mal o suficiente?

— Eles deveriam ver o seu lado. — Malfoy encorajou ainda mais com um sorriso no rosto.

— Exato! Quer dizer, eles estão sendo tão injustos! Conto tudo para eles, tudo! E ainda assim não é suficiente?

LOVE HURTS ➤DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora