Ela sempre buscou doar seu melhor, mas nem sempre a vida lhe foi recíproca. Agora ela também sabe iludir, sabe colecionar corações, fazer com que as lágrimas caiam, enganar e brincar de ilusão. Atos de defesa ou sobrevivência? A pergunta é: interpr...
09:00hrs, Terça-Feira, Apartamento da Família Diaz.
IDENTIDADE VISUAL APARTAMENTO DA CARLA:
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Os raios de sol se esvaindo nas frestas da cortina branca anunciavam a manhã quente, bem típica do verão carioca que tava fazendo, mas minha cama estava estranhamente fria, sendo difícil encontrar qualquer ânimo para levantar ou sair das três cobertas que tinham em cima de mim. Peguei o celular pra conferir o horário e lamentei confirmando que teria realmente que levantar. Levantei, escovei os dentes e parei na sala ao encontrar com minha mãe tomando café perdida dentre as muitas cestas, buquês, balões e caixas que ocupavam praticamente a mesa toda, sorri ao ver a cena e ela me fuzilou com o olhar.
Mara: Carla Carolina, você sabe que a gente tem que achar um lugar pra isso tudo né? Tudo que chegar agora eu vou colocar em cima da sua cama! – falou tentando ser brava.
Carla: Vamos resolver isso tá Dona Mara!? – Falei enchendo a cabeça dela de beijinhos. Bom Dia... – beijinho. Pra você também! – beijinho.
Mara: Bom dia meu amor! – se virou dando um beijo no meu rosto. Dormiu bem?
Carla: Tô dormindo ainda mãe... – disse afastando alguns presentes e abrindo espaço pra poder tomar café.
Mara: A equipe vai chegar daqui a pouco pra começar a produção. – falou levando a xícara até a boca e eu apenas suspirei concordando.
Hoje era o dia da final do programa. Todos fizeram os testes (PCR) e como todos negativamos íamos participar do evento da final. Terminei de tomar café e quando ia saindo da mesa esbarrei em uma das muitas sacolas da mesa, era um embrulho pequeno de papel craft enrolado com um barbante branco, eu peguei e fui pro quarto. Quando abri o presente era uma daquelas "caixinha de promessas" que vem vários versículos bíblicos. Resolvi pegar um.
"Eu me apaixonei enquanto estávamos juntos, e me apaixonei ainda mais quando ficamos separados." - Querido John
Oxe desde quando Querido John tá na Bíblia? Li franzindo o cenho. Virei o verso do cartão e tinha um emoji de tamborzinho, o que explicava o contexto da "frase bíblica" Sorri achando fofo. O sorriso foi sumindo enquanto eu me dava conta do que estava por vir no dia de hoje, eu o veria pela primeira vez depois de tanto tempo e o embrulho no estômago veio instantaneamente. Será que eu estava realmente pronta pra deixar todo sentimento de lado e a saudade que embora eu negasse até a morte, apertou muitas vezes durante todos esses dias pra enfim dar lugar apenas para a Carla racional? É, eu tinha que tá!
Narradora: Desde a sua saída, Carla tem vivido um misto de sentimentos diariamente. Ela viu muita coisa que a machucou, que a feriu e foi colocada em muitas situações humilhantes. A verdade é que os sentimentos nunca lhe causaram dúvidas, os julgamentos sim. Ela se feriu e como defesa resolveu que seguir sua vida era melhor e segue decidida a focar apenas no trabalho, 200% do seu tempo. Ela só não sabe que não vai ser tão fácil seguir com seu plano assim. Quando o coração não consegue esconder o que sente e a gente tenta lutar contra isso, até a razão parece perder o sentido.
