Capítulo 35

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POV CARLA

Quinta-feira, Hotel Rio de Janeiro.

A claridade que entrava pela janela começou a me incomodar e eu tentei levantar pra fechar a cortina, só que meu plano foi impedido pelos braços do Arthur que me puxaram de volta em resposta aos meus movimentos. Sorri percebendo que ele fez isso mesmo ainda estando muito no sono (fonte: boca entreaberta). Depois de quase uma dança do ventre pra conseguir driblar os braços dele sem acordá-lo, levantei e peguei meu celular, a última notificação era do Vini.

"Oh minha rosa, sei que a noite deve ter sido ótima, mas não sei se você lembra daquele negócio, trabalho o nome, lembra? A gente tá no quarto 1040, no fim do corredor. AGUARDO RESPOSTAS!"

As fotos, tinha esquecido completamente e provavelmente o Vini tava querendo me matar, não, provavelmente não, ele tava querendo me matar com toda certeza. Fui no banheiro escovar os dentes e trocar de roupa, fechei a mala com as roupas que tinha que fotografar. Confesso que deixar o quarto com o Arthur deitado só de cueca box e completamente descoberto não foi uma tarefa muito fácil, mas se bem conheço meu amigo, se eu não aparecesse em 10min, ele baixaria na porta desse quarto derrubando tudo, então era melhor facilitar. Quando ia saindo do quarto vi uma caixa de donuts na mesa que uns fãs tinham deixado no hotel ontem.

Carla: Bom dia, tô errada, perdão, te amo! - entrei no quarto soltando a mala e correndo pra abraçar o Vini que abriu a porta com cara de pouquíssimos amigos.

Vini: Olha, sinceramente Carla Carolina, eu não sei nem o que falar viu? - falou retribuindo o abraço ainda de cara feia.

Carla: Trouxe donuts! - corri na cama e mostrei a caixa pra ele sorrindo largo.

Vini: Golpe baixo... - pegando a caixa da minha mão.

Rebecca: Você é péssima! - disse saindo do banheiro.

Carla: Caralho! - disse vendo a produção.

Vini: Alguém tem que trabalhar né? - deu os ombros.

Rebecca: Noites de sexo não pagam boletos viu? - dando tapinhas nas minhas costas.

Carla: Vocês parem! - abri a mala pra começar a separar os looks.

Rebecca: Parem um caralho! Pode ir abrindo o bico! Porque o rolê que eu tive que dar pra gente conseguir outro quarto, não tá escrito!

Vini: Nunca vou te perdoar por não ter me incluído nesse plano sua cachorra!

Carla: Você não sabia? - ri.

Vini: Não, essa ridícula não contou e eu fiquei igual ao pato! - mostrou o dedo do meio pra Rebecca.

Rebecca: Não teve como contar, eu já expliquei.

Carla: Você é muito Maria cola com os outros né Rebecca? Já tá melhor amiga do Arthur, tô observando você!

Rebecca: Primeiramente você devia me dizer um 'obrigada' e não ficar procurando motivo pra brigar com sua irmãzinha que só pensa na sua felicidade e faz tudo por você... - sentou na cama cruzando os braços e já tratando de colocar um bico do tamanho do mundo na cara.

Carla: Meu Deus, o que eu fiz pra merecer tantos cancerianos na minha vida? - ri subindo na cama pra abraçá-la.

Vini: Você sabe que ela vai ficar magoada e vai passar pelo menos o resto do mês lembrando disso né? - enfiando um donuts na boca.

Carla: Ai como não amar esses cancerianos? - falei rindo e apertando o abraço ainda não correspondido pelo poço de drama.

Vini e Rebecca: ESSES CANCERIANOS? - disseram no coro engraçadíssimo enquanto ele se engasgava com donuts e ela se afastou me segurando pelos ombros me fazendo cair na gargalhada.

Carla: Ih gente, calma tá?

Rebecca: É sério Carla, eu e o Vini conversamos muito ontem a noite, a gente se preocupa com você... Depois de tudo o que você passou, é difícil não se preocupar, você sabe... - se ajeitou na cama tentando disfarçar uma lágrima que ameaçava cair.

Vini: Você não tem noção do quanto queríamos poder te colocar você num lugarzinho e sua única preocupação ser viver, mas infelizmente você sabe que não tem como! - sentou na cama com a boca toda suja de leite em pó do donuts.

Carla: Vocês querem me fazer chorar? - eles riram negando e apenas mantiveram os olhares compreensivos que fizeram meu coração aquecer. Eu tô bem, tô feliz e tenho noção de tudo o que pode acontecer, mas eu não tô com medo, eu não posso ter medo, é a minha vida, a minha felicidade sabe? - eles concordaram. Eu tenho pedido muito que Deus confirme a escolha do meu coração de querer dar uma nova chance pra gente e eu tô tendo tantas, ele tá todo carinhoso, não que ele não fosse, mas agora é diferente, ele demonstra mais, de uma forma leve, sem bloqueios e gosta de demonstrar. Ele voltou de viagem de surpresa, o Arthur orgulhoso e marrento não faria isso, é estranho e bom conhecer esse novo lado dele. A gente tá aprendendo a se relacionar aqui fora, é tudo muito novo. Não tem como não pensar no que as pessoas vão achar, é óbvio que eu penso e acredito que ele também, acho que a gente só não quer trazer isso, que tanto nos machucou, pra algo que estamos tentando reconstruir, pelo menos não agora. - respirei fundo olhando pra eles.

Rebecca: Seu brilho no olhar, ele... ele voltou. - dessa vez as lágrimas foram mais rápidas e ela me olhou sorrindo enquanto secava.

Vini: Era isso que a gente precisava ouvir de você e da gente, o que você precisa saber é que, se for preciso o seu esquadrão caça haters, entra em ação! - colocou a mão em cima da minha que tava na minha perna.

Carla: Eu tenho um esquadrão? - ri segurando a emoção.

Rebecca: Sempre teve! - juntou sua mão as nossas.

Carla: O que seria de mim sem vocês? - puxei os dois pra um abraço demorando e nem tentei controlar as lágrimas, só me deixei sentir a gratidão por tudo o que aquele abraço representava.

Como eu era sortuda em sempre encontrar tanto amor e cuidado naqueles que estão comigo. Nos meus piores dias, foi neles que eu encontrei todo o apoio que eu precisava, e saber que isso não ia mudar era muito confortante. Sabia de tudo que eles temiam, afinal, também era um dos meus medos, não tinha como não ser... Mas é aquela história, se der medo, vai com medo mesmo e eu não ia desistir dessa vez, não queria, e espero não precisar.

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