Capítulo 24

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POV: ARTHUR

Domingo/Segunda, Clínica Veterinária.

Lembrei que de que na outra esquina da Clínica tinha uma lanchonete e corri até lá, para o meu azar o dono tava fechando e por mais que eu insisti e quase implorei pra ele fazer um suco, ele disse que não podia. Tudo bem, era de madrugada, e eu era um louco sem camisa na chuva? Era! Mas não custava nada poxa. Foi só quando eu disse que minha mãe tava passando mal e ensaiei um choro (tô ficando ator, respeita a lenda) ele disse que me vendia uma caixa de leite condensado. Nem minhas falsas lágrimas amoleceram o coração do homem que me cobrou 15 reais em uma caixa de leite condensado, aquele safado, mas enfim, dos males o menor. Voltei correndo pra clínica o mais rápido que eu consegui. Cheguei lá a Carla tava branca como uma folha de papel.

Arthur: Não consegui açúcar, mas isso deve resolver! - disse mostrando o leite condensado e abrindo a caixa no dente.

Carla: Obrigada! - pegou a caixa da minha mão e virou na boca

Arthur: Coloca as pernas pra cima aqui, pra ajudar! - puxei uma cadeira e coloquei na frente dela

Carla: Meu Deus você tá ensopado! - falou rindo

Arthur: Besteira! - falei sacudindo o cabelo com a mão.

Carla: Toma, seca o máximo que der, se não você tá muito ferrado! - disse me entregando uma caixinha de lenços e eu ri da ideia que claramente era péssima, mas o que vale a é a intenção. Nossa atenção foi desviada do banho que eu havia tomado quando o médico abriu a porta e veio em nossa direção.

Veterinário: Então, ele inalou muita fumaça, mas vai ficar bem... Vou manter ele aqui a noite em observação e no soro e amanhã fazer um raio-x dos pulmões pra descartar qualquer infecção. No mais é isso, acho que podemos todos dormir aliviados hoje!

Carla: Ai Graças a Deus! - suspirou aliviada e nós fomos até o carro.

Arthur: Bom, considerando que seu apartamento deve tá só a fumaça e sem porta, nossa prometo que amanhã vou arrumar isso, acho que é melhor a gente ir lá pra casa né?

Carla: Eu não quero incomodar mais Arthur, você já passou por mais perrengue do que devia por minha causa hoje.

Arthur: Eu não vou nem me dar o trabalho de responder e vou considerar isso como um sim. - sai com o carro sem esperar que ela falasse alguma coisa.

Carla: Nossa que dia! - falou enquanto entravamos no apartamento.

Arthur: Caraca muleque que dia que isso, põe um Thiaguinho, o que? Só pra relaxar. - cantarolei enquanto fazia o passinho do pagode e ela riu apontando pra água que saiu do tênis ensopado.

Carla: Nossa e eu que achava que minha casa tava sendo abduzida por presentes. - disse indo até a mesa onde tinham as cestas.

Arthur: Não véi, eu já desisti e entreguei pra Deus, chega coisa todo dia, é impossível de arrumar. - falei enquanto tirava o tênis e levava pra varanda.

Carla: Eu também ganhei essa cesta, esse vinho aqui é maravilho! - disse mostrando a garrafa azul. 

Arthur: Eu nunca tomei esse! - peguei a garrafa pra ver.

Carla: Essa cesta é incrível, olha vem umas massas e vários acompanhamentos, nossa eu acho que eu preciso beber depois desse sufoco todo... - Falou me olhando como se pedisse permissão.

Arthur: Claro! Eu só vou tomar um banho e comer alguma coisa porque tô morrendo de fome! - ela me olhou espantada. Olha não sei se a senhorita lembra, mas eu invadi um incêndio pra salvar seu mascote, enfrentei chuva, raios e trovões para salvar vossa alteza de sua hipoglicemia, ser herói cansa viu?

Carla: Entendi, então acho que o mínimo que a donzela aqui pode fazer em agradecimento é tirar a barriga do cavalheiro do reino encantado de Conduru da miséria - disse pegando alguns itens da cesta e indo até a cozinha.

Arthur: Volto já pra ajudar a Donzela perdida do castelo incendiado da Barra da Tijuca - falei berrando enquanto ia até o banheiro e pude ouvir a gargalhada dela.

Terminei o banho e voltei pra cozinha e nem tive muito o que ajudar porque quando cheguei já tava praticamente pronto, fizemos nossos pratos e fomos comer no chão da sala, já que minha mesa estava completamente lotada. Comemos assistindo o filme que passava na Globo, inédito e nunca antes visto: Titanic.

Arthur: Esse Jake é um burro! Morreu porque foi burro, laudo médico: burro! Eu não me conformo, esse final é patético. É óbvio que cabiam os dois nessa madeira, tudo bem que o filme foi a mil anos atrás, mas porra, as pessoas não eram tão burras assim eram? - falei dando um gole no vinho enquanto me questionava indignado e olhei pra ela esperando o mesmo mesmo pensamento, mas não foi o que eu encontrei, ela me olhava fixamente com a cara de quem nem tinha ouvido o que eu tinha acabado de falar. Que foi? - perguntei franzindo o cenho

Carla: Tô com saudade!

E foi assim que ela, na mesma fração em que falava ligou a britadeira que agora estava no meu peito. Não sei se foi o efeito do vinho que fez ela falar aquilo, mas a embriaguez que eu sentia eu sabia que não era do álcool e sim da forma como ela me olhava e eu podia jurar que meu coração tava prestes a furar meu peito e cair ali mesmo, no chão da minha sala.

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