Capítulo 27

1.6K 64 10
                                    

POV CARLA

Segunda- feira, Apartamento da Família Díaz

Já tava de noite e tínhamos chegado na minha casa, graças aos céus o Sr. Henrique conseguiu uma equipe para consertar a porta e os serviços gerais do condomínio fez uma limpeza de respeito no apartamento tirando todo o cheiro daquela fumaça insuportável, parecia que nada tinha acontecido. Menos mal, diminuiria consideravelmente a fúria de Dona Mara Díaz. Tava no sofá rindo da cena do Arthur na peleja pra conseguir fazer o Chaplin tomar o remédio enquanto ele rosnava.

Carla: Quando eu falo que ele é bravo as pessoas não acreditam... - dando os ombros.

Arthur: Meu Deus, pequenininho e uma onça, parece uma pessoa que eu conheço. - olhou pra mim levantando as sobrancelhas.

Carla: Graçinha você né? - disse mostrando a língua.

Arthur: Já sei, cadê a chupeta dele? - levantei pra ir buscar.

Carla: Aqui! - entreguei pra ele.

Arthur: Aqui amigão, olha aqui! - ficou balançando a chupeta na frente dele e ele abriu a boca pra tentar pegar e o Arthur enfiou o remédio de goela a baixo nele.

Carla: Tadinho! - ri.

Arthur: É cria, sou mais esperto que você, desculpa! - tentou pegar ele no colo e ele saiu correndo com a chupeta.

Carla: Tá vendo, magoou o cachorro!

Arthur: Depois eu dobro ele, sou bom nisso... - falou levantando e vindo até o sofá com um sorrisinho de criança que está prestes a fazer coisa errada.

Carla: É? - passei os braços por cima dos seus ombros puxando ele pra um selinho.

Arthur: Eu sou bom em muitas coisas Dona Carla... - falou sentando no sofá e me puxando pro seu colo, o que ele fazia com uma certa facilidade. Ele explorava cada cantinho da minha boca, sem pressa. Depois que nós descobrimos que outras coisas se encaixavam tanto quanto o beijo, ele parece ter melhorado consideravelmente, o que chegava a ser surpreendente mente assustador. 

Não preciso dizer que a essa altura o pino já tinha sido puxado né? Aquele pino que eu falei pra vocês. Não, eu acho que não preciso, porque ele foi puxado até antes do beijo. Entendi que nem precisava de contato para os nossos corpos se acenderem e vir a necessidade absurda um do outro, bastava um olhar, uma frase, lá estava o tal pino sendo jogado pra longe. As mãos dele passeavam por todo o meu corpo quando a trilha sonora dos nossos beijos passou a batalhar com o toque do telefone que começou a berrar pelo apartamento o que obviamente, foi completamente ignorado por nós. Uma, duas vezes...

Carla: Dro-ga... - bufei quando ouvi tocar pela terceira e me levantei pra ir em busca da minha bolsa, reconhecendo que o maldito toque era o meu.

Arthur: Amo a comunicação telefônica, eu amo! - falou caindo no sofá respirando fundo.

Carla: Era a Rebecca, avisando que elas tão chegando. - voltei pra sala e o olhinhos de marte de desejo dele se arregalaram.

Arthur: É melhor eu ir embora? - perguntou enquanto se ajeitava no sofá.

Carla: Porque? - olhei pra ele confusa.

Arthur: Ah, sei lá...

Carla: Lindo, você salvou o Chaplin e no momento deve ser uma das pessoas favoritas no mundo pra Dona Mara, ela vai querer no mínimo agradecer. - falei puxando ele e dando vários beijinhos no olho.

Arthur: Ai Carla, elas tão chegando de viagem, cansadas, não sei se é o melhor momento pra ter visitas inesperadas em casa, é? Eu não quero incomodar! - falou levantando do sofá.

Carla: Pera ai, você tá nervoso? - falei rindo enquanto ele furava o chão da sala.

Arthur: Olha, não tem graça! - me encarou sério.

Carla: Desculpa! - falei engolindo o riso e olhei pra ele com a maior seriedade que consegui, tentando demonstrar respeito pelo pânico que eu acabei de perceber no olhar dele.

Arthur: Encarar uma Díaz com Z por vez já é difícil, agora três... Não sei se eu tô pronto pra isso! - falou parando na minha frente com a mão na cintura.

Carla: Para com isso lindo... Vem cá! - falei estendendo a mão pra ele voltar pro sofá.

Porém nem todos os beijinhos e cafunés foram suficientes para tirar a inquietação dele. Não demorou muito e elas chegaram. Talvez o abraço choroso da minha mãe nele e a empolgação da minha prima quando o viu tenham deixado ele mais tranquilo, e pelo sorriso que ele deu pra mim, talvez isso tenha sido o suficiente.

Mara: Ai gente, vocês tão bem mesmo? - falou ainda segurando o choro pegando o Arthur pelos ombros e conferindo ele de cima a baixo.

Arthur: 100% inteiros Dona Mara! - falou rindo da preocupação dela.

Carla: Estamos todos bem mãe! - disse indo até ela pra abraça-la.

Mara: Cadê o Chaplin? - soltou do meu abraço e saiu procurando nossa pequena criatura.

Carla: Nossa, ela cagou pro meu abraço, vocês viram isso né? - olhei pra Rebecca e pro Arthur e eles riram da minha cara de tacho.

Rebecca: Vou terminar de subir as malas, a gente só conseguiu trazer a metade! - disse deixando a bolsa em cima da mesa.

Arthur: Eu te ajudo! - falou saindo do apartamento pra segurar o elevador.

Rebecca: Não tô entendendo nada, mas tô amando! - sussurrou pra mim antes de fechar a porta e descer com o Arthur pra buscar o restante das coisas no carro e eu fui fazer companhia a minha mãe que chorava copiosamente vendo o Chaplin dormir com a chupeta dele na boca e me fez explicar pela milésima vez como tudo tinha acontecido e quais eram as recomendações médicas do pequeno Chaplin.

CONTRAMÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora