Capítulo 08

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POV: CARLA

Quarta-Feira, Apartamento da Família Diaz.

Eu já estava começando a perder a paciência. Sabe quando você tá querendo brigar e a outra pessoa não tá entrando na briga? Pois é, eu tava nessa situação e sabia que se a conversa fosse pra outro lado eu não ia ter pulso pra segurar.

Carla: Lá dentro a gente viveu uma realidade que não existe aqui Arthur, aqui fora nós temos nossas vidas, nossas carreiras, nossas famílias, nossa vida não é morando em uma casa com 20 estranhos e 70 câmeras. A questão não é sobre ter sido real ou não, a gente viveu tudo aquilo e não tem como ter duvidas sobre isso. Eu tenho dúvidas e receios do que a gente pode ser aqui fora.

Arthur: Como que a gente pode saber como seria a gente aqui para Carla? Essa é a primeira conversa que a gente tá tendo depois de mais de um mês sem se ver.

Carla: Exatamente e olha a conversa que a gente tá tendo que ter, olha tudo que eu tive que passar, olha o que tudo isso gerou Arthur!

Arthur: Tem coisa na vida que vale a pena lutar não acha?

Carla: Eu não sei se eu quero isso pra minha vida. - Falei soltando a respiração.

Arthur: Eu? - Ele perguntou e eu não consegui responder. Responde Carla! - Continuou

Carla: A gente! Tudo o que a gente causou na minha vida, como consequências que tudo isso trouxe. - Falei enquanto ele tirava o Chaplin do colo, dando sinais que ia embora. Você vai embora? - indaguei indignada

Arthur: Eu não tenho mais o que falar Carla, eu sinto muito por ter errado com você de verdade e vou respeitar sua decisão. Eu sempre falei que tava na sua mão.

Carla: Ah é muito fácil jogar a culpa toda pra cima de mim né?

Arthur: Não é isso, você sabe que não... Ia adiantar eu te gastar aqui por horas falando tudo o que você já sabe? Você tá magoada, tem seus motivos, você sabe o que cabe na sua vida e o que não cabe e no fundo eu sempre suspeitei que eu não cabia... -  baixando a cabeça.

Carla: É, nós somos de dois mundos diferentes né? Eu não sei onde eu tava com a cabeça! - cuspi cada palavra sem nem pensar, apenas despejando toda a raiva que eu tava sentindo naquele momento.

Arthur: Eu queria muito tá bem o suficiente pra deixar você descontar toda sua raiva em mim, falar o que quisesse e eu ia ficar caladinho só ouvindo, mas eu não tô bem cara, infelizmente eu não tô bem. Que nós somos de mundo diferentes eu sei, sempre soube Carla, não sou idiota, mas se a gente ia caber na vida um do outro aqui fora não dava pra saber, só era bom o suficiente pra me fazer acreditar que podíamos caber. Eu já fico me culpando por tudo isso mas do que eu consigo aplicar, disso você pode ter certeza. Se isso te conforta eu já tô pagando minha parte direitinho. Eu vou indo nessa! - Falou levantando do sofá e indo até a porta.

Carla: Babaca! - Deixei escapar num sussurro, mas quando vi ele parando de girar a chave da porta percebi que foi alto o suficiente para ouvir.

Arthur: Não sei se um conselho meu tem algum valor pra você, mas de coração, de alguém que já teve nesse lugar, ser essa pessoa que machuca pra não sentir não vale o preço, é muito alto e você é boa demais pra ser essa pessoa - Disse ele antes de virar e ir embora.

Aquelas palavras foram como um balde de água fria na minha cabeça, eu não era essa pessoa, eu não queria ser essa pessoa, muito menos com ele. Quem eu tava querendo enganar, se nós éramos de dois mundos diferentes eu tava mais fudida, porque eu queria os dois, queria viver o meu mundo e o dele, só que definitivamente eu não via uma possibilidade de isso acontecer.

Mara: Minha filha, que cara é essa? - Minha mãe apareceu na sala perguntando e eu não consegui dizer uma palavra, só caí num pranto desesperado fazendo ela vir me abraçar. Calma minha filha, fica calma! - ela falou enquanto enxugava minhas lágrimas.

Carla: Mãe, eu sou péssima! Eu falei coisas que eu sei que machucam ele, não devia ter falado assim, não era isso que eu queria! - falei entre soluços de fim de choro.

Contei um pouco sobre como tinha sido a conversa e ela pela primeira vez que me falou que manteve contato com a família dele e me falou coisas que me deixaram ainda pior, sobre como as coisas pra eles foram consideravelmente mais duras do que pra gente, o que fez total sentido quando ele falou que não tava bem. Eu literalmente só falei, só olhei pra minha dor e pra tudo que eu passei e em momento nenhum parei pra ouvir e foi nesse momento que eu me senti qualquer coisa, menos eu. Me perdi em todas aquelas mágoas e transtornos vividos. Eu errei, sabia disso e sabia o que tinha que fazer.

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