Capítulo 44

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            Acordei extremamente cedo, com uma pedra na janela. Com certeza era o loiro, já que ele era a única pessoa insana o suficiente para me acordar de tal maneira. Apenas abri a janela e mostrei o dedo do meio, senti algo atingir meu rosto. Draco jogou um pedaço de maçã em mim. Tirei a cabeça da janela e sigilei um vai se fuder para o menino, que ria com sarcasmo. Não queria acordar Cedrico, então fiz o mínimo de barulho possível. Peguei minha mala, que havia feito no mesmo dia em que soube que Snape queria falar comigo, coloquei uma calça preta, um suéter verde e minha capa preta com detalhes em prata. Deixei a carta que escrevera para Cedrico na mesa de cabeceira, dei um selinho demorado nele sentindo seus lábios macios, e então pulei pela janela.
Caí de mal jeito na grama áspera. Soltei um gemido de dor me levantando enquanto Draco ria.
Eu: me ajuda a levantar pelo menos idiota!
O garoto imediatamente foi até mim e basicamente me levantou. Reparei que ele carregava uma cesta de maçãs.
Draco: pronta?
Eu: não
Uma pausa esse fez enquanto olhávamos para o nada divagando em nossos próprios pensamentos.
Eu: e você?
Draco: também não
Eu peguei em sua mão.
Eu: vamos então
Aparatamos para a mansão Malfoy, estávamos no jardim, vi o garoto enrijecer sua postura, ele parecia respirar com dificuldade, vi que estava inquieto, sua mão suava, sabia o que estava acontecendo com ele, lidaríamos com isso logo. O levei para um canto do jardim, no meio de arbustos, desamarrei meu chale de minha mala e estendi na grama para nos sentarmos. Olhei nos olhos cinzentos do meu amigo, via o quanto estava desconfortável.
Eu: tenta respirar comigo
Ele assentiu. Eu deveria tentar distraí-lo. Peguei uma maçã vermelha de sua cesta sem pedir, lancei uma verde para ele. Mordi a maçã ouvindo apenas o barulho de minha mordida na fruta suculenta.
Eu: vamos ter bastante tempo juntos, o que você acha que devemos fazer? Ler livros, piqueniques no jardim...
Draco: pode ser
Sua voz estava trêmula.
Eu: e também podemos jogar quadribol
Draco: boa ideia, também podemos dar passeios voando nas vassouras
Eu: podemos
Continuamos conversando, e em pouco tempo Draco respirava normalmente. Me levantei e o ajudei a fazer o mesmo, peguei meu chale e fomos para dentro da mansão.
Fomos recebidos por Narcisa, ela abraçou o filho e em seguida fez o mesmo comigo.
Narcisa: fico tão feliz em ver você Mary
Eu: digo o mesmo
Dei um sorriso amigável.
Narcisa: Draco, que tal ajudar Mary a se acomodar?
Draco assentiu. Pegou minha mala e andamos em silencio até um dos diversos quartos de hóspedes. Peguei minha mala e entrei.
Eu: obrigada Draco, venha aqui quando quiser
Draco sorriu maliciosamente e quando vi que ele ia flertar comigo fechei a porta na cara dele e ri. Uma cama de casal grande com roupa de cama preta ficava no meio do quarto, embaixo dela um tapete felpudo esverdeado e por cima um lustre com detalhes em prata e cobras com olhos de esmeralda. O quarto era iluminado por uma grande janela que ficava do lado da cama, um pouco fechada por grossas cortinas verdes de veludo. Uma escrivaninha preta ficava ao lado esquerdo contrário ao da cama, com quadros de arte abstrata verde cinza e preta na parede encima dela, e ao seu lado uma porta. A abri e um closet foi revelado. Ao lado direito dava para pendurar cabides e o esquerdo era repleto de gavetas, um tapete preto com cobras em cinza forrava o piso, e no final havia uma porta de espelho. A abri e entrei no banheiro. O balcão de mármore verde onde ficava a pia de prata brilhava pela luz que entrava da pequena janela que ficava ao lado esquerdo do cômodo. Vários armários de mármore preto se dispunham, e a banheira de mármore verde chamou minha atenção com suas torneiras de prata. Realmente não poderia reclamar de nada.
Guardei as minhas coisas de forma organizada, e quando acabei ouvi algumas batidas na porta. Fui até lá abri-la e me deparei com Narcisa, que usava um vestido longo nem chique nem casual de coloração cinza. Ela abriu um sorriso para mim.
Narcisa: esqueci de te avisar, jantamos as oito, quando estiver pronta desça.
Eu: obrigada, já desço então.
Dei um sorriso amigável e fechei a porta. Fui até o closet e dei uma olhada em minhas roupas penduradas. Parei o olhar quando cheguei aos vestidos. Escolhi um preto curto simples, com alças finas, justo e sem decote. O puxei do cabide e o vesti. Caiu como uma luva. Passei uma camada de rímel incolor e uma de gloss labial. Prendi metade do meu cabelo e desci as escadas rapidamente.
Todos já estavam sentados, Draco, Narcisa, Sirius, Lucio e Bellatrix. Fiquei meio desconfortável, notei 3 lugares vagos na mesa, os analisei, um na ponta, seria o de Voldemort, um ao lado esquerdo do da ponta, seria o de Snape, e um ao lado de Draco. Fui ao lugar que considerei meu e me sentei, atraindo todos os olhares.
Lucio: está atrasada
Eu ia responder, não sei bem o que mas o que quer que fosse foi interrompido por Narcisa.
Narcisa: culpa minha, esqueci de avisa-la com antecedência sobre o jantar
Lucio repreendeu a esposa e olhou feio para mim.
Narcisa: devo dizer que está linda Mary, não é Draco?
O loiro pareceu confuso, estava em devaneios.
Draco: o que?
Ele pareceu ter falado automaticamente, da mesma forma que automaticamente se arrependeu, já que seu pai lhe repreendeu por não prestar atenção.
Draco: está magnífica Mary
A frase em si parecia irônica, mas seu tom era comum.
Eu: obrigada, digo o mesmo de você
Para a minha alegria logo chegou o elfo doméstico trazendo vários pratos tampados.
Narcisa: esse é Dobby, se precisar de qualquer coisa fale com ele Mary
Eu: ok, obrigada
Fui repreendida por um olhar de Bellatrix que estava estranhamente calada até agora, acho que palavras casuais como ok, eram o tipo de coisa que eu deveria evitar. Meus pais me educaram perfeitamente para ser comensal, para ser nobre e estar apta a participar da "primeira classe" da sociedade, mas passando tanto tempo longe deles, acabei esquecendo alguns modos.
Dobby colocou os pratos na frente de cada um e se retirou, coloquei o guardanapo de pano verde escuro em meu colo e esperei Lucio tirar a tampa de prata de seu prato,em seguida fiz o mesmo acompanhada pelo resto dos comensais presentes. Foi um jantar chato, entrada, prato principal, e sobremesa, taça de vinho, copo de água, talheres de fora para dentro, etc. Fiquei pensando se todos os jantares seriam assim, a resposta era óbvia. Essa monotonia de chatice me lembrava de minha casa, onde jantávamos do mesmo jeito, porém com menos gente e mais conversas desagradáveis.
Me senti aliviada ao chegar em meu quarto, corri para o banheiro, tirando o vestido e a maquiagem, liguei a torneira de água quente, esperei a banheira se encher e em seguida entrei sentindo o calor reconfortante da água. Me permiti demorar mais do que o necessário, me sequei com uma toalha macia e felpuda e coloquei um camisetão de Cedrico, imediatamente fiquei dividida entre sentir sua falta, querer estar no seu abraço recebendo um dos seus tão perfeitos beijos, e em me sentir mais segura, mas perto dele por estar usando aquela peça de roupa com seu cheiro de chuva. Segurei um pedaço do tecido e apertei, pensando nele, quando acordou e não me viu ao seu lado, quando leu o bilhete que deixei. Senti meu coração apertar, as lagrimas ameaçaram cair mas eu não permiti, só me restava esperar pacientemente por uma carta, qualquer coisa. Por enquanto ainda tínhamos o privilégio de escrever cartas, dependendo da missão que Cedrico recebesse, ficaríamos sem contato, assim como Ginny e Harry. Meu coração apertou ainda mais ao pensar em meus amigos, fui até a escrivaninha e escrevi uma carta para cada um deles.

~carta Ginny

Ginny, como você está? Já cheguei na mansão Malfoy e está tudo certo até agora, mas o clima aqui é bem pesado. Lembrei de você agora pouco e resolvi te escrever, tem novidades? O que anda acontecendo por aí? Recebeu sua missão? Saudades Mary.

~ carta Wood

Oliver, está tudo bem por aí? Estou aqui na mansão Malfoy e resolvi te escrever, como está o time da lufa-lufa? E os outros? Quem está no meu lugar de apanhadora? Se for alguém ruim pode tratar de resolver isso por mim Wood! E também quero saber sobre os jogos e como você está. Morrendo de saudades, Mary.

~carta Luna

Luna, como vai? Tem novidades? Eu já estou na mansão Malfoy e quero muito saber como você está, se recebeu uma missão, se decidiu se vai cumprir uma missão ou ir para a casa de seu pai, se for para a casa de seu pai me avisa para eu escrever para lá, beijos Mary.

~carta Fred e George

Fred! George! Como vocês estão? Tem novidades? Tem feito pegadinhas? E como vai a loja? Tem alguma novidade? Queria muito poder estar aí para acompanhar a loja de perto, sinto muito por não poder. Saudades das suas piadas e pegadinhas, Mary.

Peguei os envelopes e entreguei para Bell, fiz um carinho em suas penas e a assisti sair voando pela noite escura e sem estrelas.

          Peguei os envelopes e entreguei para Bell, fiz um carinho em suas penas e a assisti sair voando pela noite escura e sem estrelas

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