Capítulo 8

549 45 5
                                    

   Acordei com batidas na porta. Levantei e abri, era o Cedrico. Fiquei bem surpresa, não esperava ver ele tão cedo, ainda mais depois de ontem achei que ele me evitaria hoje também. Ele entrou no quarto, e percebi que estava meio desconfortável. Logo entendi que era porque eu estava vestindo apenas uma blusa que mal cobria minhas coxas. Ele me olhou de cima a baixo então mordeu o lábio. Agora eu estava desconfortável, acho que Cedrico percebeu pois rapidamente desviou o olhar.
Cedrico: pensei em te convidar para ver o nascer do Sol no jardim
Eu: vamos, só espera um pouco.
Entrei no banheiro, escovei meus dentes e lavei meu rosto rapidamente. Penteei meu cabelo e coloquei um vestido azul que deixava meus ombros a mostra e batia em minhas coxas. Sai do banheiro.
Eu: vamos?
Cedrico: vamos
Segui ele até o jardim me perguntando, íamos ignorar ontem? Fingir que nunca aconteceu? Mas será que tinha realmente acontecido ou eu estava confundindo as coisas? Todos meus pensamentos foram interrompidos assim que entramos no jardim. Era magnífico, um grande lago com água transparente ficava no meio do jardim. Uma grande ponte de Carvalho com corrimão largo cruzava o lago com elegância. Muitas flores rodeavam o lago, e em um canto do jardim existia um balanço. Andamos pela ponte e nos sentamos no corrimão, um do lado do outro. Colocamos os pés na água gelada e ficamos observando o céu que estava uma mistura de rosa, amarelo, laranja e vermelho.
Olhei para Cedrico, e ele nunca me pareceu tão bonito. Ele retribuiu o olhar e ficamos olhando um para o outro por um tempo. Até eu perceber que estávamos tão perto um do outro que podia sentir a respiração dele. Ele se aproximou ainda mais de mim, ficamos à milímetros um do outro. Sem aviso nenhum senti nossos lábios se tocarem. Senti como se uma descarga elétrica percorresse todo meu corpo. Nunca me senti assim com mais ninguém. Dei uma mordida leve em seu lábio, então ele levantou sem deixar de me beijar, segurou minha cintura e me puxou para perto dele. Senti alguma coisa, sabia o que era, ele estava gostando. O beijo que antes era delicado começou a ficar mais intenso, eu segurei sua cabeça e passei a mão por seus cabelos enquanto ele apertava minhas coxas. Continuamos nos beijando até perdermos o fôlego, nos afastamos por um instante.
Cedrico: gostei disso
Eu: também gostei
A respiração dele estava pesada, sem pensar duas vezes puxei ele pela camiseta e voltamos a nos beijar. Era um beijo desesperado, como se tivéssemos esperado muito por ele, e a verdade é que esperamos. Tudo o que eu queria era que aquele momento durasse para sempre. A cada toque dele eu me arrepiava. Paramos por um tempo sorrimos um para o outro. Quando vi Cedrico estava jogando água em mim, eu revidei, ele se desequilibrou e caiu na água. Nós rimos e ele me puxou para dentro do lago.
Rimos de novo, mas eu só pensava em como o cabelo molhado deixava ele ainda mais atraente. Me segurei muito para não beijar ele de novo. E quando ele sorriu ficou ainda mais difícil me conter. Começou a ficar muito frio, Cedrico percebeu e saímos da água.
Assim que saímos do lago Cedrico me olhou de cima a baixo mordendo o lábio. Olhei para ele com um olhar de repreensão e ele parou, mas riu. Subimos as escadas, eu entrei no meu quarto e fui direto em direção ao banheiro. Olhei para o meu reflexo no espelho. Meu vestido estava colado ao meu corpo, meu cabelo encharcado e eu tinha um sorriso bobo no rosto. Por mais que eu tentasse aquele sorriso não desaparecia. Sendo bem sincera não queria que ele desaparecesse. Entrei no banho e liguei a água quente.
Coloquei um short e uma blusa, tentei secar um pouco meu cabelo mas ele continuava úmido, então deixei ele solto para que pudesse acabar de secar. Desci as escadas e encontrei Cedrico e o pai tomando café da manhã. Ele ainda estava com o cabelo úmido. Dei um sorriso.
Amos: bom dia
Eu: bom dia
Comi minhas panquecas enquanto conversava normalmente com Amos e Cedrico. O menino me olhava com um olhar diferente do comum, mas fora isso tudo estava "normal". O resto do dia continuou de mesma forma, passamos a tarde jogando jogos de tabuleiro, jantamos a comida maravilhosa do Amos e então subi para meu quarto. Assim que fechei a porta comecei a escrever uma carta para a Ana contando tudo, escrevia animadamente. Coloquei a carta em um envelope e entreguei para Bell. Ela partiu enquanto suas penas prateadas brilhavam na noite estrelada. Deitei em minha cama e adormeci.

____Cedrico_____
Olhei pela janela e vi Bell voando carregando uma carta. Mary provavelmente havia mandado uma carta para Ana. O que aconteceria entre nós dois? Não podia deixar as coisas assim, sem nada decidido. Conversarei com Mary amanhã, fui dormir mas logo acordei. Resolvi descer até a sala principal. Me sentei em uma das poltronas e fiquei olhando a noite estrelada pela janela enquanto pensamentos sobre hoje invadiam minha mente.

______Mary______
Acordei do nada, olhei para o relógio e ainda era de madrugada. Resolvi descer as escadas e buscar um copo de água. Olhei para a sala principal e vi a silhueta de Cedrico sentado em uma poltrona. Ele não me viu, então caminhei lentamente até ele e me sentei ao seu lado. Apesar da penumbra vi um sorriso em seu rosto. Ele colocou seu braço atrás de mim e eu coloquei minha cabeça em seu ombro. Ouvi um suspiro e me aconcheguei ainda mais em seu ombro. Ficamos assim, quietos olhando a noite estrelada. Mesmo sem falar nada o clima não estava estranho como acontece com a maioria das pessoas. É que simplismente não precisávamos falar nada. Não havia motivo no mundo que iria me fazer sair dali, sabia que teríamos que conversar sobre nós, mas aquele não era o momento.

DaisiesOnde histórias criam vida. Descubra agora