Capítulo 39

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                Acordei no meio da noite, umas 3 da manhã, ouvi um barulho na janela, alguém jogou uma pedra nela, eu atirei a pedra de volta com raiva e ouvi alguém gritar, acertei. A voz era conhecida, Draco! Sem pensar muito, peguei minha capa, abri a janela e passei pela abertura, e depois saltei caindo na grama macia.
Eu: Draco, você está bem?!
O loiro gemeu e depois me xingou.
Eu: quem mandou jogar uma pedra na minha janela!
Draco: ok, é importante
Eu: o que foi?
Draco: eu fui a uma reunião com o lorde hoje, assim que voltei vim falar com você porque...
Eu o interrompi.
Eu: eu entendi, obrigada por avisar Draco, agora eu vou voltar lá pra dentro
Amanhã eu e ele cumpriríamos nossas missões.
Draco: quer dar uma volta pelo jardim?
Eu: desde que não falarmos sobre
Draco me interrompeu.
Draco: não vamos
Eu: então me parece uma ótima ideia
O menino se levantou e depois me estendeu a mão para me ajudar a fazer o mesmo. Sua mão estava gelada.
Eu: está com frio?
Draco: um pouco
Tirei minha capa amarela e estendi para ele.
Draco: não preciso disso Brown
Eu o ignorei e coloquei a capa em seus ombros.
Eu: fica com ela pra mim, não vou usar de qualquer jeito, quero sentir o vento.
Draco assentiu com a cabeça enquanto eu sentia o vento em meu rosto e braços, estava com frio mas de um jeito bom. Eu gosto de sentir frio.
Começamos a caminhar pelo jardim, a geada molhou meus pés, as árvores balançavam de leve com o vento, e as estrelas brilhavam com força. Eu apontei para o céu.
Eu: está vendo essas 11 estrelas que formam uma longa linha e depois se separam em duas linhas?
Draco assentiu.
Eu: quando recebi minha carta aos 11 anos, passei a noite inteira olhando para elas. Porque assim como a linha se separava em duas, eu poderia seguir dois caminhos, eu poderia escolher seguir o caminho de meus pais, ou criar o meu próprio. Até agora achei que estava criando, mas na verdade parece que eu estou apenas seguindo o caminho de meus pais.
Draco: você estar com algo em comum com seus pais, como ser comensal não te obriga a seguir o mesmo caminho que eles.
Eu: Draco, eu e você sabemos melhor do que ninguém que não temos escolha dos nossos caminhos, essa escolha foi tomada assim que nascemos em nossas famílias.
Olhei em seus olhos, eles brilhavam e o verde estava escuro, seu cabelo loiro refletia na luz da lua. Draco assentiu em um movimento triste. Eu deveria tentar dá-lo alguma esperança, mesmo que falsa, queria ver ele feliz porque vê-lo assim me machuca.
Eu: mas nosso caminho só está decidido por enquanto, no futuro poderemos nos libertar e escolher sair desse caminho.
Draco pareceu acreditar, acreditar até demais, ele estava esperançoso, se afogando em uma esperança falsa que eu criei.
Eu: mas prometeu que não falaríamos disso
Draco: prometi
Eu: quer firewhisky?
Draco: quero
Eu: tenho no meu quarto
Draco: então vamos
Chegamos no meu dormitório, tranquei a porta. Tirei uma enorme garrafa de vidro de debaixo da cama. Abri e tomei um gole grande sentindo minha garganta queimar de forma agonizante e prazerosa ao mesmo tempo. Estendi a garrafa para Loiro que fez o mesmo, mas dando um gole ainda mais longo que o meu. Em pouco tempo estávamos tomando vários goles de uma vez. Ele tirou um maço de cigarros e algumas pílulas do bolso. Nem perguntei o que era, só peguei uma das redondas e coloridas pílulas e coloquei em minha língua. Depois tomei mais um gole de whisky e ascendi um cigarro. Não sei por quanto tempo ficamos nisso, mas me lembro de termos conversado muito, de eu ter dançado com ele e de termos falado sobre toda alma viva de Hogwarts.
          Acordei com Draco me chamando, ele queria garantir que eu estava bem antes de sair. Resmunguei um sim, estava com dor de cabeça e me sentindo muito mal, mas ele não precisava saber disso. Pouco tempo depois a porta se abriu e Cedrico entrou no quarto. Ele olhou para o chão que estava cheio das pílulas espalhadas, a garrafa vazia com uma pequena poça de whisky. Achei que ia levar uma bronca ou algo do tipo mas ele veio na minha direção e me abraçou.
Cedrico: você está bem?
Eu: estou
Cedrico: certeza? Pode falar a verdade pra mim
Eu queria, sabia que ele ia ficar magoado se eu mentisse mas...
Eu: não, eu não estou muito bem, tenho que cumprir minha missão hoje, ou não cumprir
Cedrico: ainda não decidiu
Eu assenti.
Cedrico: vou te apoiar independente da decisão que você tomar
Eu: eu não consigo me imaginar sem você, mas estarei sendo egoísta se escolher matar o Dumbledore?
Cedrico: isso só você mesma pode definir, queria muito poder te ajudar nessa decisão, mas se eu tomar ela por você, você pode se arrepender para sempre, por minha culpa
Eu: eu entendo, só queria não ter que tomar essa decisão, eu não sei se consigo
Cedrico: você consegue, se tem alguém que consegue Mary, é você, e eu sei que fará uma boa escolha
Eu: o certo está nos olhos de quem vê
Cedrico: faça o que precisar fazer, você consegue e eu vou estar aqui para te apoiar, independente da sua decisão
Ele me deu um selinho longo e então se levantou e estendeu a mão para mim.
Cedrico: vamos, temos aula daqui a 20 minutos
Cedrico me ajudou a me arrumar, penteou meu cabelo e fez uma linda trança com ele. Fomos juntos para a aula e no corredor três meninas olharam feio para mim. Sabia que ser namorada do Cedrico não ia me fazer ser adorada pelas meninas, mas elas podiam não me olhar com raiva como se eu não merecesse ele. Eu não mereço mas eu não o obrigo a ficar comigo, ele escolheu isso, não sei o porque, mas escolheu. Cedrico parece ter percebido porque passou o braço pela minha cintura me puxando para perto dele, eu encostei em seu ombro e fomos juntos para a aula de Hagrid, que acabou mais cedo.                         
            Assim que ele nos liberou antes do horário eu e Cedrico resolvemos ir para a biblioteca, estávamos caminhando pelo corredor.
Eu: tive uma ideia
Cedrico sorriu.
Eu: se abaixa um pouco
Ele fez o que eu pedi.
Eu: agora fica parado.
Eu fiquei a mais ou menos um metro e meio dele, depois corri e pulei em suas costas o fazendo se desequilibrar, segurei firme em seus ombros e nós dois começamos a rir muito.
Eu: agora segura minhas pernas
Eu ri e ele também, Cedrico segurou minhas pernas e deu um pulinho para eu me equilibrar em cima dele.
Cedrico: pronta?
Eu: para que?
Ele começou a correr para fora, onde as árvores estavam brancas pela neve, e voltamos a rir muito quando eu me desequilibrei e quase caí. Depois ele girou enquanto todos olhavam, mas não me importei, eu desci e ainda rindo cruzei os braços ao redor de seu pescoço e nos beijamos, sempre que nos separávamos estávamos sorrindo.
             Quando deu o horário da aula do Snape nos apressamos, e ao chegar lá Draco estava sentado sozinho.
Draco: Brown! Senta comigo?
Eu olhei para Cedrico.
Eu: vou sentar com ele ok
Cedrico: vai
Em pouco tempo Cedrico estava sentado com George e um grupo de umas 8 pessoas estavam ao seu redor conversando. Me sentei ao lado de Draco.
Draco: queria muito que tivesse te chamado apenas para conversarmos durante a aula e rirmos dos outros como sempre fazemos
Eu: mas não foi só por isso
Draco assentiu com a cabeça.
Draco: na próxima aula, os comensais vão entrar aqui e distrair todos, você cuida do Potter e eu faço a minha parte
Eu: entendido
Draco: então vai fazer?
Eu: ainda não sei
Draco: você sabe que se não impedir o Potter vai dar ruim para nós dois. Você está tomando uma decisão por mim, decidindo parte de meu caminho.
Eu: obrigada, ótimo jeito de me fazer me sentir melhor babaca
          Eu me levantei, Cedrico viu e ele e seus amigos acenaram para eu me aproximar. Fui até lá e me sentei ao lado de Wood. Cedrico se virou para trás e me deu um selinho.
Wood: e aí, estávamos falando de quando vai ser o próximo jogo que você vai jogar
Eu: quinta
Wood: lufa-lufa e corvinal não é?
Eu: exato
Wood: com certeza vai ganhar!  Vi o seu treino ontem
Eu: com certeza absoluta Wood
Nós rimos.
Michael: ei, e falando de quadribol, quem ganhou a aposta do melhor jogador de Hogwarts?
Eu: nós dois
Michael: um empate
Eu: não exatamente
Lumi: como?
Eu: em um empate nenhum dos participantes ganha. Nós dois ganhamos
Wood: exatamente
Lumi: mas o que deu?
Wood: o jogo estava empatado, então quem pegasse o pomo desempatava. Eu e Mary tocamos nele ao mesmo tempo. E mesmo quando caímos nenhum de nós o soltou
          Nessa hora Snape entrou na sala e ninguém ousou continuar a conversa. Apenas prestamos atenção em sua aula de defesa contra as artes das trevas. Quando a aula acabou fiquei em alerta. Segurei na mão de Cedrico e o guiei até meu dormitório. Ele foi enquanto eu beijava seus lábios repetidas vezes. Ao chegarmos lá eu o empurrei para dentro e tranquei a porta.
Cedrico: Mary! O que é isso?
Ele soava desesperado.
Eu: você vai ficar aí por um bom tempo, tem água em uma garrafa na escrivaninha e pães de abóbora também.
Cedrico: Mary me deixa sair!
Eu: não posso
Cedrico: é agora não é?
Eu: saiba que isso é para o seu bem
Deixei o corredor enquanto ouvia Cedrico esmurrar a porta e me implorar para não ir. Ele não queria sair dali, queria que eu não fosse. Voltei, eu não queria, tornaria as coisas mais difíceis mas parece que minhas pernas me obrigaram a voltar. Ele parou de esmurrar a porta.
Cedrico: está aí?
Eu: estou
Cedrico: Mary não vá, por favor
Eu: eu preciso ir
Cedrico: não quero que você se machuque
Eu: vou tomar cuidado
Cedrico: ao menos me deixe ir com você
Eu: isso é para o seu bem, me desculpa
Cedrico estava chorando, o barulho entregava.
Eu: se algo acontecer, eu quero que saiba que você é muito importante para mim, você é muito especial e a melhor pessoa que eu já conheci. Você é a melhor parte da vida, as flores da primavera, as folhas do outono, a neve do inverno e o Sol do verão, quero te agradecer por todos os momentos.
Cedrico começou a chorar ainda mais e eu o deixei. Caminhei para longe dele sentindo como se a cada paço eu precise erguer 10kg. Minhas pernas pareciam se recusar a fazer o que eu precisava, sair dali. O barulho alto de objetos pesados caindo e gritos ecoavam, as vozes se mesclavam em uma mistura de medo, desespero e raiva. Não tinha tempo para pensar em mais nada nem ninguém, tinha que achar Potter. Mas como? Ele se importa muito com as pessoas que gosta, ótimo. Mandei um comensal me atacar, assim ele fez e gritei o mais alto possível. Em cerca de menos de um minuto Potter tinha apagado o comensal e estava do meu lado perguntando desesperadamente se eu estava bem.

______Draco_____
             Eu e Dumbledore estávamos na torre de astronomia. Reuni todas as minhas forças e ergui minha varinha na direção dele. Ouvi um estrondo, Mary estava com o cabelo bagunçado voando ao vento e com seu rímel borrado.
Mary: Draco, para!
Dumbledore: faça o que precisa fazer
Eu entrei em desespero.
Eu: não quero
Mary: eu sei
Eu: mas eu tenho
Mary: eu entendo
Eu: não vou suportar
Mary: não vamos suportar juntos. Nunca vou me esquecer do que você me falou quando eu mais precisava, vamos passar por isso juntos. E nós vamos.
Ela andou até mim e parou do meu lado, ergueu a varinha.
Mary: no três
Eu: um
Mary: dois
Olhei nos olhos de Dumbledore, ele não parecia com medo, assustado, desesperado. Ele parecia estranhamente calmo, como se planejasse aquilo, como se soubesse que isso iria acontecer.
Eu: três
Nossas vozes se misturaram em um grito de dor e Dumbledore foi jogado para trás. O céu estava escuro apesar de ser de dia. Parece que todo o mundo ficou em silêncio, o único barulho foi o dos ossos e órgãos do velho se chocando contra o chão. Olhei para Mary, os fios ruivos de seu cabelo reluziam e estavam bagunçados. Seus lábios brilhavam, e seus olhos, estavam selvagens. Uma única lágrima preta pelo rímel escorreu por sua bochecha deixando um rastro.
Mary: estamos juntos nessa. Juntos perdemos um pedaço de nossa alma para o inferno, ela queimará refletindo nossos defeitos, qualidades, segredos. Juntos ganhamos uma nova parte de nós, selvagem que ainda terá de ser explorada. Será que conseguimos domá-la?
Eu segurei seu braço, suas veias aparentes carregavam sangue preto. A adrenalina passava por suas veias e corria em seu sangue a entorpecendo.
Eu: está na hora de sairmos daqui
Mary pegou duas vassouras, deu uma para mim, jogou uma perna por cima do cabo  e estava no meio do céu com a mão estendida e os cabelos cor de cobre voando, as veias ainda pretas se ressaltavam em sua pele clara.
Mary: preciso sair daqui, voar, vem ou não Malfoy?
Subi na vassoura e fui até ela.

_____oii, gente, eu não estou conseguindo responder os comentários:( mas eu sempre leio e eles me deixam muito feliz, pode ter certeza que eu li o seu! Me desculpem, queria muito responder mas não sei o que fazer para arrumar..._____

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