Capítulo 7 - Perigo de vida

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Voltamos à caverna com o meu pai desacordado. O deitamos na sua cama de palha e ficamos ao seu redor. Sua pele estava pálida pela perda de sangue e as mulheres choravam sem parar. Até minha mãe que parecia uma amazona selvagem alguns minutos atrás derramava lágrimas sem parar.

– O que estão fazendo? Temos que salvá-lo!

Elas não respondiam, perderam totalmente a esperança. Sabiam que ele não poderia ser salvo com um ferimento desses.

Eu não podia aceitar, Kai se sacrificou por mim. Sai correndo sem saber o que fazer.

Espera Christopher, pense! Alguma coisa para que a ferida não se infeccione, a perda de sangue. Já sei!

Tive uma ideia brilhante e corri de volta.

– Ainda podemos salvá-lo!

Convenci Dahlia a vir comigo e me mostrar onde havia uma colmeia. Subimos na direção contrária da caverna e lá estava num tronco de uma árvore não muito longe do chão. Haviam abelhas escuras e grandes ao seu redor.

Com a ajuda de Dahlia, cortei um par de galhos cheios de folhas e o ascendi com uma pequena chama

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Com a ajuda de Dahlia, cortei um par de galhos cheios de folhas e o ascendi com uma pequena chama. Logo começaram a soltar fumaça. Em pouco tempo conseguimos afugentar as abelhas e pegamos a colmeia junto com o galho.

– Deixe os galhos soltando fumaça perto da caverna. Elas podem voltar.

Cortei uma parte da colmeia e retirei um pouco de mel para colocar sobre as feridas do meu pai. Uma vez li um artigo sobre os benefícios do mel para a cicatrização e infecções.

Espero que funcione, senão nunca mais confiarei nas coisas que leio na internet.

Meu pai acordou com todo o barulho que fizemos. Fiz uma papinha com frutas azedas, nozes e mel e dei para ele comer. Queria aumentar a sua imunidade e a comida era minha melhor opção no momento.

– Está delicioso meu filho. É a melhor coisa que já comi.

– Pelo menos você parece um pouco melhor. Não fale mais. Se concentre na sua recuperação. Você tem algum osso quebrado?

– Não se preocupe mais comigo. Quero que você cuide bem da nossa família. A Luna também. O pai dela era meu melhor amigo.

– Você vai viver! Pare de falar besteiras.

Ele era teimoso, não parecia acreditar que ainda tinha chances de vida.

Olhei para minha mãe, que voltou a ficar em choque ao ver seu marido assim.

– Vamos mãe, preciso de você. Preciso de todas vocês para que isso dê certo. Não podemos perder a esperança até o último momento.

Foi difícil, mas no final consegui fazer com que todos colaborassem.

Por sorte, Kai não quebrou nada, mas suas costas ficaram inchadas com a pancada contra a árvore. O deixei de lado para que a ferida ficasse para cima e a cobri com folhas. Queria ter os instrumentos necessários para costurar a ferida, mas isto teria que bastar.

Minha mãe se animou ao ver que meu pai estava mostrando sinais de melhora. Eu também não podia acreditar, o machucado estava sarando sozinho! Quero dizer, não era natural. O corte era grande e profundo. Definitivamente precisava ser costurado, mas o machucado estava se fechando sozinho.

Desse jeito é uma questão de tempo até ele se recuperar completamente. Que alívio.

Ascendemos fogueiras às noites. Ensinei artesanatos às mulheres para distraí-las da situação. Além das cestas, fizemos mochilas com as peles. Também começamos a usar folhas grossas como pratos e a casca de uma fruta dura como copos.

É incrível que não suspeitem de mim, mas as fiz acreditar que fiquei mais inteligente depois do desmaio. Incrivelmente, aceitaram sem pestanejar. Que pessoas simples.

Enquanto Kai se recuperava fomos buscar as carcaças dos javalis e do tigre. Ainda estavam lá. Nunca tinha visto como era feito o desmembramento, mas quando vi... Nem sei como descrever. Deu uma forte vontade de virar vegetariano.

As mulheres fizeram a maior parte do trabalho tirando as peles e tripas dos animais. Suas figuras cobertas por sangue me atormentaram como pesadelos naquela noite.

Sinto saudades dos supermercados... Eles faziam isto parecer tão sugestivo nas embalagens. Parando para pensar, até as roupas que usamos vinham de animais.

Foi um choque de realidade ver o processo de perto. É uma coisa que tenho que me acostumar se quero viver neste mundo.

Transmigrei para a Idade da PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora