Capítulo 19 - Sonho

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Tive um sonho assim que adormeci. Estava na cozinha da casa do meu irmão, conversando sobre como foi sua semana quando de repente as coisas começaram a balançar. Os quadros de decoração se soltaram da parede, o chá do meu copo escapava da xícara e os vidros da casa toda começaram a estourar.

Não sei o que pensamos, mas corremos para a rua. O normal seria se esconder em algum lugar recomendado pelos protocolos de segurança, como debaixo da mesa ou algum lugar onde não há perigo de desabamento.

Chegando lá fora, a casa de dois andares do meu irmão vibrou perigosamente junto com a vizinhança inteira e tudo desabou. Por sorte, não havia ninguém dentro. Trocamos olhares pensando em como fomos sortudos de ter escapado de um desastre desses.

Meu irmão morava um pouco afastado do centro. Vimos de longe que outros prédios caíram também.

O céu fez barulhos estranhos como de trovões só que 10 vezes mais fortes e não haviam nuvens. De repente, começou a ficar vermelho como sangue.

Aquela cor me causava angústia. Levei a mão ao peito sentindo uma dor de perda.

Acordei assustado de manhã. Meu corpo estava coberto de suor.

Um sonho? Ugh, não consigo lembrar... Preciso lembrar!

Não me lembrava do sonho por mais que tentasse. Sabia que era algo importante por alguma razão.

Não, foi um pesadelo. Talvez é melhor esquecer.

Senti o mesmo aperto no peito quando cheguei aqui. Olhei para o céu estranho desse mundo. O tempo estava fechado hoje por causa das cinzas do vulcão.

Espero que passe logo... Espera, não consigo mover os meus braços!!!

Desesperado, olhei meus arredores. À minha direita, Dahlia. Do outro, Alana. Ambas me usando como travesseiro. Vê-las dormindo me acalmou de alguma forma. Infelizmente, a sensação passou rápido. Luna lixava uma fava de pedra bem na minha frente sem tirar os olhos de mim.

Um calafrio percorreu minha espinha e me soltei as pressas das garotas. Consegui de alguma forma sair sem acordá-las e pedi a Luna que me seguisse com o olhar.

Não andamos muito longe. Me preparei mentalmente para a conversa, mas Luna começou primeiro.

– Não precisa me dizer nada. Não éramos próximos antes, então mesmo você sendo outra pessoa vejo que realmente se importa eles. Você é um de nós.

– Obrigado Luna, suas palavras significam muito para mim. Não entrei neste corpo por escolha, sabe? Gosto muito de vocês. Por favor, mantenha o segredo por enquanto.

– Que?! O que você quer dizer com entrar no corpo? Pensei que você era alguém fingindo ser o Christopher!

Ups, Parece que ela não pensou tão longe quanto eu.

Deveria prever que ninguém imaginaria isso num lugar como esse. Ela simplesmente pensou que eu era como um sósia que tomou o lugar do antigo Christopher.

Ela colocou as mãos na cintura e exigiu uma explicação. Seu rosto ficou a menos de 5cm do meu. Ela estava tão alterada que recuei assustado. Tristemente, perdi minhas saídas quando minhas costas encostaram no tronco de uma árvore.

– Hum, não sei como explicar. Vim de outro mundo. Fui enviado sem saber de nada. Você tem que acreditar em mim!

Ela abaixou a cabeça. Seus cabelos pretos esconderam seus olhos azuis e fiquei sem saber o que se passava pela cabeça dela. De repente, Luna segurou meus ombros com força. Seus olhos brilhavam como estrelas.

– Está me dizendo que você vem de outro mundo? Existe outro mundo?!

O lado "Luna curiosa" estava ativo. Talvez fosse melhor ter ficado calado mesmo.

Já posso sentir uma dor de cabeça se aproximando.

– Hum, vou considerar que estamos bem. Falamos disso depois, temos que voltar e buscar os meus pais. Prometo que explico tudo depois.

Ela mordia o seu lábio inferior e fazia uma carinha de criança que deixou o seu sorvete novinho cair no chão. Porém, entendeu a gravidade da nossa situação depois que expliquei que o vulcão explodiria novamente e a ilha desapareceria.

– Seu segredo está a salvo comigo, mas você tem que me contar tudo depois! Vamos!

Transmigrei para a Idade da PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora