Capítulo 6 - Batalha feroz

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O tigre dentes-de-sabre avançou sorrateiramente e mordeu o pescoço de um dos javalis. O javali começou a se debater e os dois rolaram pela grama. A vitória do Smilodon já era garantida.

O outro javali avançou para cima do tigre e conseguiu perfura-lo na barriga. O animal rugiu de dor e conseguiu se soltar. Virou-se para o javali e começou a arranhá-lo enquanto o javali usava suas presas para afastar o animal. Era uma batalha feroz, mas não continuei assistindo. Minha preocupação era com Kai.

Pela primeira vez neste mundo, me senti aflito com a ideia de perder este pai adotivo que ganhei. Talvez não fosse o seu filho, mas senti o seu amor desde que cheguei.

Kai tinha um corte horrendo do lado da barriga. Muito sangue saia e eu não sabia se ele quebrou algum osso. O segurei pelas costas e comecei a arrastá-lo para longe. Ele soltou um grunhido contido. Ele sabia que não podia fazer barulho ou estaríamos perdidos.

Algo mudou no ambiente, estava quieto demais. Levantei o olhar e me deparei com a figura de um javali ensanguentado a poucos metros de mim. O tigre não estava com ele.

Então o javali venceu.

O animal parecia interessado somente em mim, então deixei Kai lá e corri de encontro com o javali. Apontei minha arma para a cabeça do inimigo enquanto pensava em uma saída.

Não tem como eu vencer um animal desses!

O javali, não se importando com os meus pensamentos, começou a correr ao meu encontro com uma poderosa investida. O chão tremia e o seu pelo ensanguentado estremecia o meu ser, mas eu não podia fugir agora. Tinha que defender o meu pai.

Coloquei uma mão a frete e comecei a invocar uma bola de fogo. Toda minha energia foi para o ataque. O lancei quando o animal estava a 1 metro de distância. Ao mesmo tempo, pulei para o lado para evitar sua investida.

O bicho continuou correndo por um tempo com a cabeça coberta por fogo. Atordoado, não parava de balançar a cabeça tentando se livrar das chamas. Alguns pelos ainda estavam em chamas, mas estavam se apagando graças ao sangue que cobria o seu corpo. O javali se virou na minha direção e voltou a atacar.

Tentei reunir forças para, pelo menos, desviar. Porém, não sobrava nenhuma. De repente, o chão ao redor do javali se abriu fazendo-o tropeçar. O animal bateu de cara no chão com força.

O meu pai, deitado no chão lá perto, estava com um braço apontado para o javali. Ele abriu um sorriso para mim e sangue deslizou pelos seus lábios. Ele usou as sua magia para manipular a terra e abrir um buraco na frente do animal.

Até nesses momentos ele...

Contive minhas lágrimas. O javali não estava morto. Já estava se levantando novamente. Trocamos olhares e vi que seu ódio por mim era profundo. Provavelmente esta presa pertencia a algum membro da sua família.

Minha mãe apareceu por trás do animal. Provavelmente escutou o alvoroço que estávamos fazendo e veio ajudar. Ela pulou nas costas do animal com uma lança nas mãos e a cravou no seu pescoço.

O javali se debateu loucamente, mas minha mãe não o soltou. Ayka usava suas pernas e a lança cravada para não se soltar do bicho. Na sua outra mão ela carregava a adaga de Luna. Sem perder tempo, começou a apunhalar o animal.

Sangue voou para todos os lados. A imagem era assustadora. Se não soubesse que era pelo meu bem correria de medo.

Foi uma questão de tempo até o javali ceder e cair de joelhos. Ele ainda tentou se levantar, mas ela colocou sua mão na maior ferida que fez e começou a invocar água.

Nunca me esquecerei desse dia. A pressão da água expulsou o sangue de dentro do javali tornando o lugar ao redor dos dois uma nuvem vermelha. O sangue vazava por todos os buracos do animal: cortes, olhos, orelhas, nariz e boca.

Ela é completamente diferente de quando está conosco.

Ayka só parou quando minha irmã chegou e disse que acabou. Minha mãe parou, se virou para mim e abriu um sorriso. Haviam respingos de sangue no rosto dela. Meu corpo gelou só de vê-la.

Transmigrei para a Idade da PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora