Capítulo 29 - Ataque de cima

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Acordei com Luna do meu lado me abraçando e tremendo de frio. Do outro lado estava o seu avô e Kadu. A temperatura corporal da minha família é mais alta que a deles graças aos nossos poderes, o que os atraia naturalmente para perto de nós.

Ah, não sei se este é um benefício ou prejuízo, mas o que fazer? A caverna é fria.

Saímos da caverna na manhã seguinte prontos para partir. Hoje nevou levemente. Fiquei preocupado, porque o tempo estava piorando e não via o sol desde o dia em que o vulcão entrou em erupção.

Levantei minha mão aos céus segurando uma pedra solar, também conhecida como calcita que encontrei no nosso caminho até aqui. Era um cristal retangular transparente que parecia vidro. Com ele verifiquei a posição do sol através dos raios de luz que passavam por ela e começamos a correr na direção que indiquei.

Depois de algumas horas de caminhada, entramos em uma floresta com árvores gigantescas. Meu pescoço doía ao tentar ver o topo das árvores.

As árvores pré-históricas devem ser como essas. São tão altas...

Os mais jovens do grupo, como eu, também comentaram. Como não tinham o hábito de viajar, eles nunca viram muito.

Comemos as poucas frutas que encontramos no caminho. Mérida ajudou a identificar algumas plantas que eram comestíveis. As recolhemos e guardamos para a viagem.

Na frente do grupo, Alana comia amoras enquanto cantarolava. Senti um aperto no coração quando vi uma cobra verde de 10m de largura observando-a de cima. Ela estava pronta para atacar.

A camuflagem da serpente funcionava bem neste ambiente, mas com o branco da neve que passou um pouco entre as folhas só servia para se destacar

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A camuflagem da serpente funcionava bem neste ambiente, mas com o branco da neve que passou um pouco entre as folhas só servia para se destacar. Lancei minha corda mágica, enrolei a cintura de Alana e a puxei de volta com força. A cobra bateu sua cabeça no chão perdendo sua presa, mas não se machucou. Pelo contrário, enfurecida, levantou o olhar na minha direção.

Todos perceberam rápido o que quase aconteceu. Minha irmã apareceu do meu lado e lançou uma bola de fogo que bateu no pescoço da cobra. Algumas escamas ficaram pretas, mas não parecia ter sofrido dano. O animal ficou ainda mais irritado e desceu da árvore decidida a nos ensinar uma lição. Ela sibilou de forma ameaçadora e se contraiu para dar um bote.

– Corram! Não vale a pena correr riscos.

Ninguém questionou minha decisão. Se o dano foi tão baixo, então o melhor era fugir.

Fomos para a direita correndo com todas as nossas forças. A cobra nos seguiu e as elfas manipularam as plantas enrolando-as com raízes enquanto corríamos, mas ela se soltava com facilidade das suas amarras.

A perseguição continuou por mais 20 minutos até que chegamos perto de um rio que tinha 4 metros de um lado a outro nos obrigando a parar. A correnteza parecia forte.

A serpente levantou a cabeça alegre ao saber que suas presas não tinham para onde fugir.

Olhei para minha mãe e Luna, acenamos com a cabeça e nos viramos para encarar a fera. As duas levantaram duas colunas de pedra dos lados do inimigo prendendo a cobra como se fosse uma mão gigante. Eu ajudei fornecendo energia para manter a rocha dura.

A cobra se debateu tentando se soltar, mas seu pescoço foi bem preso. As duas sorriram ao ver que a estratégia que praticamos nos últimos dias funcionou.

Meu pai não perdeu tempo e levantou o machado para cortar o pescoço. Antes que conseguisse, foi atingido pela cauda e voou como uma bala em direção do rio. As águas se partiram em dois e, com sorte, ele chegou do outro lado evitando ser levado pela correnteza.

As elfas tentaram segurar a cauda com cipós, mas não conseguiram. O monstro se debatia demais.

Dahlia foi à frente e atirou chamas continuamente na cabeça do animal enquanto o vovô e Kadu usaram adagas para atingir o animal pelos lados, mas foram obrigados a recuar. A cobra não parava de balançar a cauda em todas as direções.

Rachaduras apareceram no chão ao redor da serpente com os impactos. Não podia deixar de suprir energia nas pedras, senão o animal se soltaria.

De repente, com um salto e um grito estrondoso, meu pai voltou para este lado do rio.

– Ah! Seu animal idiota, acha que pode enfrentar a minha família comigo aqui?!

Ele chegou e logo ajudou Dahlia gerando mais fogo. A resistência do nosso inimigo finalmente cedeu e sua cabeça foi cozida. Mesmo assim, os dois continuaram por mais alguns minutos até ter certeza.

Quando pararam, fomos ver o estrago. Sua cabeça ficou completamente torrada. Em algum momento, a serpente deve ter aberto a boca, pois os dentes e língua também pareciam carvão.

Dahlia caiu para trás ofegante. Suor descia pela sua testa. Nesta situação de vida ou morte, ela usou todo o mana que tinha.

– Esta foi difícil, sozinhos não conseguiríamos matá-la. Que bom que praticamos antes, irmão.

– É verdade, vocês todos fizeram um bom trabalho.

Me aproximei para olhar dentro de sua boca.

A carne cozinhou mesmo!

Mexi os dentes como vi em alguns filmes e um líquido amarelo começou a descer.

Não sei se o veneno ainda é eficiente, mas não custava nada levá-lo comigo.

Pensando em planos futuros, tirei um copo de bambu comprido com tampa e joguei a água dele fora para coletar o veneno. Também e, como estava com medo, o embrulhei em folhas e couro para garantir que ficasse bem lacrado.

Encarei o grupo e disse com seriedade:

– Escutem, este deve ser o veneno da serpente. Tomem cuidado, okay? Ninguém pode tomá-lo.

Eles me olharam como dizendo "isso é tão obvio", porém preferi prevenir.

Descansamos na beira do rio. Com tão pouco mana sobrando, nos tornávamos mais vulneráveis. De repente, vi um urso bebendo água a menos de 10 metros de nós. Este tinha mais de 3 metros de altura, pernas longas e rosto mais achatado do que o urso normal. Nos encaramos por um tempo. Os outros já estavam se levantando preparados para o ataque.

– Esperem. Fiquem quietos. Vou tentar uma coisa.

Caminhei lentamente na sua direção e Ayka quis me deter.

– Como assim filho? Volte aqui! Mesmo cansados, lutaremos até a morte.

– Esta tudo bem mãe.

Eu os parei com a mão e, sem fazer movimentos bruscos, peguei o corpo da cobra com a ajuda do meu pai e o joguei em sua direção. Ficamos parados lá tensos esperando uma reação.

Espero que esse urso entenda a mensagem, porque derrotá-lo seria ainda mais difícil. Ele é puro músculo.

O urso se aproximou do corpo, cheirou e começou a comer. Ele parecia satisfeito. Arrancava pedaços com facilidade nos deixando pálidos com o pensamento de "que bom que não somos nós".

Logo nos recuperamos e fomos embora. Neste lugar, tudo podia acontecer.

Transmigrei para a Idade da PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora