O bar de sonhos - parte 1

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S/n on

Eu devia ter levado um guarda chuva. Mas, quem iria lembrar de levar um guarda chuva depois de ter terminado com o namorado? Bom, a culpa foi toda dele. Ainda não acredito que ele me traiu com aquela patricinha. Só de lembrar eu ficava com raiva. E para completar a minha noite maravilhosa, começou a chover.

— Mas eu sou muito azarada mesmo em — falei para mim mesma enquanto limpava as gotas de água que caiam em meus olhos.

Respirei fundo e meus pelos se arrepiaram.

— Se eu ficar aqui por mais alguns minutos eu vou morrer congelada.

Procurei pela rua algum lugar em que eu pudesse me abrigar, porém eu tinha ido para um lugar deserto da cidade. Andei sem rumo, como se alguma loja fosse aparecer do nada para me salvar da chuva.

— A culpa é toda daquele miserável, se ele não tivesse me traído eu não teria saído de casa sem um guarda chuva e não estaria tomando  chuva agora!

Soltei um grito abafado de raiva e puxei meus cabelos molhados. "Idiota, idiota, idiota".

Parecia que os céus tinham me ouvido, pois poucos segundos depois um raio iluminou as nuvens, seguido de um estrondo.
Como se fosse mágica, uma loja, um bar para falar a verdade, apareceu no centro da rua, antes deserta.

— Mas… como isso surgiu aí, do nada? — pisquei várias vezes, mas a loja continuava ali — Parece até... mágica… — dei um tapa na minha testa —Mágica? Você está doida S/n? Você devia estar tão cega que não viu o bar ali, só isso.

É, é isso. Eu não estava prestando atenção o suficiente e acabei não notando o bar ali. Era a explicação mais lógica.

"Mas o que eu estou fazendo aqui fora ainda? Além de cega eu estou ficando burra?"

Atravessei a rua correndo e parei na frente do bar. Ele era todo preto, com uma porta de madeira envernizada, onde estava pendurada uma placa: Onde seus sonhos se tornam realidade.

"Meu Deus, que clichê. Bom, mas é o que temos para hoje".

Empurrei a porta de madeira, que era surpreendentemente pesada. Assim que eu entrei, escutei um sininho tocar e um cheiro amadeirado e de licor invadiu minhas narinas.
O bar era de tamanho médio, com algumas mesas de madeira espalhadas com uma garrafa de vinho no centro de cada uma. O local era iluminado por poucas lâmpadas, que projetavam uma luz alaranjada no ambiente.
A atmosfera era rústica e agradável, e a possibilidade de ter alguém ali nem passou pela minha cabeça, na verdade, eu estava mais preocupada em olhar o local e me deixar aquecer pelo ar quente do que ver se tinha alguma outra pessoa ali.

— Está perdida? Precisa de uma toalha?

Tomei um susto ao ouvir a voz grossa. Me virei rapidamente e vi um homem, de uns 20 e poucos anos, debruçado sobre o balcão de madeira. Ele me encarou profundamente, esperando uma resposta.

— E-eu — Por quê eu estava gaguejando daquele jeito? "Até parece que você nunca falou com nenhum homem na vida né S/n. Vamos, se recomponha mulher!" —  Não, não estou perdida. — Falei, com a voz mais firme dessa vez —  E, em relação a toalha...acho que uma bebida vai ser melhor...

— Como desejar. — ele sinalizou para que eu me sentasse no balcão e se virou para preparar o meu pedido.

— O mais forte que você tiver, por favor — suspirei.

— Estou quase terminando — ele se virou para mim por alguns minutos — E o que uma moça bonita como essa está fazendo aqui, e ainda por cima pedindo a bebida mais forte que eu tenho?

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