O bar de sonhos - parte 3 (final)

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E lá fomos nós atrás de Moon Bin.

— Se eu não tivesse saído de casa naquele dia… — sussurrei.

— O que você disse? — Rocky perguntou enquanto ajustava a capa preta, igual a minha, nos ombros.

— Nada — respondi. Apertei mais a capa em volta do corpo.

—  Está com frio? Se você quiser eu te dou a minha capa.

— Não não, não precisa Rocky. Você vai ficar com frio — funguei. A noite estava realmente muito fria.

Andamos pelas ruas da cidade em silêncio. Ao longe eu podia ouvir o miado de um gato e o resmungar de alguns bêbados largados nas ruas. Eu poderia até dizer que estávamos no tempo presente, se não fosse pela espada embainhada na cintura de Rocky.

— Vamos mesmo precisar disso? Eles são agressivos?

— O que? Se vamos precisar da espada? Ah — ele colocou a mão sobre o cabo — Não exatamente, mas é melhor prevenir. — Rocky deu de ombros

— E...você tem alguma ideia de como achar ele?

— Para falar bem a verdade... não.

Arregalei os olhos.

— Você não sabe?!

Ele negou com a cabeça.

— Os silversmoon aparecem quando alguém precisa de alguma coisa, quando essa pessoa deseja alguma coisa. Acho que deveríamos tentar. Alguma coisa que você deseja?

— Voltar para casa?

— Não sei se isso serve… Mais alguma coisa? Algum detalhe que você se lembra? Alguma coisa que você fez ou que aconteceu assim que ele apareceu?

— Bem… — coloquei minhas mãos na cabeça — Se eu não me engano eu soltei um berro e logo em seguida um raio cortou o céu. Depois disso ele apareceu.

— Acho que não vai ajudar — ele olhou para o céu — Não tem uma mísera nuvem no céu. Duvido muito que vá chover. Podemos voltar para casa e tentar amanhã…

— Mas...— "eu quero voltar para casa, para o meu mundo" — Tudo bem… vamos

Rocky foi na frente e eu fiquei um tempo parada no meio da rua, olhando para a rua deserta. Até que eu senti uma coisa em minhas pernas. Dei um berro e pulei para o lado com medo de ser um inseto.

— Ah… — falei, enquanto recuperava o fôlego — é só um gatinho. Oi neném — me abaixei e fiz carinho atrás da orelha dele — Está perdido rapazinho?

— Que berro que foi esse? — Rocky perguntou, voltando para ver o que tinha acontecido —Ah, um gato.

— Sim — falei enquanto ainda acariciava o pelo preto macio. Parei o carinho e o gato me encarou com grandes olhos castanhos — Eu...eu acho que eu já vi esses olhos antes…

— O que? — Rocky se abaixou do meu lado — Impossível, como você já teria visto esse gato antes?

— Espera... feições felinas…

— Silversmoon…

— Moon Bin? Você é o Moon Bin? — Arregalei os olhos e olhei para o gato, que parece que sorriu para mim. Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa o gato me lançou um olhar sarcástico e saiu correndo logo em seguida. — Vamos! Temos que ir atrás dele!

Nos levantamos e saímos em disparada atrás do gato. "É ele, tem que ser ele". Ele não parou de correr até chegar em uma rua escura e fria. Gotas de água pingavam do telhado das casas e o vento uivava. O gato sentou na frente de um estabelecimento e ficou nos esperando.

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