Capítulo 2

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— Anahi, estive pensando...

— Eu também. Não vai querer comer essa coisa. Tanto trigo integral pode fazer mal a uma pessoa normal!

Giovanna riu. As duas estavam jantando no restaurante do SPA.

— Não é nada disso. Se vou mesmo ocupar seu lugar, e não estou afirmando que vou, ainda preciso perder alguns quilos, cortar e colorir os cabelos, fazer as unhas e...

— Ainda não sabe, mas eu... Fiz uma tatuagem.

— Você o quê?

— Sabia que não aprovaria. Foi nas Bahamas. 

— Fez uma tatuagem no exterior?

— Ei, pense no aspecto positivo! Se sofrermos um acidente juntas, vai ser mais fácil concluir a identificação.

— Não vou fazer uma tatuagem. Ninguém vai vê-la, mesmo...

— Ela é... Visível. — Anahi levantou a manga do roupão e exibiu o delicado bracelete tribal no pulso. — Podemos fazer a sua com tinta. Uma tatuagem temporária que vai se apagando com o passar do tempo. Estará livre dela em al­gumas semanas.

— Espero que sim.

— Vai ser divertido.

— Sim, muito! Como ter de suar na esteira para perder cinco quilos em vinte e quatro horas, por exemplo.

— Não precisa perder cinco quilos. Basta dizer a todos que comeu demais no spa

— Muito obrigada. — Giovanna respondeu com uma careta de desgosto. — Você vai ter de engordar um pouco, ou não enganará ninguém no Central Market.

— Bobagem! Direi às pessoas que estive em um spa emagre­cendo e me cuidando

— Por que tem sempre de sair ganhando?

— Bem, depende do ponto de vista. Escute, temos de pensar num plano detalhado e perfeito.

— Não se preocupe. Raramente saio de casa. Não vejo ninguém além de Carly, e ela ficaria muito feliz com a visita da tia, se perceber que você chegou, Anahi. Oh, bem, pensando melhor, vejo os quatro mosqueteiros.

— Quatro... Mosqueteiros?

— As crianças de que cuido depois da pré-escola. Contei que tenho me dedicado a ser babá? Bem, não importa. Serão apenas três dias para você.

— Três dias? Acho que eu sobrevivo. As crianças não podem ser piores do que o pessoal do departamento de propaganda. — Estava tão farta do conflito de vaidades que enfrentava diariamente no escritório, que três ou quatro pestinhas mimadas não serão algo tão ruim assim. E ainda ficaria livre de Ron.

Qual era o problema com ela, afinal? Por que sempre escolhia errado? O cretino a chutara logo depois da viagem às Bahamas. Viagem pela qual ela pagara, aliás, convencida de que realmente gostava dele, quando, na verdade, só o usara para tentar esquecer a humilhante rejeição de Jackson na festa de Natal da companhia.

Francamente, precisava descansar, ou acabaria cometendo al­gum ato de loucura. Ainda nem havia contado a Giovanna sobre os ataques de pânico que sofrerá recentemente. Consultara três médicos, e só havia conseguido um medicamento para controlar o problema temporariamente. Todos haviam sugerido a psicoterapia e usaram palavras como desordem, atitudes que causaram um sentimento de pânico ainda pior.

Mas, realmente, embora estivesse pensando mais em si mesma, também se preocupava com Giovanna. Nada parecia arrancá-la do luto por Bill. Era compreensível, porém, triste. Talvez pudesse reformular sua casa, seu lar, mudar sua filha ingrata e... sim, sua vida amorosa.

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