Capítulo 17

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Depois do almoço, Jackson assinou documentos e leu relatórios de diferentes departamentos, até Olga colocar mais um envelope sobre a mesa.

— Correio interno. — ela disse.

— Obrigado. — O que poderia ser agora? Outro relatório? Entediado, ele abriu o envelope e deixou o conteúdo cair sobre a mesa. Havia registros de chamadas telefônicas com alguns núme­ros destacados e uma estranha coleção de papéis. Ele os recolheu com cuidado. O que podia ser tudo aquilo? Alguma coisa que devia ter ido para a contabilidade, talvez?

Uma página chamou sua atenção. Preso por um clipe a uma pilha de memorandos havia uma ficha com meia dúzia de assina­turas, todas do mesmo nome, porém diferentes. 

Anahi Portilla, seis vezes, de seis formas diferentes. Havia setas conectando três delas, e alguém colocara datas e números sob cada assinatura.

Ele olhou para o papel. Não entendia o que significava tudo aquilo. Sob essa ficha havia seis memorandos redigidos por Anahi. Todos tinham números correlacionando-os à assinatura da ficha. Ele deixou de lado os papéis e examinou os registros telefôni­cos. Todas as ligações foram feitas da sala de Anahi para um nú­mero na área do código 360. Interurbano. Essas eram as coisas que Anahi normalmente fazia: estudava registros telefônicos para identificar repetidas chamadas interurbanas que não fossem rela­cionadas ao trabalho ou à companhia, depois enviava ao agente dessas ligações a conta correspondente ao valor das chamadas e uma advertência. A lista localizava o telefone em questão. Seabridge, Washington, e todas foram feitas na semana anterior. 

Outro maço de papéis era composto por fotos de Anahi e sua irmã gêmea na infância. Eram idênticas! Já havia visto aquelas fotos antes, quando estudavam o conceito dos novos brinquedos, e comentara a semelhança entre as duas com espanto e admiração. De qualquer maneira, alguém estivera trabalhando duro para estudar os hábitos de Anahi. E daí?

Bem, todos no escritório sabiam que estavam saindo juntos. Na verdade, seus relacionamentos nunca eram sigilosos no escritório. Alguém devia estar tentando manchar a reputação de Anahi. Seu pai sempre o aconselhara a não manter relacionamentos afe­tivos no escritório, mas quem era ele para dar conselhos? Um homem que mantivera um romance com a secretária, mesmo es­tando casado com uma mulher maravilhosa como sua mãe!

Droga! Ainda se ressentia contra o que pai havia feito à família, e ressentia-se mais ainda por ter herdado certas características dele. Por que não conseguia assumir um compromisso sério? Tinha trin­ta e seis anos de idade, e ainda não se envolvera realmente com ninguém!

Sua reputação se alastrara, e agora que estava interessado de verdade por uma mulher, ela o evitava.

Jackson decidiu mergulhar no trabalho. Deixando de lado o envelope que fora deixado sobre sua mesa, começou a examinar uma pilha de projetos publicitários que esperavam por sua apro­vação. Não queria saber se um bando de mulheres fofoqueiras se incomodava com seu relacionamento com Anahi.

Alguma coisa em Anahi Portilla o perturbava muito. E não precisava de relatórios para reconhecer a estranheza da situação. 

Não. Precisava dela.



— Você tem uma reunião com Jackson e o pessoal do depar­tamento de desenho às três e meia. — Oliver anunciou ao entrar na sala com mais um buquê de flores. — Isso já está começando a mexer com a minha alergia.

— Qual será meu papel nessa reunião? Números? Contas?

— Não. Como se meteu nessa confusão em torno da promoção das Pequenas Princesas, você vai ter de participar da aprovação das amostras preliminares e de outros detalhes que não se relacio­nam aos números ou à matemática. De qualquer maneira, lembre-se de fazer alguns comentários sobre preço unitário e custo de embalagem, sempre os maiores interesses de Anahi.

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