Capítulo 9

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Alfonso gostava de mulheres que sabiam assumir o comando das coisas. Ele observava sua nova contratante, a mulher da calcinha vermelha, andando pela casa com uma pran­cheta e uma lista de verificação. Seu desejo por ela aumentava a cada dia. Quando poderia tomar uma atitude?

Por outro lado, ela era extremamente autoritária e o mantinha sempre ocupado, de forma que mal podia pensar em fazer qualquer outra coisa além de trabalhar.

Para Alfonso, era sempre gratificante ver algo sem sentido ou desestimulante tomar forma, adquirir brilho e beleza. Referia-se ao trabalho na casa, mas podia aplicar esse mesmo raciocínio à mulher que, no primeiro contato, havia parecido sem graça.

Havia algumas boas surpresas: o piso de madeira intacto sobre o carpete arruinado, por exemplo. A estrutura da casa em perfeito estado de conservação, apesar da aparente negligência com sua manutenção. A reforma seria basicamente estética.

E ela tinha um bom gosto admirável, embora não confiasse nele. Sua primeira escolha era sempre arrojada, moderna, mas, ao tomar a decisão final, ela sempre optava por algo menos arriscado, mais... Comum.

Essa observação o fazia pensar em duas coisas: por que a casa passara tanto tempo sem cuidados, dominada pelo mau gosto, e por que, agora que havia tomado a atitude de começar, ela não ia em frente e implementava suas boas ideias. Chegara a interrogá-la sobre suas constantes mudanças de opinião, mas ela se limitara a dizer que a casa pertencia à família toda e que, por isso, tinha de considerar também os gostos e preferências da irmã.

Nesse momento, ela parecia confusa olhando pela janela da cozinha com um ar distante. Talvez pudesse ajudá-la de alguma forma.

— Algum problema? — ele perguntou.

Anahi podia senti-lo bem perto de suas costas. Sentia o calor de seu corpo, e essa sensação a deixava tonta. Ela fechou os olhos e respirou fundo.

Alfonso pôs as mãos sobre seus ombros e os massageou, tentando amenizar a tensão.

— Ahhhh... — Ela suspirou.

O suspiro satisfeito o incentivou, e Alfonso tomou-a nos braços. Anahi jamais havia desejado outro homem com aquela intensida­de. Tinha consciência da atração, mas o fator luxúria era um risco com que não contava.

Ele a girou entre os braços, fitou-a nos olhos por alguns segun­dos... e beijou-a.

Seja havia perdido a fala, a capacidade de raciocínio e a noção de perigo, o beijo acabou com o que restava de sua determinação, da resolução de não permitir uma aproximação física.

Monty Phyton latiu.

Anahi afastou-se.

— Sem beijos!

A exclamação assustada o fez erguer uma sobrancelha. Sorrin­do, ele a soltou e, como se nada houvesse acontecido, retomou o trabalho com o rejunte do piso da cozinha.

Anahi correu para o quarto de Giovanna e bateu a porta. Estava ofegante. O que acontecia com ela? Precisava analisar os fatos, entendê-los, combatê-los, dominá-los...

Alfonso Herrera não era seu par perfeito. Jackson Hawks re­presentava sua perfeição. O poderoso, distante e sofisticado Jack­son Hawks. O homem que ela tentava convencer a convidá-la para sair... Sem sucesso.

Droga! Estava criando uma enorme confusão!

Como sempre. Havia arruinado sua carreira de atriz e a da irmã por consequência. Agora se metia na decoração da casa de Giovanna e ainda se envolvia com o homem que devia se interessar por sua irmã! Era capaz de criar projetos de produção e brilhantes apresentações com o powerpoint, mas sempre se confundia e es­tragava tudo quando tinha de lidar com a vida pessoal, dela e a da irmã.

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