Capítulo 20

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Jackson não sabia nada sobre ela. Absolutamente nada. Exceto que a amava. Vivera um momento de estupidez diante da imensa mentira, mas havia sido só isso. Um momento.

Deus, não permita que esse seja o fim entre nós, ele rezava.

Correndo ao lado da maca, tentou entrar na ambulância, apesar da resistência dos paramédicos. Oliver entrara no escritório logo depois do desabamento do forro, quando ele tentava retirá-la de sob os escombros, e dissera alguma coisa que Jackson não conse­guira ouvir.

Ele devia ter chamado a ambulância. E também entregara um telefone celular que, confuso, Jackson enfiara no bolso.

Os médicos a mantinham ligada a máquinas de aparência assustadora, e Jackson acompanhou atento a operação que tinha por finalidade trazê-la de volta ao estado consciente. Nunca sentira felicidade maior do que quando os olhos azuis se abriram. Ele segurou-lhe a mão. Giovanna estava atordoada e tentava dizer al­guma coisa, mas uma máscara de oxigênio foi posta sobre sua boca.

Jackson se aproximou um pouco mais.

— Não se preocupe. Você vai ficar bem. Tudo vai ficar bem. Oliver vai telefonar para sua irmã.

Ela reagiu assustada e tentou mover o braço para remover a máscara, mas estava presa a uma espécie de tala que a imobilizava. Devia ter havido alguma fratura. Também havia um grande galo em sua cabeça, um ferimento que antes havia sangrado muito, mas agora estava coberto por um curativo.

Devia tê-la impedido de sair do abrigo improvisado. Havia ten­tado, mas ela escapara por entre seus dedos. Nunca, nem em um milhão de anos teria questionado a segurança do edifício da Pitman Toys. Mas a questão era uma só: se ela não estivesse tentando se afastar dele o máximo possível, agora não estaria tão ferida e aflita. De sua parte, sentia-se dividido.

Fora enganado. Anahi Portilla devia ser maluca para pedir à irmã que mentisse dessa maneira! Por que não pedira um afastamento, simplesmente? Que tipo de insanidade a levara a pensar que não teria mais seu emprego na Pitman depois de uma licença médica? Mas ela nem o consul­tara. Em vez disso, envolvera a irmã em uma farsa e a convencera a tomar seu lugar na empresa. Jackson balançou a cabeça, incapaz de acreditar em um plano tão absurdo.

De onde Anahi havia tirado a ideia de que se afastar do trabalho e do estresse que ele gerava teria representado o fim de sua carreira na Pitman? Uma carreira que, evidentemente, sig­nificava muito para ela.

Jackson tentou determinar se também era assim, obcecado pelo trabalho. Talvez fosse hora de reorganizar suas prioridades, colo­car outras coisas no topo da lista, além de sua carreira. De uma coisa tinha certeza: não deixaria Giovanna fugir do alcance de seus olhos.




Alfonso preparou o almoço, omelete de tomates e vegetais colhi­dos em sua horta. Depois ele a levou para conhecer seu trabalho, belas esculturas em bronze retratando corpos femininos nas mais graciosas posições. Anahi ficou encantada com as obras. A tarde tranquila e quente a ajudava a esquecer o estranho desconforto que a atormentava desde cedo.

Monty fora com eles na caminhonete, e ainda pulava de um lado para o outro e latia, como se também estivesse incomodado com alguma coisa. Talvez não gostasse de lugares desconhecidos.

— Carly já deve estar em San Francisco. Teria sido melhor colocá-la num voo direto, mas só consegui assento nesse voo com escala em Portland. Oliver garantiu que a limusine levaria Giovanna ao aeroporto. Carly vai ficar muito impressionada!

— Imagino que sim.

— Tanto quanto eu estou impressionada com as suas esculturas. São lindas! Quando fez sua última exposição?

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