Capítulo 15

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Por que não podia simplesmente dizer as palavras? Vá em fren­te, Giovanna, fique com Jackson para você. Ele a quer, certamente. Divirta-se. Envolva-se com ele. Ele vai chutá-la no final, mas... e daí? 

Devia ser isso. Anahi estava apenas protegendo a irmã.

Alfonso havia retirado a velha churrasqueira da garagem e limpado o utensílio da melhor maneira possível. Depois, preparou hambúrgueres para todos, inclusive para a equipe de trabalhadores. Havia também milho, cebola assada, salada de batata que ele fora com­prar no supermercado, e uma suculenta melancia. Uma combina­ção clássica.

Alfonso era muito talentoso. Bonito, divertido, bem humorado e respeitado por todos os outros, que pareciam trabalhar sob suas ordens por muito tempo.

Os trabalhadores já haviam ido embora, prometendo trabalhar no final de semana, e as meninas foram passar a noite na casa de Ashley. Festa do pijama com direito a música e sorvete. Giovanna aprovava todas as amigas da filha. Anahi sentia-se uma tia res­ponsável por ter perguntado. Giovanna havia até se mostrado sur­presa ao saber que a filha passava tanto tempo com meninas de sua idade. De acordo com ela, Carly era uma solitária por natureza e gostava mais de pintar do que de atividades sociais.

Anahi não era inexperiente. Havia ido a festas na adolescência e na juventude, e por isso conhecia todos os sinais. Felizmente, Carly parecia estar vivendo um verão seguro. Cinema, carros, rapa­zes... Ela mesma tivera sorte por ter terminado a adolescência viva e sem nenhuma gravidez indesejada. Teria de conversar com Carly antes de partir.

De repente percebia que havia deixado o tempo passar sem conquistar as coisas que eram realmente importantes. Filhos, um casamento, um lar de verdade. Seu apartamento era lindo e fun­cional, mas Giovanna havia construído um lar ali. Anahi abriu outra cerveja e olhou para o deque, lembrando dias felizes do passado. Quantas vezes ela e a família haviam se reunido ali, naquele mes­mo quintal?

— Boas lembranças? — Alfonso perguntou ao vê-la sorrir.

— Minha mãe cozinhava muito mal, mas meu pai fazia hambúrgueres como ninguém. Vivemos muitos dias como o de hoje. Houve um churrasco especial. Minha irmã e eu descobrimos como mergulhar usando o balanço como impulso. Era noite, a maré es­tava alta... Tínhamos um balanço de corda feito por meu pai. Ficava bem ali. — ela apontou para uma árvore perto do deque.

— Ei, a corda ainda está lá. — Alfonso notou espantado. — De­víamos removê-la.

— Nem pense nisso! Você ia acabar... Alfonso! — ela exclamou, notando que eleja começava a subir na árvore. — Vai quebrar o pescoço!

— Subo em árvores desde que era um menino.

— Mas não é mais um menino. Agora você é um velho enfer­rujado!

— Puxa, você sabe como alimentar a autoestima de um ho­mem.

— Ele já estava quase alcançando o galho onde a corda havia sido amarrada muitos anos atrás.

— Você é mais maluco que eu.

— Provavelmente. — Ele examinava o local onde a corda es­tava amarrada.

— Parece segura.

— Desça já daí, seu doido!

— Lá vou eu! — Ele se agarrou à corda e balançou o corpo, soltando-se bem em cima do deque para uma aterrissagem perfeita.

— Já conseguiu nota máxima do júri. Agora chega. — Anahi sorriu.

— O quê? De jeito nenhum! Agora é que vamos começar a nos divertir. Vá vestir seu maio. Tenho uma sunga na caminhonete.

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