Capítulo 8

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Giovanna experimentou um arrepio e vestiu a jaqueta preta da irmã. O ar condicionado devia estar ponto no máximo hoje!

Ela empurrou o cabelo para trás de uma orelha e voltou a ler o catálogo que Oliver lhe havia dado horas antes. Era a história da Pitman Toys. Adorava olhar as fotos dos brinquedos que a empresa produzira desde o início da década de cinquenta. Lembrava-se bem das coisas com que ela e Anahi costumavam brincar entre uma apresentação e outra nos espetáculos de Harvey, O Dragão.

As duas gostavam muito da Casa dos Sonhos de Holly Dolly. Ela sempre criava cenas familiares com bebês, refeições e utensí­lios minúsculos, enquanto Anahi corria pelo quintal no carro es­portivo de Holly Dolly. Engraçado... A vida real se desenrolara de maneira bem similar.

Giovanna experimentou outro arrepio. Tinha um mau pressen­timento. Não gostava disso. Num impulso, pegou o telefone sobre a mesa e discou o número de casa. Anahi atendeu rapidamente. Giovanna ouviu as crianças rindo ao fundo.

— Anahi? Tudo bem por aí?

— O quê? — Sua irmã gritou.

— Tive um mau pressentimento.

— Pelo amor de Deus, Giovanna! Está tudo bem! Todos estão se divertindo, e sua filha está bem aqui. Só um minuto.

— Mãe?

— Carly, querida, está tudo bem?

— Conversamos ontem, mãe. Tudo continua muito bem por aqui. Tia Anahi e eu estamos nos divertindo muito.

— É que eu... tive um pressentimento. É bom saber que não foi nada.

Nesse momento, Oliver acionou o interfone e sussurrou:

— Alerta Hawks!

— Meu bem, vou ter de desligar. É bom saber que vocês estão bem. Mande um beijo para a tia Anahi por mim.

— Está bem, mãe. Até logo. — Carly desligou.

Devia ser a iminência do almoço com Hawks que a deixava tão nervosa. Eram doze e trinta. Havia ignorado os informes de Oliver na última meia hora, e por isso se atrasara. E agora, lá estava ele, parado na soleira do escritório, formidável como um astro do ci­nema, imponente como uma personalidade de Hollywood.

— O almoço está esfriando. — ele comentou sorrindo.

— Oh, desculpe! Eu... Me distraí.

Ele sabia que era mentira. Sabia que ela o evitava. E eram pou­cas as mulheres que o evitavam. Não conseguia entender. Anahi o esbofeteara, o rejeitara e insistia em recusar toda e qualquer demonstração de afeto, especialmente em público.

Sabia que a estava afetando de alguma maneira, o que indicava que ela não era completamente imune à proximidade de um ho­mem. Conhecia os sinais. Lábios entreabertos, respiração ofegante, um rubor inesperado... E o beijo com que a surpreendera fora bem recebido, por alguns instantes, pelo menos.

Então, o que estava acontecendo? Não era seu tipo de homem? Estava confuso.

— Vim buscá-la. Podemos ir?

Ela se levantou o que era um bom sinal. E carregava um livro, o que não era um bom sinal.

— Vamos almoçar juntos, mas quero aproveitar para discutir algumas ideias com você. Estive lendo a história da companhia.

— Sou todo ouvidos. — ele sorriu, fascinado pelo contorno perfeito das pernas sob a saia de estampa floral. Nunca antes a Srta. Portilla havia ido trabalhar usando estampas florais. O efei­to era esplêndido. Mas ela queria discutir estatística enquanto al­moçavam? Por Deus!

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