O Recomeço.

22- O surto.

PV Arizona Robbins

Passei horas na sala de operação tentando fazer de tudo para que um feto de 22 semanas ficasse dentro da barriga da mãe, mas infelizmente, nem sempre me saio bem. Por consequência tive que passar o dia monitorando o bebê para não ter mais complicações.

-Dr. Darkson fique de olho nesse pequeno por enquanto, a Herman está me chamando.- Digo quando vejo que meu celular tem várias ligações perdidas da Nicole. Vou caminhando pra sua sala enquanto ligo para a mesma.

Ligação on

-Onde porra você se meteu Robbins?!- Nicole sussurra assim que atende minha ligação.

Desculpe, estava monitorando o bebê da noite passada, por que você está sussurrando?

-Porque estou do lado de uma ex paciente e o advogado dela, que estão querendo processar você, então faça o favor de correr para minha sala. AGORA!- A última parte ela fala mais alto, mas o seu tom de voz não me afeta, estou atordoada com a informação.

Sinto meu coração bater mais rápido e o ar faltar em meus pulmões, me sinto fraca, aquilo só podia ser uma brincadeira de muito mal gosto da Herman, eu queria acreditar nisso, mas no fundo eu sabia a verdade, só torcia para não ser verdade. Eu quase corria pelos corredores esperando chegar na sala de Herman e a mesma estava rindo pelo meu desespero. Mas não foi isso que aconteceu, quando entre na sua sala, lá estava um homem que devia ser o advogado, e ela, a mulher que fez parte do maior erro de minha vida, estava lá, com um semblante frio, os poucos minutos que se passou após minha chegada foi o advogado me comunicando o motivo do processo, Nicole até tentou fazer um acordo, mas Lauren estava com fome de sangue, meu sangue.

-Lauren- Chamo em tom baixo quando ela ia saindo da sala, ela para mas não se vira -Você sabe que não foi negligência, foi uma fatalidade, eu fiz de tudo, mas seu Theo não...- Paro de falar quando sinto um estalado tapa no meu rosto, coloco a mão onde a mulher bateu sentido minha pele arde.

-Cale sua boca, você matou meu Theo, só por vingança, para descontar em mim o seu erro.- Diz entre os dentes -Eu só vou parar quando você perder tudo assim como eu- Fala e sai da sala batendo a porta.

-Eu... eu tô ferrada- Me desabei no choro e me sento no chão mesmo me sentindo uma fracassada, eu jamais mataria um bebê, mas ela era a mãe, e eu a quem ela confiou a vida do filho.

-Robbins, calma, vamos resolver isso, você e eu sabemos que não foi negligência, vamos contratar o melhor advogado e ele vai provar sua inocência.- Nicole fala tentando me acalmar -Respire, se acalme e vá para casa, conte para sua mulher e não precisa vir amanhã, vamos resolver isso-

-Eu... eu posso ficar sozinha?- pergunto ainda entre soluços, ela assente com a cabeça e sai fechando a porta -Porra, porra, PORRA- grito com raiva a tristeza e o medo se transformam, em raiva e ódio -AQUELA FILHA DA PUTA, ELA NÃO PODE, NÃO PODE- pego um vaso na mesa de Nicole e lanço na parede gritando para que toda a dor saia de mim

-ARIZONA!!! Que merda você tá fazendo?- Nicole entra com Eduardo -VOCÊ TEM QUE SE ACALMAR!- Ela grita e eu choro ainda com muita raiva.

-Como eu vou me acalmar, se essa mulher ganhar eu vou perder minha licença, não vou poder nem chegar perto de um paciente, você consegue perceber a porra que é isso?- Digo andando de um lado para o outro.

-Ela não vai ganhar, se acalme sim?!- Nicole fala mais calma

-Eu não sei mais fazer nada- Sinto que vou cair e logo Eduardo me abraça

-Estamos com você nessa!- Ele sussurra no meu ouvido e eu me permito chorar mais um pouco.

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Depois de chorar um monte meu mundo ficou no automático, saí da clínica sem falar com ninguém, lembro vagamente de Eduardo mandando eu o esperar para me levar em casa, mas não sei se é coisa da minha cabeça ou de fato ele falou isso, só sei que aqui estou eu, no meu carro parando para minha filha entrar, Sofia não calava a boca um momento mas eu só respondia algumas coisas.

Quando entramos em casa percebo algo de diferente só que ainda não consigo distinguir o que é, em meio a minha confusão interna acabo gritando com Sofia, e Callie veio conversar comigo, eu chorei mais um monte nos braços da morena.

-Alaurenestámeprocessandopornegligênciamédica- Digo em um fôlego só

-A LAUREN O QUE??- Ela grita ficando de pé.

-Está me processando por negligência médica- repito, com a cabeça baixa.

-Eu entendi, porra, que merda- É grossa sem nem perceber o que me deixa mais mal -Sempre essa mulher, que saco- Anda de um lado para o outro.

-É sério? Eu tô aqui morrendo de preocupação se vou ou não perder minha licença médica e você preocupada que seja ela?! Porra Torres!- Volto a chorar

-Ei ok, desculpa, fui idiota, me desculpa, vem cá- Me abraça mais forte e beija minha cabeça -Tá tudo bem, tudo vai ficar bem, vamos falar com o melhor advogado que Nova York possa oferecer e se não for o bastante vamos procurar o melhor dos Estados Unidos- Fala e eu acabo dando um pequeno sorriso, o primeiro dês da notícia. -Estou do seu lado, e sei que não foi nada de negligência, Lauren apenas está mal com a perda do filho, e só quer arrumar alguém para culpar. Sabemos a médica incrível que você é, sim?!- assento com a cabeça devagar.

Callie levanta minha cabeça para eu possa lhe olhar, e por um momento seus olhos desconectam dos meus e analisa minha bochecha, logo me lembro do tapa e coloco minha mão onde seus olhos analisavam. Os castanhos voltam a me olhar e quem olha para outro lugar agora sou eu.

-Seu rosto está vermelho, o que foi isso?- Pergunta carinhosa me fazendo olha novamente para ela

-Não foi nada, devo ter batido em algum lugar- Minto, ela não precisa sentir mais raiva da Lauren

-Me diz a verdade Amor...- Pede ainda carinhosa e eu permaneço calada -A gente disse que ia conversar sobre tudo- me lembra, e eu solto uma lufada de ar.

-Ela me deu um tapa, mas não julgo, eu matei o filho dela- Digo baixo

-Ei! Nunca mais repita isso, ok?! Aquela vadia não tinha o direito de levantar um dedo para você, essa puta vai se ver comigo.- Diz visivelmente nervosa mas não larga minhas mãos, beija o lado machucado com delicadeza

-Não faça nada com ela Calliope, ou pode acabar atrapalhando no meu julgamento- Digo com medo da morena fazer uma coisa que possa se arrepender depois

-Não farei porque você pediu- Me da um selinho demorado

-obrigada- sussurro 

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Voltei, o capítulo já estava pronto a dias, mas eu quis fazer um suspense kkkkkkkk.

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