Narrativa da Anitta
- O que aconteceu ? Você não tirou esse sorriso do rosto desde que chegou. - Isabella perguntou enquanto eu abria uma garrafinha de água, segurando minha raquete debaixo do braço, bebi longos goles, saciando minha sede.
Estamos na quadra de tênis do hotel, acordei essa manhã com um telefonema dela, me convidando para jogar uma partida, o que se tornou rotineiro desde que cheguei em Miami, estou até pegando gosto pela a coisa, eu sempre quis praticar algum tipo de esporte, só não tinha quem me incentivasse a fazer. Sentamos em uma das mesas com guarda sol, coloquei minha raquete em cima da mesma junto da garrafa com água, minha amiga me encarava com curiosidade depois de erguer seus óculos escuro acima da cabeça.
- Nada ué, hoje estar fazendo um dia lindo, né ? - Não entregaria os pontos tão fácil assim, Isa balançou a cabeça incrédula e rindo. Ela me conhecia o bastante pra saber que pra mim sorrir quem nem uma boba tinha que ser mais do que um dia lindo. - Devo te agradecer por me tirar da cama antes das oito, valeu a pena.
- Ora, pare com isso. - Ela cruzou as pernas, e fez o mesmo com os braços em baixo dos seios. - Você é de Honório Gurgel, a boêmia da zona sul do Rio de Janeiro, não combina com você, my friend.
Mas era uma certa carioca que estava me arrancando suspiros e sorrisos bobos, acho que sou capaz de escrever uma música, com toda a expiração que ela me faz sentir, trocar as letras do funk proibidão por letras poéticas, onde eu possa dizer tudo o que sinto por ela, em forma de canção.
- Porque acha isso ? - Olhei pra ela por trás das lentes dos óculos escuro que usava, queria saber o efeito que Ohana me causava através de outras pessoas, se era do jeito que eu imaginava ser.
- Do bola-rebola para você mentiu de Caetano Veloso e você, existe uma grande diferença, não acha ? - Concordei balançando a cabeça. - Quem é o muso inspirador ? Você só pode estar apaixonada.
Estava tão na cara assim ? Apaixonada eu sempre fui por ela, desde do primeiro momento que a conheci.
- Musa inspiradora. - Corrigi.
- Perai! Você disse musa ? - Ela arregalou os olhos e abriu a boca como se aquilo fosse a maior novidade já contada.
- Sim, porque a surpresa ? - Dei de ombros, capturando a garrafa da mesa e bebendo mais um gole de água. - Você mais do que outra pessoa, sabe que gosto de mulher, não estou entendendo Isa. - Questionei confusa.
- Eu sei, e sei também, que só tem uma mulher por quem você é loucamente apaixonada, ou melhor dizendo, que você ama, eu não posso acreditar, que não seja a mesma. - Coloquei meus pés na outra cadeira esticando minhas pernas, sentindo meus músculos relaxarem.
Isabella tem razão, só existe uma, a única.
- Eu não sou capaz de amar outra pessoa que não seja ela, Isa. E não sei porque você cogitou a possibilidade de ser um muso inspirador. - Revirei os olhos só de imaginar tal coisa. - Já faz anos que só existe lugar pra ela no meu coração.
- Calma, My Dear. Não precisa se estressar, estou surpresa porque faz tempo que você não fala dela, e se estar tão feliz assim é porque ela voltou. - Puxou minha mão por cima da mesa e apertou carinhosamente. - E quer saber ? Eu estou feliz por você, sabe que sou umas das maiores apoiadoras dessa relação, mesmo quando você não queria nem falar no nome dela, sempre achei que por trás dessa história toda de casamento e filho, existe um motivo maior.
