Paciência. Paciência. Paciência.

Essa era a palavra para o treino de hoje, estava tendo mais dificuldade que o normal para execitar o Devellopé. Não conseguia me equilibrar, estava nervosa por não conseguir e ansiosa para conseguir porém isso era o que mais me atrapalhava. Meu nervosismo!

— Precisa de ajuda, Hannah? — Mauro disse segurando minha mão evitando que eu caísse. Mauro era o instrutor de ballet dessa semana.

— Não estou conseguindo fazer essa parte.

— Vamos fazer devagar? — Assenti — Segura na barra nesse momento [...]  Movimento de perna que inicia em retiré [...] e lentamente estenda a uma posição aberta à la quatrième devant [...] Sempre Segurando lá em perfeito controle... Isso sustentando a todo momento e agora com o pé de apoio todo no chão [...] retiré [...] Parece perfeito pra mim.

— Obrigada, Mauro. Vou continuar a treinar — ele sorriu e foi auxiliar outras alunas.

Ao término do treino, estava com muito calor e sede. Não sei qual reinava mais. Estava cansada obviamente mas não exausta, um banho resolveria meus problemas tomei o banho no estúdio rapidamente.

— O que faz na rua esse horário?

— São seis horas, Evan.— disse sem olhá-lo — Deve parar de fechar os outros com o carro.— bati no capô do carro.

— Se soubesse o quanto custa essa tinta não tocaria no carro

— Não tocaria se não estivesse atrapalhando a passagem.

— Faz ballet?

— Sim, há alguns anos.

— Quer fazer alguma coisa hoje?

— No que está pensando?

— Algo mais reservado.

— Reservado como?

— Não é isso que está pensando. Algo em público mas nada muito exposto como praça de alimentação ou
parque.

— Então como o quê?

— Um restaurante ou cinema o que acha?

— Cinema é uma boa ideia porém não hoje, não acha que é um pouco cedo demais?

— Pra quê esperar se você pode morrer amanhã?

— Engraçadinho.

— Porque dificultar o processo?

— Precisa avisar antes, acabei de praticar exercícios então não é uma boa hora.

— Se tivesse me ligado alguma vez poderíamos ter conversado mais sobre isso.

— Não tenho o seu número — menti, oferecendo um sorriso gentil.

— Aquela mulher te deu as flores?

— Flores? Acho que não. Que mulher?

— Esqueça isso. Não vai rolar mesmo? Vale a pena continuar a insistir?

— Não vai saber se desistir.

— Não tenho muito paciência.

— Tambem não, infelizmente.

— Pense em uma fruta. Se eu acertar qual pensou você tem que aceitar.

— Por que a insistência?

— Não quero ter vindo aqui à toa.

— À toa?

— Não me expressei muito bem. Essa é a pior conversa que já tive com alguém, pode entrar no carro?

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