Perfeito. Duas semanas de atraso. Era a notícia mais assustadora do ano. Eu havia começado algumas aulas de italiano.

Minha menstruação estava atrasada há fucking duas semanas e quatro dias, tudo bem que ela nunca foi regular e pontual porém duas semanas eram muito, nem remédio eu estava tomando.

Eu precisava de um milagre.

Não sabia falar fluentemente, muito menos entender o que estavam dizendo se falassem muito rápido confundiam a minha cabeça e eu não conseguia assimilar as palavras ditas.

— O que foi, amor? — pergunto acariciando-o atrás da nuca, a festa estava bem agitada porém Evan não se sentia confortável. Desejava saber o que estava acontecendo e o que estava deixando-o aflito.

— Estou me sentindo mal.— admitiu apertando as pálpebras, segurou a minha mão e beijou — Eu te amo sabia?

— Quer ir para um hospital?

— Não, não é físico.

— Me conta? — ele se aproximou de mim.

— Não é só que estou um pouco cansado.

— Tem certeza? — ele assentiu.— Tem algo a mais do que o cansaço mas entendo que não queira dizer — beijei a bochecha dele.

— Obrigado, Hannah.

— Miele.

— Sabe que “Miele” é um pronome de tratamento feminino, né.

— Caro? — perguntei em dúvida, ele assentiu — Como se diz eu te odeio?

— Por que não aprende primeiro a dizer que me ama?

Ti amo —  sorriu, um sorriso largo.

Ti odio.

— Não é tão difícil!— ele me roubou um beijo, parecia que ele estava bem abatido.

A festa foi legal, eram muitas adolescentes... Parecia que estava na saída do ensino médio. Vivian fazia parte das populares então eu não gostava dela por isso inicialmente mas pra ela eu era uma das melhores top models internacionais e me enaltecia em um nível para me deixar constrangida.

E Evan estava cada vez mais distante, ele mal falava comigo e com a própria família. Algo estava errado e pelo menos dessa vez não era ciúmes. Dormimos juntos mas algo ainda estava estranho. Eu sabia o que era mas pretendia respeitar o momento dele, alguma hora ou outra isso acontecer afinal estava fadada pelo resto da eternidade.

— Hannah — ele disse sorrindo porém algo passou pela mente dele e fechou o semblante, talvez era a hora de falar sobre isso aparentemente ele sentia mais do que eu.— Acho melhor a gente terminar.

— Quantas vezes aproximadamente ela me chamou de crioula? — perguntei em dúvida — Obrigada por sair em minha defesa.

— Eu não sabia que ela era assim — disse — Eu não quero que você passe o resto da vida isso, não se eu puder evitar.

— Não sei se isso é só a sua opinião mas se me permite um palpite você aparentemente quer me proteger de tudo e todos. Inclusive da sua própria família que você tanto preza, repita  comigo “a Hannah veio do Brasil, um país racista e sexista por isso ela teve que ser forte desde cedo então eu não preciso me preocupar com isso”

— Hannah, não quero te limitar a uma família racista. Eu provavelmente vou ser racista com você algum dia e eu não quero ser.

— Quem disse que você já não foi?

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