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ATENA's POV

Talvez minha vida fosse mais fácil se eu recebesse o mínimo de afeto dos meus pais. Eu penso nisso, literalmente, todos os dias. Meu pai, depois daquela festa em Bahamas, em plena férias de verão, me expulsou de casa — e minha mãe apoiou a decisão. Motivo? Bom, digamos que talvez eu tenha extrapolado os limites. E ainda assim, isso não era motivo para uma expulsão permanente da casa dos meus pais. Na época, três anos atrás, eu não tinha nada. Sabe o que é nada? Pois é, me expulsaram mesmo assim. E eu aceitei sem reclamar.

Patética, Atena. Você é patética.

Atualmente, admito que agradeço a Deus todos os dias por ter um teto descente, comida e roupas. O necessário para viver, e até mais um pouco. Desde o dia em que meus pais me mandaram pra cá, Culver City, localizada na Califórnia, eu venho trabalhando num bar que fica no centro da cidade.

Eu odeio o meu trabalho.

Apesar disso, gosto de pensar que pelo menos tenho saúde e condições de pagar minhas contas e minha faculdade. Porém, a vida não é um mar de rosas. Quem dera fosse. Toda essa situação dos meus pais me trouxe alguns probleminhas psicológicos. Mais especificamente, transtorno de ansiedade generalizada e depressão.

Eu me importo com tudo e ao mesmo tempo não me importo com nada.

Odeio sentir que estou numa posição de vítima, mas pra ser sincera? Ter a mente fodida é cansativo pra caralho. Meus pais diriam que isso é drama. E eu diria pra eles irem à merda.

Enfim, mais uma semana se inicia e eu chego à mesma conclusão de sempre:

Eu te odeio, tal de Eren Yeager. Se eu soubesse que uma noite de sexo sem compromisso em Bahamas e uma tatuagem com suas iniciais na minha pelve resultariam nisso, eu juro que jamais teria pisado na bola.

Pelo menos, o sexo valeu a pena...

— Para de dormir em pé! Não podemos chegar atrasadas, de novo. — Annie me tira agressivamente dos meus devaneios. — Você ainda tem sorte que eu tive a boa vontade de vim te buscar. — me dá outro sermão, enquanto eu reviro os olhos e entro no carro dela, sentando no banco do passageiro.

— Se isso é boa vontade, não quero nem ver a má vontade... — provoco num tom brincalhão, me referindo ao comportamento da minha melhor amiga.

— Vai se foder, Carter. — mostra o dedo do meio, me chamando pelo sobrenome.

— Já me fodo todo dia, Leonhart. — pisco um olho, soltando um riso fraco.

— O único que te fode todo dia, mesmo sem saber, é aquele cara de Bahamas... — me olha de canto, claramente segurando o riso.

Ela adora rir da desgraça dos outros. Principalmente da minha.

— Presta atenção no trânsito, porra. — cruzo os braços, rindo mentalmente. — E pra sua informação, essa sua piada meia-boca já tá ficando velha. — a encaro, ela me ignora, por estar focada nas ruas.

— Fala sério, isso nunca vai perder a graça! — ela exclama, gargalhando. — Principalmente quando eu lembro que você tem as iniciais do cara tatuadas do lado da sua b...

— Annie! — grito, a interrompendo. — Puta que pariu, chega. É muita humilhação... — reclamo, cobrindo o rosto com as duas mãos. — Em minha defesa, eu estava bêbada. Ele era tatuador e nós estávamos prestes a transar, foi no calor do momento! — gargalho ao lembrar de cada detalhe.

— Engraçado que, pra uma pessoa bêbada, você tinha a memória bem boa, né? — provoca novamente, sorrindo ladino.

— Annie, ele lambeu e beijou a porra da tatuagem quando estava prestes a me chupar... — relembro em voz alta, por um momento penso que aquela transa fez tudo valer a pena.

— Atena, você perdeu a virgindade da melhor forma possível. Sinta-se privilegiada. — diz, eu concordo com a cabeça, rindo.

Talvez eu não te odeie tanto, Eren.

(...)

A aula do professor Erwin estava um completo tédio. E é por isso que eu saí sorridente da sala, quando o sinal de troca de aula tocou. A terceira aula do dia sempre vai ser a minha preferida — é a hora em que os veteranos de Medicina vão para o laboratório de química.

Erwin, não me leve a mal. Eu te amo, mas a professora Hange tem todo o meu coração.

Eu e Annie sentamos na bancada de sempre, já que os grupos de laboratório são sempre os mesmos. O problema é que a terceira pessoa do grupo, Connie, está ausente. Por incrível que pareça, as palhaçadas dele fazem falta.

— Bom dia, meus totalidade-de-gens-mapeados! — Hange exclama, animada como sempre.

Os alunos franzem o cenho, mas acabam rindo do comentário inteligente — porém esquisito — da professora. Ela quis dizer humanos, basicamente falando.

— Vejo que vocês já estão de jaleco, então já posso pular pra parte em que eu falo a mais nova novidade do dia! — sorri abertamente, demonstrando animação constante.

Eu a encaro com um sorriso ladino, prestando atenção nessa tal novidade do dia, assim como o resto dos jovens.

— Lembram que eu estava precisando urgentemente de um ajudante barra monitor aqui? — pergunta, nós assentimos. — Pois bem, hoje esse meu sofrimento acaba! Não vou mais precisar arrancar meus cabelos sozinha, e tudo isso graças ao nosso novo monitor. Ele é um amigo próximo do professor Levi, quase um filho, então tratem ele bem caso não queiram apanhar por aí. — fala com humor, com uma sobrancelha arqueada.

Interessante, então é um homem...

— Hange, quanta enrolação! — Sasha, a garota da minha sala, reclama.

— Eu já sei quem é... — escuto Ymir dizer atrás de mim, conversando com a Historia.

Annie me encarou com olhos curiosos.

— Com vocês... — Hange bate na mesa com as duas mãos, imitando sons de tambores. — Eren Yeager! — exclama, sorrindo.

EREN YEAGER?!

Eu escutei errado, não escutei? Não é possível, ou é? Não, não é. O que ele estaria fazendo aqui, um tatuador riquinho que aparentava odiar os estudos?

E num piscar de olhos, tudo ao meu redor ficou em câmera lenta. Meu estômago se contorceu ao ver a figura alta, tonificada e cheia de tatuagens no braço direito, entrando pela porta do laboratório.

Deus, você só pode estar de sacanagem comigo.

———

AAAAA socorro! O que acharam do primeiro capítulo? A partir de agora, as coisas vão ficar interessantes...

Beijos! :)

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