Estas São as Crônicas Brazilianas

Capítulo III: Punição divina

Kuria Efchar neste dia foi ao escritório do bordel, andou ate lá de forma provocante igual a toda garota que com seu corpo buscaria obter o máximo de ganhos materiais, afinal homens fortes e perigosos no fundo gostam de ser dominados e premiam aquelas que de forma natural satisfazem seus desejos mais íntimos.

Chegou como uma qualquer que suplicava em troca de oferecer tudo, mas não perguntou nada, não falou nada, já que sabia tudo o precisava saber, aquelas pobres moças lhe contaram e hoje neste dia elas seriam libertas.

O jovem mafioso responsável no momento por todo estabelecimento, muito novo, mas muito temido por seu sadismo e violência sem hesitar a agarrou com força, ela segurou a mão direita deste e o fez agarrar forte seu seio, porém quando este estando entregue ao prazer iria agarrá-la para consumar o ato, todos no bordel ouviram apenas um estalo.  

Um estalo seco e rápido que demorariam em entender o que aconteceu, mas se alguém tivesse visto aquilo viria que Kuria como se fosse acariciar o rosto do sujeito, como uma mão leve e macia como se nunca tivesse erguido um grama na vida, com o mais belo movimento, leve e rápido. Foi com sua mão direita em direção ao rosto daquele rapaz, que quando nele encostou, a mão manteve seu caminho e se esticou e logo aquela mão branca, macia e graciosa estava coberta de sangue, pois era a mão de uma duocoteseo e aquele rapaz provara como desejava um beijo, mas um beijo da morte.

A mão esticada em uma fração de segundo erguia como se segurasse um troféu, a cabeça do criminoso. Sua alma condenada pelas mulheres que tiveram que ser violadas para sobreviverem, das mulheres que por prazer matou, pelos rapazes que por azar cruzaram seu caminho. Todo o sangue derramado por prazer agora assombrava seu espírito naquele preciso instante.

Vozes aleatórias vinham até aquela alma infeliz dizendo: "mataste por prazer morreu na mão da deusa do prazer". Que morte foi essa? Sua cabeça erguida foi separada perfeitamente do seu corpo com um golpe só e por um tempo impossível de se medir, seus pecados irão persegui-lo, existência maldita ninguém se deu o esforço de saber seu nome e eu não quero saber seu nome.

-You are free, you own yourself!

(Vocês estão livres, são donas de si mesmas!)

Um dos clientes gritou:

- あなたは誰ですか、雌犬？

-Anata wa daredesuka, meinu?

(Quem é você sua vagabunda!!!)

Kuria abre a porta e com sua cabeça aponta em direção à carcaça do mafioso antes temido e agora morto.

Alguma palavra precisaria ser dita? Aquele cliente e outros entenderam a mensagem e como crianças assustadas fugiram gritando e chorando em desespero pelas estreitas ruas de Tóquio.

Espalhou-se uma lenda, um conto de que a mais linda das mulheres observa todos os bordeis de Tóquio, e sabe onde está cada cafetão ou mafioso, ela sabe o que fazem e prepara a mais cruel das mortes para aqueles que maltratam as mulheres.

Qual a verdade destas histórias, passadas de boca em boca pelas madrugadas profundas da cidade? A polícia acabou tomando conhecimento disso após analisar cinco casos de suicídio que ocorreram quando aqueles homens que ainda comandam este submundo depois de movido por inúmeros motivos, agrediram e ou abusaram de suas funcionárias e quando começaram a imaginar o que os esperariam segundo as histórias que corriam no momento, preferiram como último ato escolher a sua própria morte. Era melhor disparar contra si mesmo uma bala ou morrer de forma honrosa com uma espada tal como manda as velhas tradições nipônicas que prometia honra póstuma a quem morresse de forma considerada honrosa e enfiar em si mesmo uma lâmina nas suas entranhas era a forma honrosa, isso ou terminar que daquele jeito medonho, talvez os deuses pudessem cogitar em oferecer perdão admirando nobre ato de findar por decisão própria uma existência vergonhosa poupando caridosamente a si e os próximos de futuros atos nojentos.