Capítulo XVIII: Papo com o deus da Guerra

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Quando uma divindade mimada se permite ela pode ser bem generosa e hospitaleira. Foi isso que Gilmar pensou ao acordar no dia seguinte limpo e em uma bela cama em um dos quartos daquele pequeno templo a uns 15 km do Forte São Jorge em meio ao sopé das montanhas do Aztlantartus ou como muitos chamarão (graças a uma brincadeira do Terceiro Sargento Sophia Luger Takaeda) de Alpes Paulistas.

Ele se levantou, se trocou e rumou ao Grande Salão onde em outros templos os devotos costumam fazer oferendas e rezas, mas naquele em especial isso não acontecia sendo de uso exclusivo da deusa, este salão naquele momento havia se transformado em uma espécie de Sala de Jantar com direito a toda a parafernália eletrônica e elétrica do qual um Brasileiro médio jamais conseguiria ver e que Gilmar imaginou que Kuria conseguiu aquilo tudo à custa do Imperador (No sentido literal descontando da dotação anual espécie de salário que o monarca recebe por exercer sua função de soberano).

Era por volta das 9 da manhã, uma vez que Gilmar apagou por volta das 16 horas após ficar em transe, após observar a batalha inconclusiva se pode dizer que ele ficou inconsciente por aproximadamente 18 horas (como era a primeira vez que passava por algo do tipo era normal que seu corpo levasse um tempo para se recuperar, isso porque Kuria pegou leve na sua técnica se desejasse ela poderia matá-lo, coisa que aconteceu algumas vezes ao longo da história). Havia conversa no Salão, Kuria tinha recebido uma visita de seu irmão o deus da guerra daquele mundo chamado Kurios Doriaskipida

-Este é seu protegido irmã? Questionou a divindade da guerra

-Protegido não seria a palavra correta, prefiro discípulo, vamos ver se ele sobrevive ao meu "processo pedagógico". Disse uma Kuria sorridente.

-Então você acolheu como discípulo um, como eram chamados os fundadores de Yamaris quando chegaram aqui séculos atrás? Cristãos? Sim você abriu o vórtice justo para um mundo e foi para um país de cristãos e pegou um cristão para si... como você deixa as coisas interessantes....

Gilmar engoliu seco da forma mais demorada e seca de sua vida, ainda questionava a si mesmo o que estava fazendo, rapidamente veio uma lembrança sua com seu pai:

"Filho um amigo meu na construtora em que trabalho me pediu por curiosidade e entreguei suas provas de matemática do colégio e ele gostou muito do que viu, falou que se você quiser há uma grande chance de você com um curso técnico conseguir um bom estágio"....

"Obrigado pai, muito obrigado, mas eu ingressarei nas forças armadas, minha vocação está nas armas prometo honrar a nossa família e serei um bom homem"

"Honra tua família e teu rei meu filho".

"Eu devia ter aceitado", pensou Gilmar, de fato era excelente em exatas e até cogitou a entrar na artilharia, mas ali estava, com duas divindades em outro mundo, era um soldado que naquela situação ironicamente temia pela sua própria vida.

Kurios Doriaskipida deveria ser o irmão gêmeo de Kuria, pois o formato do seu rosto era parecido com o de sua Irmã, porém era só nisso a semelhança física. Sua pele tinha um tom acobreado quase como se houvesse saindo de uma batalha e estivesse encharcado de sangue. Seu porte era atlético não muito musculoso tal como um Hoplita treinado para o combate na falange.

Suas vestes naquele momento era uma túnica ou camisa e calças de lã, no canto do saguão sua couraça feita de ferro e prata ricamente ornamentada repousava de um ponto que qualquer um poderia admirar junto com sua tiara cujos dois adornos lembravam pequenas laminas e decoravam seus cabelos pretos curtos e ondulados.

Ainda naquele canto do saguão repousava sua lança feita com um cabo de madeira de alguma árvore nobre e seu escudo redondo de uma beleza que Gilmar não conseguia descrever. Ao contrario da irmã Kurios utilizava sandálias também muito bonitas e ornamentadas.

Estas São as Crônicas BrazilianasOnde histórias criam vida. Descubra agora