𝗖𝗮𝗽𝗶𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟬𝟭. 𝗔 𝘁𝗿𝗮𝗻𝘀𝗳𝗼𝗿𝗺𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼

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𝗢 𝗙𝗢𝗚𝗢

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𝗢 𝗙𝗢𝗚𝗢.
Era tudo o que eu sentia. Como se mil agulhas em chamas perfurassem minha pele, alcançando cada canto do meu corpo. Cada fibra minha protestava, queimando em uma dor que eu jamais imaginei ser possível. Eu queria gritar, mas o som ficava preso na garganta, sufocado pela agonia.

Eu desejava o fim. Desejava que o fogo me consumisse por completo, que a escuridão finalmente me abraçasse e me libertasse daquele inferno. Mas, em vez disso, havia apenas mais dor, mais calor, mais resistência.

No meio daquele tormento, imagens da minha antiga vida começaram a aparecer, fugazes, distantes, como sombras escorregadias no fundo da minha mente. Um sorriso... uma voz... mas tudo parecia pertencer a outra pessoa.

Então, o inesperado aconteceu. O fogo começou a desaparecer. Lentamente, quase imperceptivelmente, o silêncio tomou conta de tudo. Eu senti, com uma clareza assustadora, o último batimento do meu coração antes que ele parasse.

Por um instante, só havia o vazio.

E então, eu abri os olhos.

A princípio, tudo era confuso. Minhas pupilas absorviam a luz fraca que entrava pelas frestas das tábuas desgastadas. Estava em um lugar estranho, sombrio, e um cheiro desconhecido e acre impregnava o ar ao meu redor. Meu corpo estava tenso, os músculos rígidos como se ainda aguardassem mais dor.

Mas, em vez de alívio, um novo tormento começou. Uma queimação surgiu em minha garganta, ardendo como se o fogo de antes tivesse se instalado ali para nunca partir. Apertei a mão contra o pescoço, tentando, inutilmente, aliviar a sensação.

Ao olhar ao redor, percebi que estava em um galpão abandonado. As paredes eram de madeira velha, algumas tábuas soltas e empilhadas em um canto. Fragmentos de vidro de janelas quebradas refletiam o pouco de luz que escapava do lado de fora. O chão estava coberto de poeira e marcas indistintas, como se algo ou alguém tivesse passado por ali antes.

O silêncio era quase absoluto, exceto por um som distante, quase imperceptível, como o farfalhar de folhas ao vento. Mas, enquanto analisava o local, uma presença chamou minha atenção.

Havia alguém ali.

Um jovem de cabelos loiros e olhos vermelhos como sangue estava parado a poucos metros de mim. Seu olhar era intenso, quase hipnotizante, mas, ao mesmo tempo, havia algo de acolhedor em sua expressão. Ele deu um passo à frente, seus movimentos eram tão silenciosos que não faziam eco no ambiente vazio.

── Que bom que acordou. ── disse ele, sua voz firme, mas suave.

Eu queria responder, mas a queimação na garganta parecia roubar qualquer palavra que eu tentasse formar. Apenas o encarei, enquanto o medo e a incerteza me consumiam. Quem era ele? E o que exatamente eu havia me tornado?

🩸𝐯𝐞𝐫𝐦𝐞𝐥𝐡𝐨 𝐬𝐚𝐧𝐠𝐮𝐞, 𝗃𝖺𝗌𝗉𝖾𝗋 𝗁𝖺𝗅𝖾Onde histórias criam vida. Descubra agora