[V̶e̶r̶m̶e̶l̶h̶o̶ S̶a̶n̶g̶u̶e̶]
ᵃᵈʲᵉᵗⁱᵛᵒ ᶜᵒᵐᵖᵒˢᵗᵒ
1. O vermelho é a cor do elemento 𝘧𝘰𝘨𝘰, do 𝙨𝙖𝙣𝙜𝙪𝙚 e do 𝙘𝙤𝙧𝙖𝙘̧𝙖̃𝙤 h̶u̶m̶a̶n̶o̶. Simboliza a chama que mantém vivo o d͟e͟s͟e͟j͟o͟, a e͟x͟c͟i͟t͟a͟ç͟ã͟o͟ s͟e͟x͟u͟a͟l͟ e representa...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
𝗦𝗘𝗡𝗧𝗜 𝗥𝗢𝗦𝗔𝗟𝗜𝗘 𝗧𝗜𝗥𝗔𝗥 minha roupa e me puxar para debaixo do chuveiro, mas minha mente estava longe, presa nas lembranças que haviam me assombrado o dia inteiro.
"Papai? Papai, acorda. Nós vamos ficar bem, vamos ficar bem."
A cena do acidente de Charlie e a do meu pai eram assustadoramente parecidas: o carro batido contra uma árvore, o cheiro metálico do sangue, a presença inevitável da morte, a dor que parecia sufocar. Era como se eu estivesse vivendo tudo de novo, como se o passado tivesse se fundido ao presente.
"Emergência, no que posso ajudar?"
"Aconteceu um acidente, nosso carro capotou e meu pai..." Lembro de como minha voz falhou, de como as lágrimas me sufocaram. "Ele não responde, e tem muito sangue. Por favor, me ajuda."
"Onde vocês estão?"
"Eu não sei, estamos de cabeça para baixo, mas estávamos passando por uma rodovia."
"Fique na linha, vou tentar rastrear a chamada."
Lembro de ter esticado a mão, tentando alcançar meu pai, que continuava desacordado. Mas minhas forças me abandonaram, e tudo começou a escurecer. Antes de apagar completamente, ouvi alguém gritar para que eu ficasse acordada, mas não consegui.
Balancei a cabeça, tentando afastar as memórias, e foquei em Rosalie, que passava a bucha pelas minhas costas com movimentos suaves.
── Meu pai morreu assim ── confessei, a voz baixa, quase um sussurro. Senti Rosalie parar por um instante, talvez surpresa, antes de continuar. ── Não consegui salvá-lo.
── Não tinha como você salvá-lo, Amélia ── disse ela, a voz suave, mas firme, enquanto voltava a ensaboar meu corpo com delicadeza.
*"Você matou seu pai."* A voz da minha mãe ecoou na minha mente, grave e cortante, como uma lâmina.
── Foi minha culpa ── murmurei, sentindo o peso das palavras se alojar no meu peito.
Rosalie parou novamente, e, dessa vez, me virou para encará-la. O olhar dela era sério, quase duro, mas havia algo de protetor em sua expressão.
── Não foi sua culpa, está me ouvindo? Não foi sua culpa o acidente ter acontecido, não foi sua culpa seu pai ter morrido. Não. Foi. Sua. Culpa. ── Ela enfatizou cada palavra, como se quisesse gravá-las em mim.
Eu desviei o olhar, virando-me para encarar a parede enquanto ela começava a lavar meu cabelo. Mantive os olhos fixos nos azulejos, sabendo que, no momento em que os fechasse, veria Charlie machucado e, logo depois, meu pai. As duas imagens se sobrepunham na minha mente, como um pesadelo que eu não conseguia escapar.
Quando terminei de tirar o shampoo, Rosalie passou o creme em meu cabelo com a mesma delicadeza de antes, sem dizer mais nada. O silêncio entre nós era pesado, mas, de alguma forma, reconfortante. Ela terminou o banho rapidamente, desligando a água e me ajudando a sair.