One Shots de Manorian

Let me hold you

Manon se sentia uma morta-viva. Ela caminhava pelos corredores do Castelo de Orynth, seu corpo trabalhando automaticamente enquanto sua mente viajava para longe. Ela não sabia o que estava fazendo ali, talvez devesse ter ficado com Abraxos em vez de deixar sua serpente alada sozinha, mas ela continuou andando, seguindo o cheiro dele no meio de tantos outros.

A bruxa parou em frente a uma porta de madeira clara, no fim do corredor, e bateu antes que pudesse mudar de ideia.     

Segundos depois, ele abriu. Dorian parecia surpreso ao vê-la ali, mas não disse nada. Eles apenas se encararam antes de Manon se forçar a perguntar:

- Se importa se eu dormir aqui?

Os olhos de safira de Dorian se suavizaram e ele deu um passo para trás, abrindo espaço para ela e balançando a cabeça.

-  Pode ficar.

Manon observou o pequeno espaço. Uma cama de aparência velha estava no canto do quarto, ao lado de uma parede com uma janela grande que tinha uma boa vista da cidade abaixo. Um móvel antigo estava colocado na parede oposta, e na frente dela havia outra porta.

- É uma sala de banho.- disse Dorian, fechando a porta.- Você pode usar, se quiser.

A única resposta de Manon foi um aceno com a cabeça.

Dorian desapareceu pela porta e ela se sentou na cama, ainda se sentindo perdida.

Dorian se encostou na parede, enchendo a banheira com sua própria magia, e aquecendo a água depois. Ele ficou surpreso ao ver Manon ali. E aliviado também. Dois dias se passaram desde o fim da guerra, da noite em que os dois se encontraram na varanda e ela o deixou abraçá-la. Ele não viu mais a rainha depois disso. Ele sabia apenas que ela estava com Abraxos. E que ela não estava dormindo.

Assim que a banheira encheu completamente, ele voltou para o quarto, onde Manon estava sentada na beirada da cama, seu lindo rosto inexpressivo. Ela parecia tão vazia, tão cansada que Dorian se viu dizendo:

- Me avise se precisar de alguma coisa.

Novamente, a bruxa apenas assentiu, e entrou no banheiro sem dizer uma única palavra.

Manon não sabia há quanto tempo estava na banheira, talvez uma hora. Ela não se lembrava da última vez em que havia tomado um banho decente.

A bruxa usou todos os produtos que Dorian conseguira e penteou o cabelo com as mãos, deixando que a água quente diminuísse a tensão no corpo.

Quando Manon saiu da banheira, a água já tinha se tornado fria. Ela não sentia nada além de uma leve irritação pelo fato de que teria que usar suas roupas imundas ao enrolar uma toalha em volta do corpo e voltar para o quarto. Mas Dorian tirou sua camisa quando a viu e estendeu para Manon.

- Eu consegui roupas limpas. Você pode usar, não precisa vestir as suas.

Manon deixou a toalha no banheiro e vestiu a camisa que Dorian tinha oferecido a ela. Era...diferente. Usar uma coisa dele. Era estranhamente confortável, no entanto, a camisa grande demais para ela, impregnada com o cheiro do rei.

Ele já estava deitado na cama quando ela voltou para o quarto, olhando para o céu estrelado de Terrasen. Manon apagou a vela e se deitou ao lado dele.

Eles não disseram nada e a bruxa fechou os olhos, tentando dormir pela primeira vez em dias, mas ela se sentia como uma estranha no próprio corpo. Aquilo era tão perturbador que Manon abriu os olhos, suspirando, pensando se algum dia ela conseguiria  se sentir normal de novo.

Dorian também estava acordado, olhando para ela. Os dois se encararam, um silêncio tenso preenchendo o espaço entre eles. Ela sabia que havia coisas sobre as quais precisavam conversar. Mas ela não conseguiria, pelo menos não naquele momento.

- Posso abraçar você?

Ele perguntou tão de repente e tão baixo que Manon piscou, surpresa. Ela não respondeu. Ela apenas se aproximou dele até que pudesse sentir a respiração do rei no próprio rosto. Dorian passou os braços ao redor do corpo dela e puxou Manon para mais perto, então ela estava parcialmente sobre ele, com o rosto enterrado em seu pescoço. Aquilo era bom, parecia certo. O rei levantou uma das mãos e entrelaçou os dedos no cabelo dela, acariciando as mechas prateadas lentamente. Aquele toque foi tão tranquilizante que a bruxa fechou os olhos, conforme a exaustão por lutar por dias, por todo aquele tempo sem dormir e por tudo que havia sofrido, desabava sobre ela.

Manon beijou levemente o pescoço de Dorian, segurando-o com mais força.

- Obrigada.

Por tudo. Por todas as coisas não ditas. Então escuridão se espalhou por ela e a Rainha das Bruxas finalmente caiu no sono.