One Shots de Manorian

Good night, witchling

Os corredores do castelo estavam escuros e silenciosos, o que era compreensível àquela hora da noite. O vento frio do inverno de Adarlan entrava por entre as frestas das janelas, deixando as paredes e o piso de pedra gelados.

Dorian passou por dezenas de portas fechadas antes de chegar a que estava procurando, um pouco maior e mais alta que qualquer outra no castelo.

Silenciosamente, ele girou a maçaneta e entrou no quarto, já com as luzes apagadas. O único som além dos grilos, cantando nos jardins era o da respiração lenta e regular da rainha das bruxas.

Manon não se moveu quando ele fechou a porta e sentou na beirada da cama, nem quando ele afastou as cobertas. Ela estava dormindo parcialmente sentada, encostada em uma pilha de travesseiros, com Asterin no colo. A princesa dormia profundamente com a bochecha amassada contra o peito da rainha, segurando uma mecha de cabelo da mãe entre os dedos.

Dorian tentou tirá-la do colo, mas no momento em que puxou Asterin, Manon fechou os braços em volta dela.

- Manon?

Lentamente, as pálpebras dela estremeceram, como se abrir os olhos fosse um esforço. Levou alguns segundos antes de ela se sentar mais ereta e entregar Asterin para ele.

Dorian se levantou para levá-la até o quarto adjacente e colocou a princesa no berço. Ele a observou se contorcer por alguns segundos devido à mudança, porém assim que encontrou algo para segurar- a ponta do travesseiro, no caso- seu corpo relaxou e ela voltou a dormir profundamente. O rei colocou uma manta sobre Asterin antes de voltar para onde Manon estava. Ela tinha desfeito a pilha de travesseiros e agora estava deitada, ainda acordada quando ele deitou ao lado dela.

- Você está bem? Ela estava chorando muito?

A rainha esperou Dorian passar os braços em volta dela e puxá-la para perto antes de responder.

- Não mais do que o normal. E sim, eu estou bem. Só um pouco exausta.

- Queria poder ajudar mais com ela.

Adarlan acabara de fechar um novo acordo comercial com Wendlyn, o que significava que os dois tinham inúmeras reuniões e infinitos documentos para ler e assinar. O que era extremamente complicado quando se tinha uma filha com semanas de vida.

- Nós deveríamos descansar e deixar o Abraxos governando por algumas semanas.

A ideia de Abraxos com uma coroa rosnando para os lordes de Adarlan arrancou um sorriso de Dorian, apesar do cansaço.

- Aposto que ele seria um ótimo rei.

- Falando sério. - Manon afastou a cabeça do peito dele e a encostou no travesseiro. - Parece que eu mal vejo você.

Ela tinha razão. Dorian não sabia qual fora a última vez em que passara algum tempo cuidando de Asterin, não sabia a última vez em que ele tinha apenas abraçado Manon e conversado com ela. Muito menos qual fora a última vez em que os dois fizeram qualquer coisa naquela cama que não fosse dormir.

- Eu sei, mas isso vai melhorar. Assim que essa confusão com Wendlyn acabar as coisas ficarão mais calmas.

- Certo - a bruxa murmurou, embora ele tivesse percebido a pontada de irritação que ela estava tentando manter afastada da voz - vejo você daqui a dez anos .

Dorian riu.

- Depois eu quem sou dramático.

- Não estou sendo dramática. Estou pensando no quanto isso dará trabalho e que a minha filha tem pulmões fortes e cordas vocais indestrutíveis.

Dorian se viu obrigado a concordar. Asterin normalmente era uma criança calma, mas quando resolvia chorar ela fazia com dedicação, gritando alto o suficiente para Nesryn provavelmente escutar do continente sul.

- Ela é brava. Como você.

- Escandalosa. Como você.

Ela encostou novamente o rosto no peito dele novamente. Dorian podia deixar a conversa terminar ali. Ele poderia deixá-la dormir e fazer o mesmo. Ele poderia simplesmente não irritá-la. Mas...

- Eu não sou escandaloso. - Ele enrolou preguiçosamente alguns fios de cabelo prateado em volta do dedo- Normalmente é você quem grita.

O corpo da bruxa enrijeceu e ela ergueu o rosto lentamente, com os olhos entrecerrados como se estivesse prestes a arrancar a cabeça dele.

- Eu não grito. - Dorian levantou as sobrancelhas ironicamente, mas não se atreveu a discordar dela. - E não pense que eu não posso acabar com você só porque estou cansada.

Em vez de se preocupar com a expressão furiosa da bruxa, o rei se distraiu com o modo como seu cabelo branco deslizou e expôs seu pescoço quando ela se levantou.

- Eu sei. - Ele a deitou de costas no colchão - Mas você não vai fazer isso.

Ela inclinou levemente a cabeça para trás quando Dorian lhe deu um beijo, bem sob a orelha. Manon enroscou os dedos nas mechas macias de cabelo preto enquanto o rei deixava uma trilha de beijos por sua pele, até chegar no espaço entre o ombro e o pescoço e passar a língua lentamente por ali.

- Não agora - ela concordou, com a voz rouca - Mas não se surpreenda se você levar um soco no meio da noite.

Ele sorriu enquanto fazia o caminho de volta, passando os beijos pela mandíbula até chegar a boca dela. Dorian pressionou os lábios rapidamente contra os da rainha antes de se afastar, mas Manon inclinou a cabeça e dessa vez ela o beijou de verdade. Dorian moveu as mãos para a cintura dela, para os quadris, sentindo seu coração, batendo aceleradamente contra o próprio peito, fazendo os dois se esquecerem do quanto estavam cansados, apenas por um segundo. Ele desceu as pontas dos dedos até chegar na barra da camisola de seda que ela usava, na metade das coxas.

O rei arrastou os dedos pela pele dela, subindo o tecido alguns centímetros, quase alcançando os quadris. Mas ele podia sentir as mãos que ela passava em suas costas se movendo cada vez mais lentamente, seus próprios olhos ardendo por baixo das pálpebras.

Então ele se afastou, e dessa vez Manon o deixou deitar de novo e passar um braço em volta da cintura dela.

Dorian lhe deu um beijo na testa.

- Boa noite, bruxinha.

O rei estava quase dormindo quando Manon o empurrou, com tanta força que quase o derrubou da cama.