Tell me a story

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A Rainha das Bruxas estava encostada na mesa, observando com o cenho franzido os papéis espalhados em que Dorian mexia.

O rei colocava as cartas em pilhas organizadas, um contraste notável com a bagunça em que seus livros geralmente ficavam.

A mudança do tédio para animação foi visível no rosto de Dorian quando ele pegou um maço gigante, cheio de cartas marcadas com um selo verde. Manon colocou dois dedos no barbante que as amarrava antes que ele pudesse abrir, fazendo com que o rei finalmente olhasse para ela.

- Está tarde.

- Eu sei. - Ele empurrou lentamente os dedos dela para o lado. - Mas Aelin mandou essas cartas e eu só tive tempo de abri-las agora. Você sabe o quanto demora para chegarem.

Sim, ela sabia. Mas a tagarelice da rainha de Terrasen poderia ser lida outra hora. Mais rápida que qualquer humano, Manon tomou o maço de cartas da mão dele, sorrindo quando ele foi obrigado a levantar para pegá-las de volta.

- E ela precisa mandar tantas cartas?

Realmente eram muitas, poderiam ser facilmente uma lista com todas as vezes em que Aelin tinha sofrido.

- Desculpe. - Ele pegou os papéis de volta. - Você tem um método melhor para compartilhar fofocas?

- Ela não é casada com um passarinho? Pode muito bem usá-lo como pombo-correio.

Dorian gargalhou, desistindo, e colocou as cartas em cima da mesa.

- Eu pagaria caro para ver a cara que Rowan faria se ouvisse isso.

Em vez de responder, ela inclinou o rosto e pressionou os lábios nos dele, como tinha esperado a droga do dia inteiro para fazer. E Dorian, em vez de aprofundar o beijo, se afastou e sorriu.

- Você não disse que estava tarde?

Tentando não revirar os olhos com a provocação, ela afastou as coxas para que ele pudesse chegar mais perto.

- Para ler cartas.

Antes que Dorian pudesse retrucar, ela o beijou de novo. Ele desistiu de irrita-la, entrelaçando os dedos em seu cabelo e envolvendo a sua cintura com a outra mão. Manon mordeu o lábio inferior dele, e as mãos fantasmas surgiram na pele dela como resposta, fazendo o coração da bruxa acelerar.

Dorian estava descendo as alças da camisola pelo ombro dela quando alguém bateu na porta.

A decepção se alojou como uma pedra no estômago da rainha, mas os dois estavam rindo quando se separaram.

Manon desceu da mesa, arrumando as roupas, e Dorian demorou alguns segundos para atravessar o quarto enorme dos dois e abrir a porta.

Cabelos brancos, amarrados em duas trancinhas bagunçadas surgiram na porta.

- Oi, Asterin.

Asterin entrou no quarto, com sua serpente alada de pelúcia em uma mão e um de seus livros de histórias na outra. Ela estendeu o livro para ele, piscando os olhinhos cor de safira. Manon não conseguia dizer não para aqueles olhos, nem os do marido, nem os da filha. Mas Dorian sabia lidar melhor com aqueles charmes, já que eram os mesmos que ele fazia. Ele fez que não com a cabeça.

- Já passou da hora de dormir.

- Só uma, papai - disse ela, fazendo um beicinho.

Manon negou com a cabeça também, tentando ignorar a vontade de apertar aquelas bochechas.

- Está muito tarde, amor.

A princesa semicerrou os olhos e cruzou os braços, ou pelo menos tentou, segurando um livro e um brinquedo. Manon não conseguiu conter o sorriso com o calor que se espalhou em seu peito. Asterin ficava igualzinha a ela quando estava brava.

One Shots de ManorianOnde histórias criam vida. Descubra agora